19 maio 2008

AÇORES

Abril/Maio 2008

ILHA DE SÃO MIGUEL

No aeroporto, ao receber a chave do automóvel alugado previamente, o empregado da empresa deseja-me Boas Festas.
Parece-me estranho, pois não estamos próximo do Natal, mas sim em Abril. No entanto, os próximos dias na ilha de S. Miguel serão marcados pelas Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres, a maior manifestação religiosa anual, nesta ilha. Esta festa teve origem numa lenda que refere o aparecimento da estátua de Cristo no Convento da Caloura, na primeira metade do século XVI, proveniente dos destroços duma embarcação atacada por corsários ao largo da ilha. Uma outra versão atribui a origem da estátua a uma oferta do Papa.
Ainda no século XVI, a imagem e as freiras do Convento da Caloura mudaram-se para o Convento de Nossa Senhora da Esperança, em Ponta Delgada. Em 1700, na sequência de um tremor de terra que abalou a ilha de São Miguel, a igreja decidiu efectuar uma procissão pelas ruas da cidade, com a figura de Cristo. No decurso desta, a imagem caiu do andor, sem que tivesse sofrido danos, e os abalos sísmicos cessaram, o que foi interpretado como um sinal divino. Até hoje, esta procissão realiza-se anualmente, no quinto domingo depois da Páscoa, começando e terminando no Campo de S. Francisco.

A procissão, que percorre algumas ruas do centro de Ponta Delgada, demora cerca de cinco horas a completar o seu percurso, sendo composta por milhares de pessoas. À cabeça, surgem apenas homens e alguns rapazes, membros de irmandades religiosas, que desfilam com uma espécie de bata encarnada, sem mangas, seguindo-se dois grupos de crianças, separados, primeiro o masculino, seguindo-se o feminino. Só então desfila o andor, suportado por homens, e acompanhado por membros do clérigo, após o que surge uma massa humana compacta, constituída por pessoas anónimas, onde se encontram, finalmente, as mulheres.
Sem querer meter foice em seara alheia, esta disposição dos participantes parece-me sexualmente discriminatória. De resto, sabendo de antemão da forte ligação da sociedade açoriana à religião católica, esperava assistir a manifestações de fé mais exaltantes e dramáticas do que aquelas que presenciei no decurso desta procissão.
Integradas neste desfile da sociedade micaelense, surgem dezenas de bandas filarmónicas, representantes das freguesias da ilha, que interpretam apenas uma música, o hino desta procissão. As bandas filarmónicas são instituições culturais importantes no arquipélago dos Açores, havendo muitas com mais de 100 anos de vida, conforme expresso nos estandartes que as acompanham.
Esta procissão tem uma característica singular, que é a do percurso estar engalanado por um tapete contínuo, construído nas ruas pelos habitantes das mesmas, apenas na manhã do dia da procissão. O tapete é feito com flores e outros elementos vegetais, que se conjugam de muitas formas, de acordo com os gostos e arte dos executantes.
Como este trabalho é feito sobre o pavimento das ruas nas quais a procissão desfila, ao fim de algum tempo o tapete laboriosamente construído desfaz-se, dando lugar a uma massa abstracta que ameniza a dureza do piso empedrado.

Esta é a minha quarta visita ao arquipélago dos Açores, do qual conheço cinco das nove ilhas. Desta vez, na companhia do Joel, Fotógrafo (as melhores fotografias desta viagem podem ser vistas em http://www.joelsantos.net/), defini como objectivo principal ajudá-lo na busca de situações propícias a serem fotografadas, aproveitando para revisitar terras encantadas pela natureza.
Não havendo tempo para visitarmos todas as ilhas do arquipélago, escolhemos as de São Miguel, Flores e Terceira, por esta ordem. De resto, parto para esta viagem com a esperança de que me possa sentir atraído pelas belezas dos Açores, a ponto de poder considerar lá viver.

Em São Miguel, somos hóspedes da Isabel, natural desta ilha, amiga do Joel. Curiosamente, conheceram-se em Timor, quando ambos lá viveram, trabalhando na universidade local.
A Isabel recebe-nos em sua casa, na costa norte da ilha. Daqui partimos diariamente para os nossos percursos que nos levam aos quatro cantos da ilha, sempre na busca das melhores oportunidades fotográficas.
Para quem não sabe como é a vida dum fotógrafo profissional em viagem, digamos que é uma corrida permanente para observar as situações mais atraentes, se possível nas melhores condições de luz. Normalmente, pela época do ano em que estamos, o nosso dia de trabalho termina por volta das 21 horas, ao cair da noite.
Entretanto, no decurso da nossa estada em São Miguel, a Isabel ausentou-se da ilha, tendo-nos entregue a sua casa. Recebidas todas as instruções relativas aos procedimentos a ter, incluindo a alimentação dos três cães que vivem com a Isabel, ao regressarmos a casa no final do dia da procissão, já bastante tarde, somos surpreendidos pela impossibilidade de abrir a fechadura da porta que nos daria acesso à casa, apesar de termos uma chave da mesma.
Depois de ponderarmos as opções, decidimos tentar arrombar a fechadura, tarefa nova para ambos. Para tal, servimo-nos de duas ferramentas de trabalhos de jardinagem da Isabel, uma enxada e uma tesoura de podar plantas. Provavelmente não utilizámos métodos profissionais mas, o Joel empenhou-se a fundo para conseguir violar a fechadura que nos impedia de entrar em casa. Assim que a fechadura cedeu, aberta a porta, nova surpresa nos atinge. O alarme da casa dispara, e só pensamos nos vizinhos que já devem estar a dormir, e na possibilidade de nos tomarem por assaltantes, visto que a proprietária da casa está ausente, e não se encontra contactável por telefone. Rapidamente decidimos telefonar para a polícia, para a informar da situação, e esperar pela visita dum representante da empresa de segurança que iria verificar a ocorrência. Felizmente, um e outro acreditam na nossa informação e assim, já de madrugada, podemos finalmente dormir.

Este meu regresso aos Açores, oito anos depois da minha anterior visita, permitiu-me constatar que neste canto do mundo a maioria das pessoa ainda vive num ritmo pausado, sem pressa, e que hoje se vêm mais estrangeiros nestas ilhas, tanto visitantes como residentes.

Em Mosteiros, povoação situada no extremo ocidental da ilha, e por isso escolhida pelo Joel para fotografar ao final do dia, jantámos na Pizzeria Fantasia, propriedade de uma família italiana, aqui residente há doze anos. A verdade é que, só demos com este restaurante depois de duas tentativas fracassadas de encontrarmos um restaurante local que nos servisse jantar, cerca das 21 horas. Para os indígenas, tal hora era tardia para trabalharem. Na Pizzeria Fantasia fomos recebidos com simpatia e profissionalismo. Em conversa com os proprietários, compreendemos as razões pelas quais esta casa impõe algumas regras aos seus clientes (bem expressas no cartão do restaurante). Esta família italiana pretende apenas oferecer um serviço correcto, e não ser prejudicada pela atitude displicente de muitos dos clientes locais.

De resto, no que respeita à gastronomia local, quero ainda referir a experiencia de degustarmos o cozido nas caldeiras à moda das Furnas, nesta parte da ilha. Sendo todo o arquipélago dos Açores uma região vulcânica, é na área das Furnas, na ilha de São Miguel, que se sente com mais facilidade o poder das forças telúricas, encontrando-se as chamadas manifestações secundárias de vulcanismo, particularmente as fumarolas.
Aproveitando a energia térmica proveniente das entranhas da terra, alguns restaurantes locais servem o cozido à portuguesa na versão ecológica, sendo os alimentos cozinhados em buracos escavados no solo. O nosso cozido foi preparado e servido pelo restaurante Tony’s. Apreciámos a qualidade das matérias-primas confeccionadas e, no meu caso, em particular as couves e a morcela (um enchido de sangue).
Ainda na povoação das Furnas, registo a prova de um outro produto tradicional, o bolo lêvedo, um pão adocicado, de massa macia, bastante saboroso.

Para rematar, quando voltar à ilha de São Miguel, como visitante ou residente, escolherei a região da Caloura, na costa sul da ilha, a oriente de Ponta Delgada, para ficar, pelas superiores qualidades paisagísticas e arquitectónica.


























ILHA DAS FLORES

O prazer da escrita pode ser exercido em muitos locais, e este onde agora me encontro é um dos mais agradáveis de que tenho memória.

Estou sentado frente a uma grande mesa de madeira, com bancos corridos, num final de tarde de Primavera, ameno, na Aldeia da Cuada (http://www.aldeiadacuada.com/), no lado ocidental da ilha das Flores.
O ambiente que me rodeia é bucólico, com várias casas e muros de pedra da aldeia, muitas árvores e plantas diversas, algumas vacas a pastarem tranquilamente à minha frente, para além de aves que esvoaçam aqui e ali, enquanto me encantam com os seus cantos.
Nas minhas costas, a alguma distância, está um majestoso anfiteatro natural de encostas verdejantes dos montes vulcânicos da ilha, ao longo das quais se despenham muitas quedas de água vindas das terras altas, sempre húmidas, devido à elevada pluviosidade que aqui se regista.
À minha frente, a escassas centenas de metros, vejo o mar, o Oceano Atlântico, que se estende até à linha do horizonte, ininterrupto, ou melhor, este oceano vai muito para além do que a minha vista alcança, até às costas da América do Norte, já que me encontro no ponto geográfico mais ocidental de toda a Europa.

A Aldeia da Cuada, hoje uma unidade de turismo rural, tem uma história curiosa: foi em tempos uma povoação local, freguesia, como nos Açores se identificam as localidades, e já na segunda metade do século vinte foi abandonada pelos seus habitantes, devido ao êxodo que caracterizou a evolução demográfica dos Açores nesse período.
No final da década passada, um casal local, caso raro mas feliz, tomou a iniciativa de recuperar as casas originais da aldeia, construídas em pedra vulcânica da ilha, abundante, e de as colocar no mercado turístico, para deleite de quem aprecia ambientes tradicionais, tranquilos.
No ano de 2000, tive a oportunidade de conhecer este local maravilhoso, então na companhia da Ana, tendo ficado gravado nas nossas memórias.
Agora, no meu regresso, reencontro o casal proprietário, Teotónia e Carlos, que me contam da sua satisfação pela obra realizada, embora também me confessem as dificuldades que têm para recrutar colaboradores competentes na ilha, a ponto de estarem receptivos à possibilidade de darem trabalho a estrangeiros que queiram habitar neste paraíso.

Esta curta estada de dois dias na ilha das Flores foi decidida quando o Joel manifestou o seu interesse em conhecer esta ilha, depois de já ter visitado a sua homónima da Indonésia. Sem que o Joel pretendesse fazer comparações entre estas duas ilhas, a verdade é que ficou maravilhado com a beleza natural das Flores, dos Açores.

Nos passeios que fizemos na ilha, incluímos uma visita ao extremo norte, onde se situa a povoação de Ponta Delgada, do qual se tem uma vista panorâmica para a pequena ilha do Corvo, a mais remota do arquipélago. Perto da povoação, situa-se um farol, isolado e sólido, que sinaliza a costa norte da ilha das Flores. Neste reduto vive o faroleiro e a sua família, na companhia de alguns animais domésticos, entre os quais observámos uma cabra e dois porcos, que pareciam dar-se bem com os ares marítimos. Os porcos estão destinados ao sacrifício da matança, no próximo mês de Junho, na ocasião do aniversário de um filho do faroleiro.

Para mim, sendo a terceira visita a esta ilha, não me surpreendi com nada, tendo apenas observado que o progresso por estas paragens é lento.
Constatei que já existe um número apreciável de residentes estrangeiros, entre os quais uma família chinesa, proprietária dum estabelecimento comercial.

Um dos aspectos menos positivos da ilha das Flores, para os visitantes, é o reduzido número de restaurantes que existem na ilha, e o fraco nível dos mesmos. A única excepção comprovada é a do Restaurante Forno Transmontano, situado na povoação da Fazenda das Lajes, no lado oriental da ilha, que é propriedade de um casal originário de Trás-os-Montes, entendido na arte culinária, e que sabe receber.


























ILHA TERCEIRA

Viajando da ilha das Flores para a Terceira, aterramos no aeroporto das Lajes, provavelmente o mais espaçoso do arquipélago. Este aeroporto é utilizado tanto pelas autoridades civis como pelas militares, e, no caso destas, encontram-se as forças armadas norte-americanas.
De facto, há muito que os E.U.A. possuem uma base militar na ilha Terceira, preciosa para as operações transatlânticas. Hoje, vivem e trabalham na base dos E.U.A. cerca de 800 norte-americanos, número bastante inferior ao de outros tempos.
Os membros desta comunidade estrangeira residem em instalações próprias, próximo do aeroporto, e são visitantes frequentes da segunda maior cidade da ilha, Praia da Vitória, onde se situa o principal porto de mercadorias local. Numa breve visita a Praia da Vitória, constatámos que o comércio local está vocacionado para servir os residentes norte-americanos, havendo alguns estabelecimentos comerciais decorados ao estilo americano, e com oferta de produtos populares para aqueles clientes.

Já na cidade de Angra do Heroísmo, tal não se verifica, e a presença dos norte-americanos é muito menos visível.
A nossa residência na Terceira situa-se nos arredores da cidade Angra do Heroísmo, e dá pelo nome de Quinta do Martelo (http://www.quintadomartelo.com/). O que nos atraiu para este local foi o facto de se apresentar como um bastião das tradições regionais, tanto no plano arquitectónico e da decoração dos interiores, como na oferta gastronómica. De facto, desde a nossa chegada ao local, que nos sentimos retroceder no tempo, pelo ambiente local.
Fomos saudados pelo Francisco, jovem brasileiro, que se revelou não apenas um empregado esmerado, mas também um ser de interesses múltiplos. Com ele, visitámos alguns dos espaços existentes na Quinta do Martelo, que recriam antigas oficinas de artesãos, onde se encontra uma grande quantidade e variedade de instrumentos de trabalho já em desuso, e de objectos outrora utilizados para as tarefas domésticas e rurais.

A estada do Joel na ilha Terceira foi mais curta que a minha, pelo que, no período em que estivemos juntos, dedicámos particular atenção às melhores oportunidades para fotografar. Assim, durante dois dias, percorremos as estradas da ilha, tendo constatado que, das três ilhas visitadas, esta é a que possui um património arquitectónico de melhor qualidade, e não apenas pelo que existe em Angra do Heroísmo.

Durante o périplo pela Terceira, também nos apercebemos da proximidade e importância das Festas do Divino Espírito Santo, que têm início neste mês de Maio, prolongando-se por cerca de dois meses, trazendo muita animação a todas as freguesias da Terceira, numa simbiose entre as manifestações religiosas e pagãs. Se por um lado o centro destes festejos são os Impérios, pequenas construções de estilo arquitectónico singular, que albergam as figuras associadas à vertente religiosa das Festas do Divino Espírito Santo, e que se encontram por toda a ilha, por outro lado as touradas à corda (assim chamadas porque o touro é conduzido pelas ruas, mas preso por uma corda) são muito populares. Durante a nossa estada, observámos alguns preparativos para as festas que se avizinham, como os cuidados de pintura e limpeza dos Impérios, sempre a cargo de mulheres, e a decoração das ruas mais próximas dos templos religiosos com bandeiras alusivas às festas.
A verdade é que os terceirenses são reconhecidos como foliões, e durante a minha estada na ilha Terceira, na primeira semana de Maio, pude comprová-lo. Todos os dias se fizeram ouvir foguetes, anunciando festejos nas freguesias próximas de Angra do Heroísmo.

O prolongamento da minha estada na Terceira visava conhecer melhor a cidade de Angra do Heroísmo, pelo que me mudei para um hotel localizado no centro da cidade, o Beira Mar. Com excelente localização, frente a uma pequena praia de areia escura, e ao lado da marina para embarcações de recreio, serviu-me na perfeição para explorar a cidade a pé.
A cidade de Angra do Heroísmo, tem uma localização privilegiada, tendo crescido a partir de uma pequena baía aberta a sudeste, protegida por uma elevação de origem vulcânica, o Monte Brasil.
O primeiro aspecto que impressiona nesta cidade, cuja área central está classificada pela UNESCO como Património Cultural da Humanidade, é a harmonia arquitectónica, definida por edifícios de baixa volumetria, com excepção de algumas igrejas e outras construções de uso público. De resto, a história da cidade remonta ao século XV, após a chegada dos primeiros colonos à ilha, tendo tido um desenvolvimento assinalável a partir do período de colonização do Brasil, e também do domínio castelhano de Portugal (final do século XVI e inicio do século XVII). Durante o período de expansão territorial dos dois reinos ibéricos, e particularmente da ocupação da América Latina, a cidade de Angra do Heroísmo foi um porto importante na rota dos navios que viajavam entre as Américas e a Península Ibérica. Tal foi a importância estratégica deste porto marítimo que os castelhanos, durante o período de ocupação de Portugal, ordenaram a construção de uma grande fortificação que circunda o sopé do Monte Brasil, provavelmente a maior das fortalezas construídas por Espanha no mundo, que dá pelo nome de Castelo de São Filipe – São João Baptista do Monte Brasil, com o objectivo de garantir protecção às embarcações provenientes do Novo Mundo, com cargas valiosas, que eram perseguidas por corsários.
Hoje, já ultrapassadas as querelas territoriais entre Portugal e Espanha, e não existindo mais corsários nesta região do mundo, a área desta impressionante fortaleza continua à guarda das Forças Armadas que, com o habitual zelo militar, não facilitam o acesso a determinados pontos.
Se o turismo é hoje vital para o desenvolvimento económico de Portugal (ou será para a sobrevivência?), não seria conveniente repensar a utilização do património nacional, de modo a colocá-lo ao alcance dos interessados? De resto, nesta mesma cidade existem alguns bons exemplos, como é o caso do recente projecto de requalificação urbana da área da baía fronteira ao centro da cidade, que aproximou a urbe do mar, através de acessos pedonais que são utilizados pelos residentes e visitantes, para fruírem desta área.
Nesta parte da cidade, na marina, várias embarcações rápidas aguardam passageiros que nelas viajam para verem alguma da fauna marinha da região, nomeadamente golfinhos e baleias. Ao que me dizem, a taxa de sucesso na observação dos animais é inferior a 50%, o que me faz lembrar que, na Nova Zelândia, na região de Kaikoura, onde estive há pouco mais de um ano, as viagens de barco (e não vou referir as diferenças dos barcos utilizados nos dois locais …) tinham uma taxa de sucesso superior a 90%, com a garantia de devolução do valor da viagem, no caso de não se avistar nenhuma baleia.

A vida na cidade de Angra do Heroísmo é pacata, o que me agrada. Aliás, para além do ritmo de vida, também me agrada a cidade enquanto estrutura urbana, pela sua localização no terreno (debruçada sobre o mar) pela sua escala humana (que permite às pessoas percorrê-la a pé), e pelas suas características arquitectónicas (com belos edifícios policromos, representativos de outros tempos). Neste último aspecto, as características arquitectónicas de Angra do Heroísmo assemelham-se bastante às das cidades históricas do Brasil, por serem contemporâneas e terem uma história comum, particularmente a de São Luís do Maranhão, neste caso, também pela localização de ambas as cidades no terreno, e pela sua topografia.

De resto, as minhas deambulações por Angra do Heroísmo levaram-me aos locais que habitualmente procuro visitar quando permaneço numa cidade durante algum tempo, como o mercado municipal (pequeno e pouco interessante, excepto a área do peixe, farta), e o museu municipal (instalado no antigo e imponente Convento de S. Francisco, e parcialmente encerrado).
Para além destes, visitei as instalações duma associação chamada Os Montanheiros (http://www.montanheiros.com/), dedicada a projectos ambientais, particularmente na área da espeleologia. Esta associação, que tem a seu cargo a gestão de algumas grutas localizadas no arquipélago dos Açores (que ainda não tive a oportunidade de visitar), possui um pequeno e interessante museu, situado nas suas instalações, em Angra do Heroísmo, com bastante informação sobre o património natural dos Açores, com destaque para a geologia.
Quanto à gastronomia local, merece destaque a Pastelaria O Forno, que apresenta uma grande variedade de doces regionais, qual deles o melhor, com nomes sugestivos como D. Amélia (em honra da rainha de Portugal), caretas, cornucópias, feiticeiros e torresmos do céu.
P.S. – No índice situado à direita, com o título Links, existe uma ligação que permite ver as melhores fotografias desta viagem.