06 dezembro 2005


A avó Etelvina, acompanhada pela filha, minha mãe, e pela Ana. Tempos felizes.

A avó Etelvina a fazer trabalho de costura.
MEMÓRIAS DA AVÓ ETELVINA

Na sequência da recente morte da avó Etelvina, aproveito para a recordar, com muita saudade, também através de duas fotografias feitas há cerca de seis anos atrás, em minha casa.

Entretanto, aproveito para informar que mantenho o meu plano de iniciar a minha primeira viagem à volta do Mundo, se possível no primeiro Trimestre de 2006.
Só não anuncio já o mês em que partirei porque, estou dependente do aluguer da minha casa. Ou seja, só quando tiver um compromisso sério com os futuros residentes na minha casa é que começarei a viagem.
De qualquer modo, já tenho um itinerário definido para esta viagem, que vos participarei aqui n’O MEU MUNDO ainda este mês.
Até lá, aproveito para desejar a todos os que usam este meio para saberem de mim, Festas Felizes.

10 outubro 2005


Pirinéus, França: a beleza da natureza, servida em paisagens majestosas.

09 outubro 2005

EUROPA OCIDENTAL – Semana de 3 a 9 de Outubro

Segunda-feira, saio de Beaugency em direcção a Toulouse. Começo por acompanhar o rio Loire até Tours. Das várias estradas disponíveis, a mais interessante do ponto de vista cénico é a do lado sul do rio, muito próxima deste.
Depois de Blois, a paisagem é ainda mais interessante, alternando florestas, pequenas povoações e vistas para o rio.
Paro em Amboise, uma localidade pitoresca, com um dos castelos mais famosos, com o nome da terra. Em Tours, decido continuar a jornada, para já em direcção a Limoges. Aqui chegado ao fim da tarde, sigo viagem para Toulouse, onde chego quase à meia-noite. Para surpresa minha, os hotéis da cidade parecem estar cheios. Consigo encontrar quarto, com vista para a sala de pequenos-almoços do próprio hotel, por 110 euros.

Terça-feira, visito a área urbana antiga de Toulouse, interessante, e deparo-me com uma manifestação de trabalhadores grevistas que desfilam pela manutenção dos seus (ricos) direitos profissionais. Esta greve é nacional, e impressiona-me a capacidade de mobilização dos sindicatos franceses, que levam muitos milhares de pessoas, de vários quadrantes, para um desfile nas ruas. Segundo a imprensa, em todo o país mais de um milhão de cidadãos participaram nas manifestações de rua.
Ao princípio da tarde volto à estrada, a caminho de Pau. Saindo de Toulouse começamos a ter à nossa esquerda a muralha montanhosa dos Pirinéus, que separa a França da Espanha.
Chegado a Pau, encontro um hotel simpático, Montpensier, e deparo-me com uma recepcionista brasileira.
Vou jantar a um restaurante tradicional de Pau, La Goulue, onde pouco depois de eu entrar, chegaram três homens acompanhados por dois cães, sendo que um dos cães, minúsculo, ficou sentado ao colo do dono, não se contendo em tentar comer do prato deste. Com franqueza, tive vontade de sair do restaurante, como forma de protesto pela promiscuidade da situação, mas acabei por ficar e apreciar o ambiente geral.
Depois do jantar, passeei pelo centro da cidade e constatei duas curiosidades: estando Pau numa área climatérica fria, pela proximidade das montanhas dos Pirinéus, encontramos nos jardins públicos uma elevada quantidade de palmeiras. Lá como cá, há uma febre tropical.
Por razão que desconheço, na área comercial da cidade, existe uma quantidade/percentagem elevada de casas de lingerie femininas.

Quarta-feira, pouco depois de acordar, recebo uma notícia indesejável mas, de algum modo previsível: a minha avó, mãe da minha mãe, com 94 anos de idade, faleceu.
Desde há mais de um ano que a vida dela se degradou substancialmente, e por tabela, a da minha mãe, com quem vivia. Agora, a sua vida e sofrimento, terminaram.
Quanto a mim, tenho-a como uma das minhas referências morais, com quem aprendi muito.
Curiosamente, na véspera, dia da sua morte, passei perto de Lourdes, local de peregrinação dos católicos, como a minha avó, onde estive com ela há quase 30 anos atrás, em passeio. Não pude deixar de recordar esse facto, e de desejar que a fé que a acompanhou até agora a protegesse de males maiores.
Triste, constato que no espaço de sete meses perdi duas das três mulheres mais importantes da minha vida, a Ana e a avó Etelvina.
Assim, altero os meus planos de modo a viajar hoje até casa, em Portugal. Como o meu irmão Jorge, residente em Madrid, está interessado em ir também a Portugal para se despedir da nossa avó, combino passar em Madrid e seguirmos para Portugal. Em perspectiva, tenho cerca de 1.200 Km para percorrer hoje. Saio de Pau cerca das 12 horas, começando por percorrer os cerca de 100 Km iniciais, até à fronteira com Espanha, numa estrada de montanha, que atravessa os Pirinéus.
Apesar da pressa, perante a majestade das paisagens que ladeiam a estrada, tenho que as apreciar minimamente, parando algumas vezes.
As belezas proporcionadas pela natureza seduzem-me quase sempre mais do que as que o ser humano produz.
A passagem de França para Espanha faz-se através do túnel de Somport que, com cerca de 9 Km de extensão, é o mais longo que me lembro de atravessar até hoje. Aqui, a segurança é levada a sério. Para além de sinalização rigorosa e limite de velocidade adequado às circunstâncias, as duas extremidades do túnel estão permanentemente vigiadas por especialistas em segurança, que inspeccionam todas as viaturas pesadas que ali passam.
Chegado ao lado espanhol, noto de imediato alterações na paisagem, que passa a ser mais agreste, com menor densidade de vegetação. Verifico também um aumento significativo da temperatura do ar.
Gradualmente, a paisagem vai-se tornando mais árida, a ponto de em breve se parecer com outras paisagens que me são familiares no norte de África, em Marrocos, aqui tão próximo.
Com tudo o que se passa a nível climatérico e de ordenamento dos territórios ibéricos, tudo leva a pensar que, em breve, poderemos vir a ter um prolongamento do grande deserto do Sara, na Península Ibérica.
Vem-me à memória o problema da seca que tem afectado particularmente esta região, e a preocupação que também os franceses demonstram relativamente a este flagelo. Efectivamente, em Paris, constatei que alguns espaços públicos estão privados de água em fontes e repuxos, como medida de contenção dos gastos de água.
Na ocasião, pensei que bom seria que Portugal tivesse uma seca como a que afecta França.
Também me vem à memória uma história recente de amigos meus, a Paula e o Maurício, que receberam em sua casa uma amiga de uma viagem feita em 2004, à Mauritânia, onde esta reside. Quando a mesma se confrontou com o jardim relvado da casa da Paula e do Maurício, disse-lhes que tudo o ali via estava muito distante do conceito de seca e aridez dela. Na verdade, esta portuguesa residente na Mauritânia, vive há vários anos no deserto profundo do Sara, certamente um dos locais mais secos do planeta.
Chego a Madrid ao final da tarde, e encontro o Jorge numa esquina da avenida Castellana, seguindo viagem. Antes da uma hora da madrugada chegamos a minha casa.

Assim, de modo imprevisto, chega ao fim o passeio que planeei pela Europa Ocidental, para visitar alguns amigos.
À parte as impressões já registadas, fica-me a certeza que, comparativamente com os países que agora visitei, Portugal figura como um parente pobre. O termo “pobre” é aqui aplicado não tanto aos aspectos económicos que caracterizam as sociedades mas sim, aos indicadores de educação cívica e moral, e ao nível cultural. Provavelmente, o atraso económico de Portugal no grupo da União Europeia deriva precisamente dos outros indicadores que também nos são desfavoráveis.
Dos poucos países agora visitados, os que mais me agradaram na globalidade foram França e Holanda. Poderia equacionar viver em França, não em Paris mas numa pequena cidade do sul.
Mas esta é uma decisão que terá que ser muito ponderada. Qualquer decisão que me comprometa relativamente à minha vida futura só será tomada depois de eu empreender a viagem à volta do mundo, com início previsto para o primeiro trimestre de 2006, e só depois de visitar a Nova Zelândia, meu actual modelo.

04 outubro 2005


Paris, França: a Torre Eiffel, simbolo máximo da cidade de Paris, feericamente iluminada.

Paris, França: o interior do Grand Palais recuperado, 12 anos depois de ter sido encerrado.

Paris, França: tarde de Outono na Place des Vosges.

Chambord, Loire, França: o imponente castelo de Chambord.

Rio Loire, Beaugency, França: dois gansos selvagens no seu habitat, ao fim do dia.
EUROPA OCIDENTAL – Semana de 27 de Setembro a 2 de Outubro

Segunda-feira, fico em casa, para trabalhar. Isso mesmo, o facto de eu ter declarado que estou a caminho da reforma, não impede que trabalhe, ocasionalmente.
Em viagem, se queremos ter uma vida organizada, é necessário dedicar algum tempo a tarefas relacionadas com planeamento e controlo. Para além disto, como sabem, assumi o compromisso de publicar semanalmente no meu blog o relato deste passeio pela Europa Ocidental. Para cumprir este objectivo, para além da escrita diária ou quase, tenho que fazer o trabalho de transferência do texto e das fotografias para o blog.
Se este trabalho fosse feito a partir do meu computador portátil, ligado à Internet, seria coisa para me ocupar no máximo, uma hora por semana. Contudo, tenho constatado que nas casas de amigos que me têm alojado, e que têm ligação à Internet, não consigo utilizar o meu computador. Assim, para evitar deslocar-me a um local público onde o possa fazer, resta-me utilizar o computador da casa.
Nada mais fácil, dada a amabilidade dos meus amigos mas, como acontece em França e na Bélgica, os computadores de série estão equipados com teclados diferentes dos nossos, o que nos baralha.

Terça-feira, vou para Paris, utilizando os transportes públicos que servem a área onde resido. Isto significa cerca de uma hora divididas em três etapas (pedestre, autocarro e comboio), para cada lado.
Passeio-me por áreas já minhas conhecidas: Les Halles, Ile de la Cité, Ile de Saint-Louis e St. Germain. Delicio-me a observar as pessoas, lojas e todos os detalhes que fazem de Paris uma cidade especial, para mim.
Deleito-me com um gelado da casa Amorino, do mesmo nível que os do Santini, em Cascais.

Quarta-feira, tenho o dia reservado para cuidar do meu carro, levando-o a uma oficina, para a revisão dos 60.000 Km. Sendo o meu “companheiro” de viagem um Mercedes, esperava encontrar uma oficina grande e pomposa. Pelo contrário, dou com um pequeno concessionário, num subúrbio desfavorecido de Paris.
Feita a revisão ao carro, que está bem de saúde, aproveito para apreçar o mesmo modelo de carro, novo, em França. Sem me conhecer de lado nenhum, o vendedor apresentou-me um valor inferior em 5.590 € ao que eu paguei há quase três anos em Portugal, sendo que na ocasião me fizeram um preço especial, devido a uma relação de amizade. Nem vou agora dissertar acerca desta e outras incongruências da vida em Portugal, versus noutros países da União Europeia.
O jantar de hoje é em casa do Miguel e da Karine, também com a presença do Rafael, irmão do Miguel, e da companheira deste, Bérangère. Aqui temos dois bons exemplos de integração social: dois jovens de origem portuguesa, que vivem com francesas, em França. Ambos os casais parecem estar bem, também no plano profissional.

Quinta-feira, dedico o dia a passear a pé entre as duas margens do rio Sena, em Paris. Entre as duas margens do rio, encontram-se duas das áreas mais encantadoras da cidade: as pequenas ilhas, Ile de la Cite e Ile de Saint-Louis.
Na primeira está a igreja de Notre Dame, um dos monumentos mais visitados de Paris. Na segunda, entre casas de habitação para milionários e pequenas lojas à moda antiga, situa-se a casa de gelados provavelmente mais famosa de Paris, a Berthillon. Já a conhecia de visita anterior mas, não resisti ao apelo da gula. Embora este templo do gelado tenha hoje forte concorrência, louvo o excelente gelado de chocolate com que me deliciei.
Tive ainda tempo para fazer mais uma descoberta, visitando pela primeira vez a área próxima da Gare ferroviária de Lyon, chamada Viaduc des Arts. Trata-se de uma construção antiga de um viaduto, entretanto reabilitada para espaços comerciais de caracteristicas artesanais. Na cobertura foi instalado um magnifico passeio pedestre ajardinado, o qual se interliga com vários outros espaços urbanos adjacentes ao viaduto. Em suma, um belissimo trabalho de recuperação e integração urbanistica.

Sexta-feira, tenho mais um longo passeio a fazer em Paris. Começo pelo Grand Palais, imponente edifício construído no final do século XIX, para a exposição universal realizada em Paris, em 1900. Este monumento encontrava-se encerrado há cerca de 12 anos, por problemas estruturais, e está a ser alvo de uma recuperação total, a qual só estará concluída em 2007. Custo total do investimento previsto: cerca de 101.000.000 de euros.
Temporariamente, durante cerca de duas semanas, o edifício foi apresentado ao público, praticamente vazio, à excepção de dois magníficos globos terrestres construídos na segunda metade do século XVII, pelo geógrafo veneziano Vincenzo Coronelli, por encomenda francesa. Cada uma das peças tem aproximadamente quatro metros de diâmetro, encontrando-se expostas, suspensas por duas gruas, a poucos metros do chão, com espelhos em cima e em baixo, para melhor serem apreciados.
Para além destas duas magnificas peças, que a partir de 2006 serão definitivamente expostas na Biblioteca de Paris, o gigantesco espaço interior do Grand Palais estava iluminado a preceito (o que pude apreciar numa segunda visita nocturna, com o António), e os visitantes eram brindados com uma banda sonora bastante interessante.
Só para percebermos melhor qual a capacidade que a cidade de Paris tem para atrair público, soube que este acontecimento teve cerca de 20.000 visitantes por dia. Pelo que eu pude observar, cerca de metade destes eram não residentes.
É oportuno dizer que Paris é por si só um íman que atrai permanentemente visitantes dos quatro cantos do mundo, que misturados com a sua já bastante heterogénea população residente, transformam o espaço urbano numa riquíssima rede multicultural.
Um outro exemplo deste fenómeno testemunhei-o numa das galerias subterrâneas do metropolitano (que aproveito para dizer, nos leva a todo o lado, sempre com excelente sinalização), quando fui atraído por música tocada ao vivo, não por um ou dois músicos, mas por um grupo de cinco que tocava animadamente desde um clarinete até um contrabaixo.
Para além dos músicos, ainda estava presente uma acompanhante que seduzia os espectadores espontâneos, como eu, para comprarem CD com música do grupo, profissional da Ucrânia.
Ao fim do dia, o António foi ter comigo à cidade, para jantarmos. Ao acaso, acertámos num restaurante de um português, George Opera, onde comemos e pagámos bem.

Sábado, despeço-me do António e de Paris, definitivamente uma das poucas grandes metrópoles do mundo onde tenho prazer em estar.
Decidi passar mais alguns dias em França, sem a companhia de amigos. Escolhi a região do rio Loire, entre as cidades de Orleans e Tours. Para além de não conhecer esta região, lembro-me que a Ana ficou encantada quando, há muitos anos atrás, antes de nos conhecermos, teve a oportunidade de visitar a mesma, na companhia dos pais e creio, da irmã.
Infelizmente, apesar dela me referir várias vezes o seu encanto pela região do Loire, não pudemos visitá-la juntos. Agora, mais uma vez, levo-a no meu pensamento.
Dirijo-me primeiro à cidade de Orleans mas, é demasiado grande para o meu modelo de bem-estar. Escapo-me rapidamente para o campo, até chegar à pequena cidade de Beaugency, onde procuro abrigo. Encontro-o num pequeno hotel, Le Relais des Templiers, agradável por várias características, de entre as quais a natural simpatia do casal proprietário do hotel.
Para jantar, aceitei uma sugestão dos meus anfitriões e fiquei plenamente satisfeito com a refeição no restaurante Le Relais du Chateau.
Depois de jantar, passeei pelas ruas da povoação e, sem intenção, fui identificando os vários restaurantes locais. Desde franceses a italianos, passando por chineses e outros asiáticos, até marroquinos e turcos, encontrei nesta pequena cidade. Apenas mais um sinal da tendência para a diversificação cultural que varre o mundo.

Domingo, vou fazer um passeio de carro pela região do rio Loire, em direcção à cidade de Blois. Encontrei-a quase deserta, talvez pelas condições meteorológicas adversas. Depois do necessário passeio de reconhecimento, saí de Blois a caminho do Castelo de Chambord, provavelmente o mais prestigiado dos castelos desta região.
Propriedade do estado francês, o castelo situa-se numa vasta propriedade de cerca de 5.500 hectares, dos quais cerca de 1.000, podem ser visitados pelo público, sobretudo a pé e de bicicleta. Próximo do palácio, existe uma aldeia com cerca de 200 habitantes, todos trabalhadores na propriedade.
O palácio em si, para além da sua grandiosidade, reflexo dos gostos e poderes da realeza e seus seguidores, não tem nada a ver com as praças-fortes a que, em Portugal, chamamos castelos.
Antes de regressar ao hotel, pude acercar-me de uma das margens do rio Loire, manso, como quase todos os principais rios europeus, pela acção das barragens.
Pude ainda aperceber-me da existência de uma central de energia nuclear nesta área. Segundo o proprietário do hotel em que me encontro, esta central tem um núcleo com 25 anos de vida, já desactivado, que está a ser “desmontado”. Esta operação é delicada, estando a ser ensaiadas técnicas inovadoras, que poderão vir a ser utilizadas posteriormente noutras centrais.
Vou jantar ao restaurante Le Petit Bateau, onde me delicio com ostras e um petisco que me faz lembrar a minha infância: rim grelhado.

A minha rota leva-me para sul, passando por Toulouse, cidade que ainda não conheço.
Tenciono chegar a Portugal no próximo fim-de-semana, por necessidade e não por vontade.


26 setembro 2005


Antuérpia, Bélgica: edificios historicos.

Antuérpia, Bélgica: eu, a Katrien (esquerda) e a Annelies (direita), com a catedral em fundo.

Lovaina, Bélgica: a Annelies e o João, prestes a começarem o novo ano escolar.

Gent, Bélgica: vista oposta à da fotografia seguinte.

Gent, Bélgica: jazz, com muito swing, para todos.
EUROPA OCIDENTAL – Semana de 19 a 25 de Setembro

Segunda-feira, vou até ao leste da Holanda, passando por Nijmegen, cidade onde eu e a Ana estivemos há bastantes anos atrás, para visitar amigos que na altura lá residiam.
A razão desta minha deslocação é visitar uma dessas amigas, Brigitte, que há poucos anos perdeu o seu companheiro, Jan, por doença semelhante à que vitimou a Ana. A Brigitte decidiu mudar-se para a Alemanha, a algumas dezenas de quilómetros da cidade de Nijmegen. Ela, que é de origem alemã, está satisfeita com a mudança, pela casa que agora tem, melhor que a anterior, e pelo local aprazível em que vive, de características campestres.
Entretanto, a Brigitte encontrou um novo parceiro, Hugo Eisso, amigo de longa data.
Este foi um encontro simultaneamente feliz e triste, pela “presença” da Ana.
Jantámos num restaurante de uma povoação vizinha, e regressei a Roterdão.

Terça-feira, empreendi a viagem entre Roterdão e Bruxelas, cerca de duas horas de carro.
Em Bruxelas, dirigi-me ao escritório do meu amigo Bert Broes, companheiro profissional do tempo do Image Bank, e um dos poucos resistentes à mudança imposta pelos actuais proprietários daquela empresa.
O Bert reside a norte de Bruxelas, em Hove, nos arredores de Antuérpia. Chegados a casa dele sou recebido calorosamente pela Lieve, companheira do Bert, e pelas três filhas, Annelies, Katrien e Astrid.
Hoje é o dia de aniversário da Astrid (15 anos) e vamos jantar a um restaurante nas imediações da casa. O Restaurante Den Conijnsberg nasceu da reconstrução de um moinho antigo, sendo um espaço bastante interessante, ao que corresponde a cozinha ao mesmo nível.
Para além da família Broes e de mim, estão também presentes os namorados das duas filhas mais velhas.

Quarta-feira, tenho a companhia do Bert, da Annelies e da Katrien, e vamos a Antuérpia, onde passamos o dia a visitar a cidade.
Antuérpia é a maior cidade da região da Flandres, onde a língua oficial é a holandesa. Situada próximo da foz do rio Schelde, tem um dos maiores e mais movimentados portos marítimos da Europa.
A parte antiga da cidade, próxima do rio, desenvolve-se à volta da Praça da Grote Markt (Câmara Municipal), bordejada por belos edifícios históricos. Próxima, encontra-se a majestosa catedral e as áreas envolventes preenchidas por inúmeros restaurantes e cafés, sempre com esplanadas exteriores, onde residentes e visitantes se deliciam com as magnificas condições atmosféricas que temos por esta altura do ano, e por uma grande oferta de produtos, com destaque para a cerveja. Aparentemente, a Bélgica tem a maior variedade de cerveja no mundo, na ordem das centenas de marcas.
Estando em Antuérpia, temos que visitar a casa onde o pintor flamengo Rubens viveu uma boa parte da sua vida, no século XVII. A casa é espaçosa, e tem um jardim privado, com uma árvore interessantíssima, que me encantou.
Várias obras do mestre estão expostas, bem como outras de discípulos e contemporâneos de Rubens.
Regressados a casa, passamos o serão em casa, em família.

Quinta-feira, tenho um encontro marcado com o João, amigo de Portugal, estudante de Comunicação/Jornalismo, recém chegado à Bélgica, para aqui viver durante um ano lectivo, em Lovaina, cidade próxima de Bruxelas, conhecida sobretudo pela sua Universidade, a mais antiga da Bélgica.
A Annalies, também ela estudante universitária, acompanha-me, e juntos vamos até Lovaina, onde encontramos o João, a quem entrego a bagagem dele, transportada desde Portugal.
O João alugou um pequeno apartamento, juntamente com um colega e amigo de Portugal, no centro de Lovaina. Com entusiasmo, fala-nos dos seus projectos para este ano especial. Há jovens que me fazem ter esperança num futuro melhor para a espécie humana, e o João é um deles.
O ano lectivo vai começar oficialmente na próxima semana, o que faz com que a cidade ainda não esteja com o ambiente normal, pela ausência da maioria dos estudantes, belgas. No entanto, já se sente a presença de muitos outros estudantes, de variadíssimos países. Segundo o João, este ano, estarão em Lovaina cerca de 600 estudantes estrangeiros, ao abrigo do programa da Europa Comunitária, Erasmus.
Ao fim da tarde regressamos a casa e saio com a Lieve e o Bert, para jantar, numa povoação vizinha, Lier, conhecida sobretudo pela obra de um relojoeiro de nome Louis Zimmer, que legou à cidade onde viveu um património invulgar.
O jantar de bom nível, com vinho português do Douro, ocorreu no Restaurante De Werf.

Sexta-feira, vou a Bruxelas. Depois de passar pelo escritório do Bert, apanho um autocarro para o centro da cidade, desconhecida para mim, onde passeio a pé.
Começo pela Grand-Place, praça faustosa, a lembrar os tempos áureos da Bélgica, país hoje dividido, qual auto-flagelo, por duas culturas (a francesa e a flamenga) que teimam em não cooperar.
A Grand-Place está a abarrotar de gente, dos quatro cantos do mundo. Não me apetece participar nesta orgia do turismo e por isso afasto-me, percorrendo áreas menos movimentadas.
Apercebo-me da presença de muitas casas dedicadas ao chocolate, outra tradição belga. Não resisto a entrar numa, com estilo contemporâneo, e com produtos feitos à base de chocolate, que me deixam os olhos em bico e com água na boca. A Pierre Marcolini – Chocolatier deve ser famosa, pois está cheia de visitantes, sobretudo estrangeiros, particularmente japoneses e norte-americanos. Depois de me deliciar com um gelado de chocolate, saio e regresso ao mundo real.
Ao fim da tarde, apanho um autocarro para me dirigir para casa da Beatriz, filha da minha querida amiga e vizinha Ingrid, e do seu companheiro Mathias, alemão, e dos três filhos, Cristina, Joana e Armando. Gosto da casa deles, fruto da recuperação de um edifício antigo. Após o jantar, regresso à minha casa belga, próxima de Antuérpia.

Sábado, a Lieve e o Bert saem de manhã para passarem o fim-de-semana fora.
Eu decido seguir viagem para sul, em direcção a Paris. Antes de deixar a Bélgica, vou visitar a cidade de Gent, a conselho da Lieve e do Bert.
Gent tem um centro histórico de interesse arquitectónico, e uma vida dedicada ao lazer, com bastante animação. Passeio a pé sem rumo, até ser atraído por música de jazz tocada ao vivo por um grupo de cinco músicos e uma cantora. O local era apropriado para uma paragem de almoço, e aproveitei para entrar num dos vários restaurantes próximos do palco musical,
o Chez Leontine, casa antiga e pitoresca. Não resisti a provar uma das especialidades regionais, waterzooi, sopa rica de peixe e marisco, com legumes, que existe também na versão de carne, com galinha.
Este foi um dos momentos da viagem que merecia ter sido partilhado convosco. Não sendo possível, brindei a todos os meus amigos, com uma boa cerveja belga.
Saí de Gent para Paris, onde cheguei ao fim da tarde, a casa do António, que continua sem a Elisa, a qual ainda está em Portugal.

No domingo, saímos de manhã para fazer compras para o almoço, e passear um pouco.
Regressados a casa, banqueteamo-nos com ostras da costa ocidental de França, queijos da terra e uma tarte de morangos. Tudo acompanhado por um vinho branco da região de Loire.
Como o tempo contínua aprazível, dormimos uma sesta nas cadeiras do jardim.
Mais tarde, vamos a Paris, com o propósito de visitarmos um parque público recente, designado André Citroën, localizado à beira do rio Sena, na área sudoeste da cidade. Estamos perante mais uma boa intervenção de requalificação urbana, que fazem desta cidade um exemplo positivo. Uma das curiosidades deste parque é a de ter um balão de ar quente, que sobe a 150 metros de altura, de onde se desfruta um panorama magnifico sobre a cidade.
Decidimos ir jantar a St. Germain-Des-Prés, área sempre fervilhante de vida.
As possibilidades gastronómicas são muitas, e escolhemos uma casa de crepes.

Com três semanas de viagem, sinto-me bem fora de Portugal, e nem sequer posso dizer que tenha saudades de minha casa.
No entanto, por razões pessoais e profissionais, deverei regressar a Portugal até ao final da primeira semana de Outubro.

Roterdão, Holanda: o bairro de Delfshaven.

Roterdão, Holanda: hora do almoço, para mim e para o Xico.

Gouda, Holanda: na capital do queijo da Holanda, com um exemplar de 22 Kg nas mãos.

Amesterdão, Holanda: final de Verão num dos canais.

Amesterdão: na Holanda, existem bicicletas para todas as necessidades.

20 setembro 2005

EUROPA OCIDENTAL – Semana de 12 a 18 de Setembro

Na Holanda, na segunda-feira, volto a encontrar-me com a Jantien, Betito e filhos, em casa deles. O Leonardo faz anos (5), e está rodeado de prendas e outros mimos. Jantamos em casa deles e depois vou com o Betito ao escritório dele, a dois passos de casa, para eu trabalhar e publicar as primeiras notícias desta viagem n’O MEU MUNDO.
Aproveito para aprender com o Betito a utilizar o SKYPE (www.skype.com), serviço de comunicação de voz, vulgo telefone, através da Internet. O Betito utiliza há já vários meses este serviço gratuito para comunicar com colegas e clientes, em qualquer parte do mundo.
Eu registo-me e, passados poucos minutos, recebo uma chamada inesperada do meu amigo Luís Veiga, brasileiro com costela portuguesa, residente em Florianópolis, Brasil, que entretanto já tinha sido notificado da minha adesão ao SKYPE.
A voz do Luís soa cristalina, como se estivesse em pessoa connosco.
Este é um caso exemplar de como a Internet está a revolucionar o mundo. Aqueles de vós que ainda não conhecem o SKYPE, apressem-se. O único investimento que terão de fazer para o utilizarem, para além do computador, e de cerca de 5 minutos para se registarem, é um auricular com microfone, para poderem ouvir e falar com quem quiserem.
Se quiserem falar comigo por este meio, a minha identificação é, fimouramachado.

Aproveitando a deslocação a Wassenaar para visitar a Jantien e o Betito, passo por Haia, capital da Holanda, onde passeio pela área comercial mais antiga.
Numa tarde de um dia de trabalho, é surpreendente a calma que se vive nesta cidade. Muitas ruas pedonais, bicicletas, carros eléctricos, e verdadeira educação cívica fazem com se esteja bem aqui.
Por acaso, descubro uma “pérola”: a Livraria Stanley & Livingstone, que “só” vende produtos para viajantes. No que respeita ao Mundo, de A a Z, têm quase tudo.
O proprietário, também ele viajante, merece a melhor atenção, pela sua simpatia e conhecimentos que partilha com os clientes.

Na terça-feira, fico em Roterdão. Passeio de bicicleta pela cidade e vou ter com o Xico ao final da tarde.
Saímos de carro para visitar Roterdão, sobretudo as partes adjacentes ao Rio Maas. Gosto particularmente da pequena ilha de Noordereiland, área residencial com uma forte identidade arquitectónica. Frente à ilha, situa-se uma pequena península que se encontra em renovação urbanística, na qual existem alguns edifícios de construção recente, de qualidade. Estes coexistem com edifícios antigos, com destaque para o do Hotel New York, onde antes exercia actividade a empresa de navegação Holland América Line.
Vamos jantar ao Restaurante/Café Stobbe, local frequentado pelo Xico, onde comemos bem, num ambiente agradável.

Quarta-feira, fico em casa para controlar a instalação dos equipamentos necessários para aceder à Internet.
Tal como em Portugal, a qualidade do serviço da empresa contratada pelo Xico deixa muito a desejar. Neste caso, os dois “técnicos” deixaram o trabalho por terminar, prometendo voltar ainda hoje, o que não aconteceu. Na verdade, até ao final da semana, nenhum contacto foi feito com o Xico, para explicarem o sucedido.

Quinta-feira, apetece-me sair de bicicleta e vou passear pela cidade, começando pelo Museu Boijmans Van Beuningen, o mais importante de Roterdão no que respeita a pintura da escola flamenga, tendo no entanto muitas outras obras de arte de outros períodos e escolas, nomeadamente a de pintura italiana.
Este museu, edificado na primeira metade do século XX, segundo o estilo modernista, está inserido num parque público juntamente com outros equipamentos culturais.
Para almoçar, escolho uma casa especializada em peixe e marisco, que não é um restaurante, embora lá se possa comer. Na Schmidt Zeevis, vendem os produtos frescos e também confeccionados nas cozinhas da casa, qual restaurante. A apresentação é excelente, e deixo-me tentar pelo arenque, que normalmente é comido à mão, e por umas ostras nacionais.
Entretanto, a chuva caía e eu apanhei “uma molha”, já que não quis abandonar a bicicleta. A minha experiência neste meio de transporte fica muito aquém da dos holandeses, que utilizam as bicicletas sejam quais forem as condições climatéricas. Muitos andam de bicicleta com um chapéu-de-chuva aberto.
Ao fim da tarde, eu e o Xico voltámos a Delft. Debaixo de chuva, encontrámos a cidade mais tranquila que no passado fim-de-semana. Escolhemos o Restaurante Mij para jantar, em primeiro lugar pela simpatia da empregada que nos recebeu à porta, e pelo ambiente contemporâneo cuidado. A Céline foi inexcedível na forma como nos recebeu, e a refeição foi a melhor que tive aqui na Holanda.

Sexta-feira, de manhã, fui passear de bicicleta para um outro parque público, o Het, junto ao rio Maas.
Percebi que aqui na Holanda, começou o Outono, já que houve uma descida brusca da temperatura do ar.
Aproveitei o passeio para visitar aquele que é considerado o melhor restaurante de Roterdão, Park Heuvel, galardoado pela Michelin com o máximo de estrelas (3). Aqui, uma refeição, sem vinho, vale entre 70 a 100 €.
De tarde, já que o Xico termina a sua semana de trabalho à hora de almoço de sexta-feira, saímos para visitar a cidade de Gouda, capital do queijo na Holanda.
Cidade antiga, aprazível, com uma ampla praça central onde pontificam vários edifícios de valor histórico, sempre muito bem preservados, parece ter uma elevada percentagem de residentes estrangeiros, ou holandeses de outras origens, sobretudo de países do dito terceiro mundo.
Ao fim da tarde, dirigimo-nos para Utrecht, cidade importante cujo centro histórico nos impressiona de imediato. Entrecortado por canais, possui um património arquitectónico notável, em volta de uma torre antiga e alta, de estilo invulgar, cujos sinos repicavam copiosamente.
Surpreende-nos a vida nesta parte da cidade, fervilhante, sobretudo de jovens, provavelmente estudantes universitários, que estão por todo o lado. Vimos jovens mascarados, um grupo a cantar à porta de uma casa, e muitas outras manifestações de alegria de viver.
Jantámos razoavelmente, num restaurante sugerido por um residente, de nome Eggie.

Sábado, saio com o Xico para visitarmos um subúrbio de Roterdão, Schiedam, onde existem vários moinhos de vento, construídos no século XVIII, em excelente estado de conservação.
Depois, reentramos em Roterdão e paramos numa área pitoresca, Delfshaven , onde coabitam comunidades de diversos países cujos imigrantes aqui se estabeleceram. O resultado é uma miscelânea étnica e cultural que caracteriza o mundo actual.
Entretanto, saímos da cidade em direcção a Haia, e vamos visitar a praia mais popular desta região, Scheveningen, que me faz lembrar um pouco a Costa da Caparica, a sul de Lisboa, pelo desenvolvimento urbanístico incorrecto. A localidade tem uma frente de mar com cerca de mil metros, transformada numa área comercial dedicada ao turismo balnear de baixo nível.
Dali saímos para visitar a Jantien e o Betito, que continuam dedicados à empreitada de arrumarem as suas coisas, para se mudarem para a nova casa, no início de Outubro.

Domingo, eu e o Xico vamos de comboio, com duas bicicletas, para Amesterdão. Chegamos lá em cerca de uma hora, e ao sairmos da estação ferroviária, vemo-nos no meio de milhares de pessoas que se preparam para uma prova de atletismo. Trata-se de uma prova anual, de 16 km, entre Amesterdão e uma povoação vizinha, na qual participam este ano cerca de 30.000 atletas.
Nós esgueiramo-nos por entre a multidão, com as bicicletas, e seguimos um trajecto para ciclistas, através da cidade velha, que está distribuída numa malha radial, à volta da estação ferroviária, entrecortada por inúmeros canais. Talvez por ser domingo, nestes circula um grande número de embarcações de lazer, de tamanhos e categorias muito diversas, com pessoas que convivem alegremente.
Comparando o usufruto que os holandeses dão aos espaços aquáticos, com o dos portugueses, podemos dizer que em Portugal, somos principiantes e eles profissionais.
De entre as muitas paragens que fizemos neste percurso feito em duas rodas, destaca-se a visita ao Jardim Botânico de Amesterdão, De Hortus, edificado no século XVII.
Ao final do dia, depois de muito pedalar, e de eu ter ficado sem travões na bicicleta, acabámos por jantar num dos muitos restaurantes indonésios, para conhecermos melhor a gastronomia deste país, antiga colónia da Holanda.

Ontem, segunda-feira, não pude aceder à Internet, e por isso não publiquei esta informação mais cedo. As fotografias desta semana serão publicadas na próxima. Como sempre na vida, é melhor sermos flexíveis.
Na terceira semana desta viagem irei sair da Holanda, para sul, para a Bélgica. Lá esperam-me outros amigos, e novas experiências.

12 setembro 2005


Tordesilhas, Espanha: Praça Maior da cidade, local histórico para Espanha e Portugal.

Paris, França: momentos de descanso no Jardim das Tulherias.

Roterdão, Holanda: rua em festa, com táxis/bicicleta, numa nova versão dos riquexó.

Delft, Holanda: o Xico e eu, à beira de um dos canais.

Leiden, Holanda: Marta, Betito e Xico, num passeio de barco pelos canais da Holanda.
EUROPA OCIDENTAL

Nota preliminar: tentarei redigir as minhas impressões, em estilo de diário, embora as publique no blog semanalmente, à segunda-feira, em hora incerta.
Irei destacar as datas, nomes de países e localidades a negro/bold, e os locais (estabelecimentos comerciais, culturais, e outros) a itálico.
Tentarei obter referencias e sugestões de residentes nos locais por onde passar, partilhando-as convosco.

5 de Setembro de 2005: saí de casa pelas 8 da manhã, para iniciar o meu passeio pela Europa Ocidental, aperitivo para outra viagem a realizar pelo menos em 2006, com destino a outras regiões do Mundo.
Parti sozinho (fisicamente), mas acompanhado por muitos dos amigos/amigas que me estimulam e acarinham. Para vós, o meu sincero agradecimento!
Na bagagem, para além das minhas coisas, sempre em excesso, levo pertences de dois amigos, um deles o João, filho da Paula e do Maurício, que vai em breve estagiar na Bélgica, preparando o seu futuro, que eu antevejo e desejo, muito positivo.

Casualmente, faz hoje seis meses que a “nossa” Ana partiu.
É impossível não recordar o facto, todo o sofrimento por que ela passou, para além da nossa vida em comum.
Naturalmente, a tristeza apoderou-se de mim. Chorei enquanto conduzia.

A viagem foi feita com tempo ameno, e muitas viaturas pesadas na estrada. Em Portugal, a paisagem está ferida por incêndios que a têm devastado. Em Espanha, sobressai a ocupação ordenada dos campos, por culturas agrícolas.
Andei depressa, e só parei em Tordesilhas, ao final da manhã, para desentorpecer as pernas, abastecer o depósito com combustível (menos caro que em Portugal), e satisfazer a curiosidade, prestando uma singela homenagem aos nossos antepassados que, de modo visionário, celebraram em 1494, com o Reino de Castela, o Tratado das Tordesilhas. Esta foi, provavelmente, a intervenção estratégica mais importante de Portugal, até hoje.
É fácil concluirmos que, se não fosse aquele acordo, o Mundo teria hoje fronteiras, e talvez culturas, diferentes.

De tarde, mantive o ritmo e cheguei ao País Basco, onde também a morfologia do terreno é muito diferente do resto de Espanha.
Pela primeira vez, desde que saí de casa, a paisagem é maioritariamente verde, e o tempo está encoberto. Sabe bem, depois da seca que assola o resto da península.
Percorridos quase mil quilómetros, decido pernoitar em Donostia/San Sebastian.
A cidade fervilha de vida, e parece-me interessante. Passo a noite numa residência universitária (Olarain) que também aluga quartos a turistas. As instalações são boas e recentes.
Pela excelente reputação da cozinha basca, não resisto a jantar num bom restaurante (Portuetxe). Comi bem, e paguei um valor elevado, cerca de 50 €. A fama tem o seu preço!

6 de Setembro: saio de San Sebastian, a caminho de Paris. Faço cerca de 850 km, com uma única paragem, até me encontrar com o António Domingues, amigo de longa data, residente nos arredores de Paris, numa localidade simpática chamada Mandres Les Roses.
A companheira do António, Elisa, teve que viajar para Portugal, por dever profissional, e está em minha casa.
Saímos para jantar, num restaurante que só serve peixe e marisco. Pusemos a conversa em dia, e regressámos a casa para descansar.

7 de Setembro: o António saiu cedo para o trabalho. Eu, vou para Paris, utilizando os transportes públicos, autocarro e comboio.
Paris é uma das poucas grandes metrópoles do mundo onde me sinto bem. Atrai-me o equilíbrio da cidade, tal como se desenvolveu ao longo dos séculos, e os muitos locais agradáveis onde podemos fruir da cidade. Também me agrada a elegância francesa, para além da língua, que falo com prazer.
Para desfrutar da cidade, começo por me dirigir ao Arco do Triunfo, um dos símbolos de Paris, descendo depois a avenida dos Campos Elíseos. Aqui, encontro-me com as mais diversas etnias do mundo, e ouço falar muitas línguas, entre elas o português nas duas versões mais conhecidas. Esta área de Paris alberga muitas das marcas comerciais de luxo que conhecemos, atraindo a sua clientela. Contudo, mesmo aqui, sente-se a presença dos desfavorecidos da sociedade, pessoas e animais que vivendo no mundo dos ricos são pobres.
Depois das duas maratonas automóveis dos dias anteriores, as minhas pernas reclamam por exercício.
A caminho da Praça da Concórdia, usufruo da sombra (o dia está quente, e estou farto do sol) dos plátanos esculpidos por jardineiros talvez influenciados pelas casas de moda parisienses, e dos castanheiros que já perdem folhas, prenunciando o Outono que se avizinha.
Cruzo a Praça em direcção ao jardim das Tulherias, onde indígenas e forasteiros se deliciam com o calor tardio do Verão. Chegado ao Louvre, casa de muitos tesouros artísticos da humanidade, aprecio a modernidade da intervenção do arquitecto Pei, simbolizada pelas pirâmides em vidro. Volto à cidade das grandes avenidas, subindo a da Ópera, encimada pelo belíssimo edifício que lhe dá nome.
De volta a casa, onde me espera o António, vamos jantar a um restaurante vizinho.

8 de Setembro: hoje tenho uma missão profissional a cumprir. Trata-se de uma reunião em Paris, no escritório da empresa CORBIS, com a qual trabalho há cerca de três anos, em Portugal.
Não se trata de uma reunião ordinária, já que vou assinar um documento que me desvinculará deste meu compromisso profissional. Isto significa que dentro em pouco estarei livre de qualquer responsabilidade profissional, reformando-me prematuramente.
Aconteça o que acontecer, poderei encarar a próxima grande viagem pelo mundo, a partir de 2006, com maior liberdade.
Concluída a reunião, passeio-me pela área onde se encontra a empresa, servida pela estação de metropolitano Cour St. Émillion, próxima da mais conhecida Bercy. Conheço esta parte da cidade, mais um bom exemplo de como Paris evolui urbanisticamente, respeitando o passado mas avançando para o futuro, com qualidade.
Aproveito ainda para revisitar outro centro de modernidade, o Instituto do Mundo Árabe, local onde confluem as várias culturas árabes.
Regressando a casa, saímos para jantar com o Miguel, filho do António e da Elisa, casado com a Karine, francesa.
Recém chegados de uma viagem de férias à Tunísia, aproveitamos para falar de viagens, prazer maior para todos nós.

9 de Setembro: de volta à estrada, dirijo-me para Bruxelas, onde tenho um breve encontro com o Mathias, genro da Ingrid, a quem entrego as bagagens que transportei.
Sigo para Roterdão, onde me espera o meu primo Xico, aqui residente. Chegados a casa, no centro da cidade, conheço duas amigas do Xico, Ângela e Susana, mãe e filha, residentes na Suiça, que também estão de visita.
Antes do jantar, saímos a pé, sendo evidente que os residentes de Roterdão, comunidade multicultural, aproveitam o ainda tempo de Verão para conviverem ao ar livre.
Jantamos no Restaurante Oliva, que pelo nome se dedica à cozinha italiana, na companhia de alguns colegas portugueses do Xico, na empresa Unilever, igualmente aqui residentes.
A rua em que se situa este restaurante encontra-se em festa durante este fim-de-semana, havendo muita gente, música, copos a circular, e outras manifestações de alegria.

10 de Setembro: para iniciar a minha estada na Holanda, país onde já tinha estado anteriormente, fomos visitar a cidade de Delft, burgo com mais de 750 anos de vida, situada a cerca de meia hora de carro, ou de comboio, de Roterdão.
Esta bela cidade, tem inúmeros atractivos, desde a tradição de azulejaria azul e branca - da qual temos em Portugal um espólio importante, no Museu da Figueira da Foz, devido a um naufrágio de um navio - passando pela “Dutch East Índia Company” que aqui se estabeleceu há cerca de 400 anos atrás, para explorar as riquezas do mundo oriental, particularmente as especiarias - em concorrência com Portugal e outras nações europeias - até ao pintor flamengo Johannes Vermeer (séc. XVII), sobre a vida do qual foi apresentado há poucos anos o filme “A rapariga do brinco de prata”, natural e residente em Delft.
Hoje, a cidade fervilhava de vida, também pela presença de inúmeros visitantes. Para além dos muitos locais de interesse permanente, havia mercados de rua onde se expunham bens alimentares, flores e velharias, entre outros, e uma feira colorida e ruidosa que, estranhamente, ocupava uma das praças principais da cidade, retirando-lhe a beleza habitual.
Regressados a Roterdão, fomos jantar ao Restaurante De Pijp, que julgo ser o preferido do Xico.
É um local curioso, por ter algumas características originais, pela história do local, e pela comida merecedora de crédito.

11 de Setembro: as outras duas residentes em casa do Xico, Ângela e Susana, regressam hoje à Suiça, viajando de carro.
Nós vamos visitar outros amigos queridos, a Jantien e o Betito, e os dois filhos, Carolina e Leonardo (em português), que vivem também próximo, em Wassenaar, nas imediações de Den Haag (Haia). Acompanha-nos a Marta, jovem portuguesa, colega do Xico, também residente em Roterdão.
Nós que vivemos em Portugal, temos a noção de estarmos num território pequeno. Aqui, acentua-se essa noção já que, quase todos os pontos de maior interesse estão ao nosso alcance, de carro, no limite de uma hora.
Wassenaar é uma área residencial para pessoas abastadas, com uma elevada percentagem de estrangeiros residentes.
Chegados a casa da Jantien e do Betito, constatamos que estão a preparar uma mudança para uma nova casa, maior que esta, na mesma área. Por este motivo, estão atarefados mas, o Betito convida-nos a irmos dar um passeio rápido no tempo, mas lento no ritmo, no barco a motor deles que está num dos muitos portos de recreio que fazem deste país um dos melhor equipados para a prática da navegação de recreio. Creio aliás, que a Holanda é o segundo país do mundo, a seguir à Nova Zelândia, no que respeita ao número médio de barcos de recreio por habitante.
A Jantien ficou em casa, nas arrumações.
Saímos do porto, interior, e percorremos alguns canais que nos levaram à povoação de Leiden, encantadora na sua escala humana e arquitectura tradicional, e cuidada por pessoas que prezam verdadeiramente o seu habitat e património.
Percorridos os canais que cruzam a localidade, lanchámos a bordo, e regressámos ao cais.
De volta a terra, dirigimo-nos para uma povoação vizinha onde nos encontrámos com a Jantien, para jantar num restaurante italiano.
No carro, o Betito colocou no leitor de CD um disco do grupo Duo Ouro Negro, angolanos, bastante populares no panorama musical português e angolano, sobretudo nos anos 60, do século passado.
A Marta que é demasiado nova para conhecer este estilo musical, ainda pôde apreciar uns passos de dança do Betito e do Xico, recordando os tempos da nossa juventude em Angola.
Curiosamente, os filhos do Betito parecem gostar bastante destas músicas, de terras distantes, para eles.
O jantar foi bastante agradável e divertido, até pelas intervenções de alguns empregados do restaurante, e sobretudo pelo proprietário, italiano de gema, tipo galã latino, que fez uma demonstração daquilo pelo que os italianos são conhecidos, interessando-se pela Marta.

No final desta primeira semana de viagem, começo a sentir-me descontraído e a apreciar o facto de poder viver sem os constrangimentos de cumprir formalidades e obrigações que normalmente nos limitam.
Esta semana, pelo menos, ficarei na Holanda. Até à próxima segunda-feira.

27 agosto 2005

MEMÓRIAS DA ANA

Há quase seis meses que a Ana partiu. Neste período, muitas lembranças relacionadas com ela têm-nos tocado.
No meu caso, posso assegurar-lhes que a Ana contínua comigo diariamente. Aliás, a minha relação emocional com as memórias dela tem sido mais difícil do que eu imaginava.

De entre as muitas tarefas decorrentes das mudanças que têm afectado a minha vida nestes últimos meses, há uma que me dá particular prazer: refiro-me à recuperação do arquivo fotográfico familiar, constituído por milhares de fotografias, não só as que dizem respeito à minha vida com a Ana, mas também o arquivo do meu pai, também fotógrafo por paixão.
Recentemente, comprei um scanner com o qual estou a digitalizar uma parte destas memórias fotográficas. Este é um trabalho para ser executado num prazo de vários anos.
Por agora, tenho apenas algumas dezenas de imagens digitalizadas, de forma aleatória já que, por um lado estou a dar os primeiros passos nesta área técnica, e por outro, os arquivos estão basicamente desorganizados.

Porque quero partilhar convosco esta e outras experiências, publico a seguir algumas das fotografias recentemente transferidas para o arquivo digital.
Se quiserem, poderão guardá-las no vosso computador tal como as vêm no blog ou, se preferirem tê-las em maior resolução e/ou tamanho, digam-me, para poder satisfazer o vosso interesse.

2000, Vale do Poio, Pombal: local pouco conhecido mas, recomendado para os amantes da natureza.

2000, ilha das Flores, Açores: a Ana, num dos locais que ela mais apreciou no mundo.

2002, Guincho, Cascais: da esquerda para a direita, Ana, Clara, Jack, Fernando e Paula.
O Maurício foi o fotógrafo.

2001, Herdade do Esporão, Alentejo.

20 julho 2005





Eu, a Paula, Clara e Jack, no passado dia 18, na Costa Nova, a sul de Aveiro.

REDESCOBRIR O MUNDO

Quem me conhece, sabe o quanto aprecio o contacto com outras culturas e a descoberta de outros mundos.
Pois bem, nesta fase da minha vida, estou interessado em percorrer o Mundo, fundamentalmente por três motivos:
- Os prazeres de viajar.
- A oportunidade de reencontrar amigos que vivem em diferentes locais.
- A possibilidade de descobrir um “canto” que me atraia, em que me sinta bem, no qual possa encarar uma vida diferente da que vivi nos últimos anos.

O que começou por ser uma possível volta ao mundo, ininterrupta, será um conjunto de viagens, a começar pela Europa, a partir do início de Setembro próximo.
Nessa ocasião, irei de carro (para já irei só, a não ser que algum de vós queira acompanhar-me) percorrer pelo menos uma parte da Europa ocidental. Os países de visita obrigatória são, para já: Espanha, França, Bélgica, Holanda e Alemanha.
Dependendo de vários factores, poderei ainda deslocar-me a Inglaterra, ou a países da Europa central – Áustria, Suiça, …
Por razões que se prendem com a reorganização da minha vida, terei que regressar a Portugal durante o mês de Outubro.
No primeiro trimestre de 2006, irei então partir para uma etapa mais longa, viajando sobretudo de avião, sem limite de tempo, esperando percorrer outras regiões.

Para que possamos manter os contactos, comprometo-me a dar-lhes notícias dos mundos que vier a visitar, através deste meio.
Para já, para que saibam o que for acontecendo, fica a promessa de eu publicar semanalmente, à segunda-feira, uma espécie de diário, que espero vos agrade, e que possam comentar.

Este projecto pode implicar, como já referi, que eu decida viver, durante não sei quanto tempo, noutro local que não em Portugal.
Com isto, quero dizer que esta minha intenção não deve ser interpretada como uma qualquer fuga. Simplesmente, devido às circunstâncias que condicionaram a minha vida nos últimos quatro anos, quero avaliar outros locais, em termos de condições de vida, segundo os princípios que prezo para a mesma.
Estes, de momento, não me fazem sentir prazer e conforto, vivendo em Portugal.
Se vier a encontrar o meu lugar no Mundo, espero que possa manter contactos com cada um dos amigos que estão em Portugal.
Depois de aqui viver 31 anos, muitos laços me unem a esta terra.

30 junho 2005

A BOA VIDA ...


Ontem, 29 de Junho, eu e mais cerca de 30 amigos e amigas desfrutámos de uma bela noite de convívio.

Tudo começou nas instalações (elegantes) da Fundação Oriente, anfitriã de um concerto protagonizado pelo Jack Glatzer, violinista e meu querido amigo.
No pátio contíguo ao jardim, o Jack brindou-nos com a sua destreza musical e eloquência verbal, interpretando músicas de quatro compositores, entre os quais o incontornável Niccolo Paganini.
A plateia composta por aproximadamente 100 espectadores, gostou e agradeceu.

Após o aperitivo musical, a maioria de nós, mais precisamente 25, caminhámos até ao Restaurante Jardim dos Sentidos, próximo da Praça da Alegria, sempre bonita, até no nome.
Neste restaurante, recente e desconhecido para quase todos nós, jantámos no jardim, generoso em espaço, e com abundância de palmeiras. De referir que nesta casa, de ambiente muito agradável, são servidas iguarias da classe vegetariana, o que não deve atemorizar os carnívoros.
Todos, sem excepção, teceram comentários elogiosos ao que nos foi servido, com grande simpatia, pela Rita Rodrigues e seu/suas ajudantes.

Foi uma noite de Verão para recordar … a boa vida.

20 junho 2005


Jack Glatzer num concerto efectuado no Palacio Foz, em Lisboa, em Dezembro de 2004. Fotografia de Mauricio Abreu. Posted by Hello

17 junho 2005

JACK GLATZER – Espectáculo único em Portugal

Quem conhece o Jack Glatzer, sabe o que nos espera: música erudita, para os apreciadores, e uma postura humana inigualável de riqueza e generosidade.
Quem ainda não o conhece, tem agora uma oportunidade rara de o ver e ouvir ao vivo, em Portugal.
Se querem mais informações, saibam que o Jack (para os amigos) nasceu nos E.U.A., mais precisamente no Texas. Desde cedo elegeu a música como a sua área profissional, e mais particularmente o violino.
Nos anos 60 do século XX, veio a Portugal à procura de um mestre de violino e, depois de o encontrar, tomou-se de amor por uma portuguesa, de Angola, Clara de seu nome, com quem decidiu viver em Portugal, quando não viaja pelos quatro cantos do mundo.

Pois bem, no próximo dia 29 de Junho, a partir das 18.30 horas, em Lisboa, nas instalações da Fundação Oriente, na Rua do Salitre, o Jack vai tocar a música de que gosta, para uma plateia de amigos. A entrada será gratuita.
Depois do concerto, iremos jantar, para o que aceito inscrições através do meu endereço de correio electrónico (fmouramachado@gmail.com).
Mais informações em www.jackglatzer.com e www.foriente.pt

Vemo-nos lá!

O Algarve, como eu gostaria que ele fosse. Posted by Hello

A Romy e o E. Jorge, em sua casa. Posted by Hello

A Lidia e o Alfredo, em vespera de Sto. Antonio. Posted by Hello

A Madalena, Jose e E. Jorge, a bordo do "Feng-Shui", frente a Albufeira. Posted by Hello

ALGARVE - Junho de 2005

A convite da Romy e do Eduardo Jorge, para aproveitarmos um fim de semana duplo, proporcionado pelos feriados de 10 e 13 de Junho, fui ao Algarve, região que não me entusiasma, sobretudo pelos excessos cometidos em nome do desenvolvimento turístico, e o elevado movimento de visitantes que inundam a região, sobretudo nos meses de Verão.

A Romy e o Eduardo Jorge são proprietários de uma casa agradável na Quinta do Lago, área que escapou à avalanche da construção de má qualidade e gosto.
Tendo chegado ao final da tarde, fomos jantar ao Restaurante António Tá Certo, na Praia do Garrão.
Local conhecido da Romy e do E. Jorge, com ampla esplanada, em cima do areal da praia, deserta à hora a que chegámos. O tempo estava perfeito, nem calor nem frio, sem vento, e o mar rolava sereno para a praia.
Depois de saudados pela proprietária do restaurante, Dina, que mais tarde fez uma dissertação apaixonada sobre os vários cães que com ela e o marido, cozinheiro, coabitam em família, encomendámos o jantar, sem ver o menu. Comemos com agrado um robalo grande, antecedido por amêijoas.
A custo, deixámos o local e fomos para casa.

No dia seguinte, dia de Portugal, preguiçámos e só saímos ao início da tarde para ir a Faro, almoçar num restaurante na área da praia. Esta é um exemplo do que de mau se fez no Algarve, no plano urbanístico, nas últimas décadas.
De volta a casa, a Romy e o E. Jorge entregaram-se às tarefas da cozinha, preparando o jantar para o qual convidaram outros amigos (Filomena e José Carlos; Ana Isabel e Joca) que também vieram para Sul.
Antes do jantar, fui passear a pé pelos terrenos circundantes do local em que nos encontramos, nomeadamente no campo de golfe, que estava deserto de pessoas, mas cheio de vida, sobretudo de aves, que também parecem apreciar estes amplos espaços verdes, por razões diferentes dos golfistas.
Os amigos convidados para o jantar estavam acompanhados pelos filhos, embora no caso da Ana Isabel e do Joca, apenas estivesse presente o Pedro, já que o Miguel continua a viver na Eslovénia.
Foi curioso verificar que os rapazes, Pedro e Rafael, já estão mais altos que os pais, comprovando a evolução genética da espécie a que pertencemos.
O serão foi bem passado, tendo a conversa incidido particularmente na recente viagem que a Ana Isabel, Joca, Pedro, Eduardo Jorge e Romy, e outros amigos fizeram a África (Quénia) por ocasião do 50º aniversário da Romy.
Pelas histórias desta viagem, será inesquecível para todos os que a fizeram, sendo que para alguns se tratou do primeiro contacto com África, e pelo menos para o Joca, foi um regresso, depois de uma longa ausência.

Sábado, levou-nos a Quarteira, novamente o Algarve no seu pior, para visitarmos o mercado de peixe, com fracas condições físicas mas, segundo os entendidos, com a melhor oferta de peixe fresco do Algarve.
O espaço do mercado estava superlotado, tanto de clientes como de peixe e outros seres marinhos.
A Romy e o E. Jorge escolheram uma garoupa e umas amêijoas, para o jantar de hoje, em que teremos a companhia de outros amigos, que também estão de passagem no Algarve.
Ao final da tarde, fui acompanhar o Joca e o Pedro, que foram jogar golfe. Este é um desporto que não me atrai, pelo simples facto de ser exigente em termos de tempo, para além de ser dispendioso. Em contrapartida, caminhar num campo de golfe proporciona bastante prazer.
O jantar, preparado pela Romy e pelo E. Jorge, consistiu num prato da cozinha angolana, que a todos agradou. Ao serão, vimos filmes e fotografias da recente viagem ao Quénia.

Domingo, foi passado em sossego com amigos, e ao final da tarde fui mostrar à Romy e ao E. Jorge, um lago nas redondezas que tem muitos cágados (?), que eles desconheciam.
Entretanto, tínhamos sido convidados por um casal de amigos deles, para jantar, na casa que têm em Pedras D’el Rei, próximo de Tavira.
Por ser véspera do dia de Sto. António, a Lídia e o Alfredo tinham decorado a casa a condizer com a época. Comemos boas sardinhas e febras assadas nas brasas, e passámos uma noite de convívio agradável.

Segunda-feira, dia de Sto. António, levou-nos, a mim e ao E. Jorge, até Albufeira, onde nos encontrámos com amigos e vizinhos meus (a Madalena e o José), que lá têm um veleiro acostado na marina.
O José e outros amigos, comproprietários do barco, tinham feito a viagem desde Cascais a Albufeira, no barco (Feng-Shui), nos dias anteriores.
Saímos para o mar, com vento moderado e sob o comando do José, velejador experiente, demos um passeio de algumas horas, de Albufeira a Armação de Pêra, em que pudemos confirmar os desvarios de construção ao longo da costa, às vezes em pontos de segurança precária.
Eu e o E. Jorge aprendemos um pouco da arte de velejar, graças à paciência do José. No final, de volta à marina, brindámos com espumante e comemos sushi, feito por brasileiros no supermercado Apolónia, em Almancil.
Ao fim do dia, partimos para nos encontrarmos com alguns dos amigos com quem já estivéramos antes (Ana Isabel, Joca, Paula e Luís Tavira) para jantarmos no restaurante Bar da Julia, na praia Maria Luísa, perto de Albufeira.
Aqui, local frequentado pela Paula e pelo Luís, deliciámo-nos com um magnífico peixe grelhado/escalado.
Depois, metemo-nos à estrada, a caminho de Lisboa.

30 maio 2005


2004, Algarve: Ana e Fernando.

2004, Azenhas do Mar: Ana, Clara e Jack.

2004, Algarve, Quinta do Lago: da esquerda para a direita, Joca, Ana, Ana Isabel, Romy e Eduardo Jorge.

2003, Albufeira de Alqueva, próximo da Adeia da Luz: Ana e Paula.

2003, Albufeira de Alqueva, próximo da Aldeia da Luz: Ana, Maurício e Paula.

2002: a Ana e o Moha em nossa casa, prontos para comer uma sopa de peixe, preparada pela Ana.

S. João do Estoril: Vista de minha casa para poente.

Viagem a Marrocos - Maio de 2005

As fotografias que se seguem foram feitas no decurso de uma viagem recente a Marrocos, excepto as últimas, de anos anteriores.
Desta recente viagem redigi um diário, publicado a seguir às fotografias, seguindo um hábito que a Ana cumpriu nas viagens que fizemos juntos.

Maio 2005, Espanha, Tarifa: ventos de mudança, para a minha vida.

Maio 2005, Marrocos, Tanger: o Thor e eu, com a costa do sul de Espanha em fundo.

Maio 2005, Marrocos, Tanger: o Thor e o Olivier, na Legação Americana, da qual o Thor é o Director residente.

Maio 2005, Marrocos, Meknes: o sector da pastelaria marroquina, no mercado.