26 setembro 2005

EUROPA OCIDENTAL – Semana de 19 a 25 de Setembro

Segunda-feira, vou até ao leste da Holanda, passando por Nijmegen, cidade onde eu e a Ana estivemos há bastantes anos atrás, para visitar amigos que na altura lá residiam.
A razão desta minha deslocação é visitar uma dessas amigas, Brigitte, que há poucos anos perdeu o seu companheiro, Jan, por doença semelhante à que vitimou a Ana. A Brigitte decidiu mudar-se para a Alemanha, a algumas dezenas de quilómetros da cidade de Nijmegen. Ela, que é de origem alemã, está satisfeita com a mudança, pela casa que agora tem, melhor que a anterior, e pelo local aprazível em que vive, de características campestres.
Entretanto, a Brigitte encontrou um novo parceiro, Hugo Eisso, amigo de longa data.
Este foi um encontro simultaneamente feliz e triste, pela “presença” da Ana.
Jantámos num restaurante de uma povoação vizinha, e regressei a Roterdão.

Terça-feira, empreendi a viagem entre Roterdão e Bruxelas, cerca de duas horas de carro.
Em Bruxelas, dirigi-me ao escritório do meu amigo Bert Broes, companheiro profissional do tempo do Image Bank, e um dos poucos resistentes à mudança imposta pelos actuais proprietários daquela empresa.
O Bert reside a norte de Bruxelas, em Hove, nos arredores de Antuérpia. Chegados a casa dele sou recebido calorosamente pela Lieve, companheira do Bert, e pelas três filhas, Annelies, Katrien e Astrid.
Hoje é o dia de aniversário da Astrid (15 anos) e vamos jantar a um restaurante nas imediações da casa. O Restaurante Den Conijnsberg nasceu da reconstrução de um moinho antigo, sendo um espaço bastante interessante, ao que corresponde a cozinha ao mesmo nível.
Para além da família Broes e de mim, estão também presentes os namorados das duas filhas mais velhas.

Quarta-feira, tenho a companhia do Bert, da Annelies e da Katrien, e vamos a Antuérpia, onde passamos o dia a visitar a cidade.
Antuérpia é a maior cidade da região da Flandres, onde a língua oficial é a holandesa. Situada próximo da foz do rio Schelde, tem um dos maiores e mais movimentados portos marítimos da Europa.
A parte antiga da cidade, próxima do rio, desenvolve-se à volta da Praça da Grote Markt (Câmara Municipal), bordejada por belos edifícios históricos. Próxima, encontra-se a majestosa catedral e as áreas envolventes preenchidas por inúmeros restaurantes e cafés, sempre com esplanadas exteriores, onde residentes e visitantes se deliciam com as magnificas condições atmosféricas que temos por esta altura do ano, e por uma grande oferta de produtos, com destaque para a cerveja. Aparentemente, a Bélgica tem a maior variedade de cerveja no mundo, na ordem das centenas de marcas.
Estando em Antuérpia, temos que visitar a casa onde o pintor flamengo Rubens viveu uma boa parte da sua vida, no século XVII. A casa é espaçosa, e tem um jardim privado, com uma árvore interessantíssima, que me encantou.
Várias obras do mestre estão expostas, bem como outras de discípulos e contemporâneos de Rubens.
Regressados a casa, passamos o serão em casa, em família.

Quinta-feira, tenho um encontro marcado com o João, amigo de Portugal, estudante de Comunicação/Jornalismo, recém chegado à Bélgica, para aqui viver durante um ano lectivo, em Lovaina, cidade próxima de Bruxelas, conhecida sobretudo pela sua Universidade, a mais antiga da Bélgica.
A Annalies, também ela estudante universitária, acompanha-me, e juntos vamos até Lovaina, onde encontramos o João, a quem entrego a bagagem dele, transportada desde Portugal.
O João alugou um pequeno apartamento, juntamente com um colega e amigo de Portugal, no centro de Lovaina. Com entusiasmo, fala-nos dos seus projectos para este ano especial. Há jovens que me fazem ter esperança num futuro melhor para a espécie humana, e o João é um deles.
O ano lectivo vai começar oficialmente na próxima semana, o que faz com que a cidade ainda não esteja com o ambiente normal, pela ausência da maioria dos estudantes, belgas. No entanto, já se sente a presença de muitos outros estudantes, de variadíssimos países. Segundo o João, este ano, estarão em Lovaina cerca de 600 estudantes estrangeiros, ao abrigo do programa da Europa Comunitária, Erasmus.
Ao fim da tarde regressamos a casa e saio com a Lieve e o Bert, para jantar, numa povoação vizinha, Lier, conhecida sobretudo pela obra de um relojoeiro de nome Louis Zimmer, que legou à cidade onde viveu um património invulgar.
O jantar de bom nível, com vinho português do Douro, ocorreu no Restaurante De Werf.

Sexta-feira, vou a Bruxelas. Depois de passar pelo escritório do Bert, apanho um autocarro para o centro da cidade, desconhecida para mim, onde passeio a pé.
Começo pela Grand-Place, praça faustosa, a lembrar os tempos áureos da Bélgica, país hoje dividido, qual auto-flagelo, por duas culturas (a francesa e a flamenga) que teimam em não cooperar.
A Grand-Place está a abarrotar de gente, dos quatro cantos do mundo. Não me apetece participar nesta orgia do turismo e por isso afasto-me, percorrendo áreas menos movimentadas.
Apercebo-me da presença de muitas casas dedicadas ao chocolate, outra tradição belga. Não resisto a entrar numa, com estilo contemporâneo, e com produtos feitos à base de chocolate, que me deixam os olhos em bico e com água na boca. A Pierre Marcolini – Chocolatier deve ser famosa, pois está cheia de visitantes, sobretudo estrangeiros, particularmente japoneses e norte-americanos. Depois de me deliciar com um gelado de chocolate, saio e regresso ao mundo real.
Ao fim da tarde, apanho um autocarro para me dirigir para casa da Beatriz, filha da minha querida amiga e vizinha Ingrid, e do seu companheiro Mathias, alemão, e dos três filhos, Cristina, Joana e Armando. Gosto da casa deles, fruto da recuperação de um edifício antigo. Após o jantar, regresso à minha casa belga, próxima de Antuérpia.

Sábado, a Lieve e o Bert saem de manhã para passarem o fim-de-semana fora.
Eu decido seguir viagem para sul, em direcção a Paris. Antes de deixar a Bélgica, vou visitar a cidade de Gent, a conselho da Lieve e do Bert.
Gent tem um centro histórico de interesse arquitectónico, e uma vida dedicada ao lazer, com bastante animação. Passeio a pé sem rumo, até ser atraído por música de jazz tocada ao vivo por um grupo de cinco músicos e uma cantora. O local era apropriado para uma paragem de almoço, e aproveitei para entrar num dos vários restaurantes próximos do palco musical,
o Chez Leontine, casa antiga e pitoresca. Não resisti a provar uma das especialidades regionais, waterzooi, sopa rica de peixe e marisco, com legumes, que existe também na versão de carne, com galinha.
Este foi um dos momentos da viagem que merecia ter sido partilhado convosco. Não sendo possível, brindei a todos os meus amigos, com uma boa cerveja belga.
Saí de Gent para Paris, onde cheguei ao fim da tarde, a casa do António, que continua sem a Elisa, a qual ainda está em Portugal.

No domingo, saímos de manhã para fazer compras para o almoço, e passear um pouco.
Regressados a casa, banqueteamo-nos com ostras da costa ocidental de França, queijos da terra e uma tarte de morangos. Tudo acompanhado por um vinho branco da região de Loire.
Como o tempo contínua aprazível, dormimos uma sesta nas cadeiras do jardim.
Mais tarde, vamos a Paris, com o propósito de visitarmos um parque público recente, designado André Citroën, localizado à beira do rio Sena, na área sudoeste da cidade. Estamos perante mais uma boa intervenção de requalificação urbana, que fazem desta cidade um exemplo positivo. Uma das curiosidades deste parque é a de ter um balão de ar quente, que sobe a 150 metros de altura, de onde se desfruta um panorama magnifico sobre a cidade.
Decidimos ir jantar a St. Germain-Des-Prés, área sempre fervilhante de vida.
As possibilidades gastronómicas são muitas, e escolhemos uma casa de crepes.

Com três semanas de viagem, sinto-me bem fora de Portugal, e nem sequer posso dizer que tenha saudades de minha casa.
No entanto, por razões pessoais e profissionais, deverei regressar a Portugal até ao final da primeira semana de Outubro.

3 comentários:

Anónimo disse...

Fernando, tenho continuado a acompanhar-te... obg pelo telefonema de Paris. Cidade que eu adoro! Tenho pena de não poder ir ter contigo e lanchar um belo "éclair" de chocolate.Hoje Francisca faz 6 anos e aqui o tempo está louco! Esteve um dia perfeito de praia com 30 graus!
Em relação ao teu comentário das zero saudades que tens de casa... como eu te compreendo porque viajar é algo maravilhoso. É preferível te sentires um "cidadão do Mundo" do que um cidadão de Portugal!?
Beijos e Abraços
marijolopes

Anónimo disse...

Fernando,

Cá estou eu a acompanhar-te através do teu roteiro de viagem e fotos. Não é dificil e é muito agradável, especialmente em Paris, cidade que conheço mal e onde quero voltar.
Muitas pessoas continuam a perguntar-me por ti.
obrigada pelo e-mail.
Um abraço do Eduardo e um beijo meu.

Ana

Anónimo disse...

Como tantos outros amigos lá vou viajando contigo através das tuas imagens, relatos e minuciosas descrições.
Estou a gostar imenso! Gostei de saber que a Brigitte está bem.

Agoara já estamos no Outono e aproximam-se os tempos dos jantares calóricos, junto a lareira, com os amigos. Contamos contigo antes da tua partida para o outro lado do mundo.

beijinhos
susana