30 janeiro 2009


Marvão, Alto Alentejo: a minha terra adoptiva em Portugal.
2008 – UM ANO PARA ESQUECER, OU TALVEZ NÃO
À partida, o ano de 2008 parecia-me promissor, por poder estabilizar a minha vida, e continuar a viajar, pelo prazer de conhecer o Mundo.

Logo no inicio do ano, aluguei um apartamento em S. João do Estoril, localidade que conheço bem, pois tem sido aqui que tenho vivido quase toda a minha vida, desde que deixei o lar materno, há quase 30 anos.
Na minha nova casa, que assumi como temporária, tenho vivido com prazer uma vida simples e descansada.
Que me lembre, nunca como neste ano passei tanto tempo em casa, fazendo o que me apetece, sobretudo ler pela manhã, e observar o Mundo.
O meu Mundo tem várias dimensões, desde a escala planetária, que posso contemplar graças à internet, até ao Mundo invisível, dos meus pensamentos.



S. João do Estoril, Cascais: vista da minha casa.
Também, na minha casa tenho uma varanda para o Mundo, que me permite observar a vida local, que é bastante diversificada, já que nesta área residem pessoas de muitas origens, as quais transparecem nos seus modos de vida.
Mas, a varanda da minha casa ainda me permite ver o mar, lá em baixo, muito extenso, até à linha do horizonte.
Todos os dias, pela manhã, observo o mar como se de uma revelação se tratasse. Todos os dias ele aparece diferente, ora calmo e azul, ora turbulento e cinzento e, nalguns dias, como hoje, quase não se deixa ver, pelo nevoeiro que se intromete.
E depois, há os barcos que por aqui navegam, uns em passeio, os veleiros com as velas enfunadas, ao sabor do vento, e os outros, mais apressados e menos elegantes. Mas, para além das embarcações de recreio, também aprecio os navios de carga que, por razões que desconheço, diariamente aportam quase à minha porta, ficando fundeados ali em baixo, mesmo em frente a minha casa.
Vendo estes navios, imagino sempre as suas tripulações exóticas, de pessoas de países de mão-de-obra barata, e como estas nos observam a nós, com a mesma curiosidade.
Outra curiosidade me despertam os navios de cruzeiro, quais palácios flutuantes, que navegam ao longo da costa portuguesa em circuitos turísticos que pousam em Lisboa por algumas horas.
Estes templos de viagens prazeirentas quase sempre chegam de manhã cedo, e partem ao fim da tarde. Às vezes, imagino-me a viajar num destes navios, talvez pelas memórias de infância, das muitas viagens que fiz de barco, entre Angola e Portugal.


Cascais: Farol de Santa Marta, transformado em museu, em 2007.
No inicio de 2008, projectei novas viagens, algumas das quais pude concretizar.
Em Portugal, revisitei os Açores, Minho e Alentejo, por esta ordem, e lá fora, descobri Itália e em Espanha, Valência, graças à Carmen, a minha nova companheira.
Mas, outros projectos de viagem ficaram por concretizar, por dificuldades inesperadas. Se por um lado a profunda crise económica mundial me afectou, e assustou, também tive que enfrentar fantasmas do meu passado profissional, que já julgava extinto.
Enfim, primeiro o dever e depois o prazer, pelo que espero que o ano de 2009 possa trazer melhores perspectivas, ao menos no que a viagens diz respeito.

20 janeiro 2009

VALÊNCIA –
A PRIMEIRA VISITA

Existem muitas razões, e algumas boas, para visitar um local.
Neste caso, a minha primeira visita a Valência deve-se à Carmen, com quem tenho uma relação sentimental.
Desde que nos conhecemos em 2008, a Carmen, que reside em Valência, esteve em Portugal várias vezes pelo que, era chegada a minha vez de retribuir as visitas que me fez.
Assim, no inicio de Dezembro passado, fui aos “antípodas” da Peninsula Ibérica (a expressão é da Carmen), que é muito mais próximo que a Nova Zelândia, os verdadeiros antípodas para Portugal.

A estada em Valência foi dedicada ao prazer de estar com quem quero estar, a Carmen, e à descoberta de uma cidade desconhecida.
Da cidade, fica-me na memória o contraste da arquitectura do passado, com edifícios elegantes do final do século XIX e
inicio do século XX, com os “templos” da Cidade das Artes e das Ciências, projecto grandioso do Arquitecto valenciano Santiago Calatrava.
















No centro da cidade, vale a pena visitar o belo Mercado Central (fotografia acima: cúpula do Mercado Central, ornamentada com azulejos regionais), pleno de encanto, quer pela traça do edifício quer pelas actividades comerciais que ali decorrem, com a oferta de bons produtos regionais e outros, como cerejas do Chile, a 35 euros o quilo!

A propósito de comércio, a caminho do aeroporto, impressiona a presença de dezenas de armazéns que vendem tudo e mais alguma coisa, produzido na China. Se aqui passarmos, e não soubermos onde nos encontramos, pelos nomes e caracteres chineses que decoram as fachadas destes imóveis, podemos imaginar que nos encontramos numa qualquer metrópole da China.