29 abril 2007

Bondi Beach, Sidney, Austrália - Abril de 2007

VIAGENS, AMIGOS E SAUDADES



Prevejo chegar a Lisboa no início de Junho próximo. Estando há quase um ano ausente de Portugal, naturalmente, sinto falta de muitos(as) amigos(as) que lá vivem.
Assim, para matar saudades desses(as) amigos(as), proponho que nos encontremos no dia 3 de Junho, Domingo, a partir das 16.00 horas, em casa da Paula e do Maurício, na região de Palmela, a sul de Lisboa (ver mapa anexo).
Nesse fim de tarde, iremos conversar sobre viagens, as minhas e as de distintos viajantes que estarão presentes, jantar e celebrar a alegria de viver.

A participação neste encontro implica uma contribuição voluntária de comida e/ou bebida por parte de todos os presentes. Cada um levará o que achar mais conveniente.
Para que possamos coordenar as necessidades do grupo, solicito que os interessados se inscrevam, por e-mail, até ao próximo dia 20 de Maio.
Como ainda me encontro ausente de Portugal, solicitei a ajuda da querida amiga Susana Felizardo para tratar deste assunto. Assim, peço o favor de se dirigirem à Susana, para efectuarem as vossas inscrições. Os contactos dela são os seguintes:

E-mail: susanafelizardo@gmail.com
Telefone de casa: + 351 21 485 08 00
Telemóvel: + 351 93 524 73 05

Vemo-nos então no dia 3 de Junho!

28 abril 2007











Sidney: Opera House.













Sidney: vista da área de Circular Quay,
a partir da escadaria de acesso à Opera House.
Sidney: área central da cidade.














Sidney: observando o mar,
entre as praias de Bronte, ao fundo, e Bondi.
Sidney: Piscina Icebergs, em Bondi Beach.














Sidney: vista para a cidade, a partir da Baía de Watsons.














Sidney: A Tara e o Joshua,
em South Head, à entrada da Baía de Sidney.







Katoomba: vista panorâmica sobre as Blue Mountains,
com as Three Sisters à esquerda,
a partir do miradouro de Echo Point.
AUSTRÁLIA – SIDNEY E AS MONTANHAS AZUIS

Cerca de três horas e meia depois de deixar Auckland, o avião em que viajo aterra em Sidney. No aeroporto, esperam-me a Tara e o Joshua, jovens amigos australianos, aqui residentes.
A Tara e o Joshua, conheci-os há cerca de dez meses, no início desta minha viagem, em Atins, no Brasil. Desde então, mantivemos contactos e sabia que seria bem-vindo para ficar em casa da Tara e do Joshua, em Sidney.
Eles habitam agora, desde que terminaram a sua viagem à volta do mundo, no final de 2006, em Sidney, de onde a Tara é nativa, sendo o Joshua de Melbourne. Há pouco tempo instalaram-se num pequeno apartamento alugado, no bairro de Bronte, uma das áreas urbanas localizadas na costa oceânica.

Sidney, a maior cidade da Austrália, tem hoje uns 5.000.000 de habitantes, que se distribuem por uma vasta área geográfica. O centro da cidade, onde a mesma nasceu, está situado junto ao mar, frente a uma imensa baía, bastante recortada. Esta baía comunica com o oceano através duma passagem relativamente estreita, e divide a cidade nas áreas Sul e Norte. Actualmente, com o crescimento urbano e demográfico, a cidade desenvolveu-se tanto pelo litoral, como para o interior, sendo os bairros situados mais próximo da costa aqueles que gozam de melhor reputação, e os mais valiosos para o mercado imobiliário.
Os primeiros contactos com a cidade, onde havia estado há treze anos, revelam uma população multicultural, com grande diversidade étnica, particularmente representativa de países asiáticos.
Sidney, sobretudo pelas suas características geográficas e humanas, revela-se atraente para os visitantes, que se integram com facilidade na vida urbana.
Na verdade, poucas são as grandes metrópoles que conheço, onde desde os primeiros contactos, me sinto tão à vontade como aqui.
No dia seguinte à minha chegada, na companhia do Joshua, que por enquanto está desempregado, caminho até à praia de Bronte – cerca de dez minutos de distância – numa manhã ensolarada e quente, observando uma multitude de aves coloridas e ruidosas que habitam nesta região.
Chegados à praia, com um amplo parque ajardinado ao lado, onde predominam os surfistas, ou não estivéssemos na Austrália, onde o surf é uma paixão, o Joshua propõe um passeio ao longo da costa, para Sul. Numa das extremidades da praia de Bronte descubro uma excelente piscina oceânica, perto do mar, com as ondas a rebentarem ali mesmo ao lado. A utilização desta piscina, como de outras que existem ao longo desta costa, é gratuita. Noutro dia, aproveitando o resto do Verão que por aqui se faz sentir, dei uns mergulhos nesta piscina.
Observo com curiosidade as formações rochosas multicolores que definem a linha de costa. Logo após deixarmos a área de Bronte, cruzamos o terreno dum cemitério antigo, local de eleição para quem nele está sepultado, com vista panorâmica para o mar.
Pouco depois, passamos frente ao Clovelly Bowling Club, onde algumas dezenas de homens e mulheres de idade avançada jogam uma espécie de bowling, ao ar livre, em piso relvado, magnifico. Reparamos que todos falam italiano, pelo que supomos tratar-se dum grupo de imigrantes italianos que há muito aqui residem, mantendo a tradição linguística. A localização deste clube é soberba, num promontório, com vista ampla, sem obstáculos, sobre o mar.
Depois de cruzarmos várias pequenas baías, com praias e piscinas, sempre limpas, chegamos à baía de Coogee, bastante maior que as anteriores. Aqui, para além da praia e da área adjacente ajardinada, existe bastante comércio nas ruas mais próximas, para além de áreas residenciais, como aliás ao longo de toda esta costa.
A descrição deste meu primeiro passeio matinal pelo litoral de Sidney, serve também para referir que, ao longo de toda a costa da área urbana da cidade, existem dezenas de quilómetros de percursos pedestres bem definidos, e bem construídos, que permitem às pessoas fruírem dos espaços exteriores com facilidade.
Mais tarde, tive ocasião de caminhar, também a partir de casa, para Norte, em direcção a Bondi, a praia mais popular de Sidney.
Bondi goza de bastante fama, pelo que não é de estranhar que a praia, ampla, tenha mais público que as outras, e que as ruas mais próximas estejam repletas de comércio. No extremo Sul da praia, existe uma excelente piscina oceânica, de dimensões olímpicas, que pertence ao Bondi Icebergs Club, fundado na primeira metade do século XX, quando a praia de Bondi se tornou num pólo de atracção para os habitantes da cidade.
Esta piscina, embora possa ser utilizada por visitantes ocasionais, mediante entrada paga, é sobretudo frequentada pelos sócios do clube, que têm que efectuar um número mínimo de banhos por ano, mesmo no Inverno, sob pena de perderem o direito de utilização da piscina. Ao observar as pessoas que ali nadavam, apercebi-me que na maioria, eram excelentes nadadores, provavelmente alguns deles ex-atletas olímpicos.
No mesmo edifício onde está sedeado o clube, existem dois restaurantes, ambos com magnificas vistas para a praia. Um deles, Icebergs, é um excelente restaurante, como pude comprovar numa visita posterior, para jantar, na companhia da Tara e do Joshua.

Noutra ocasião, também com a Tara e o Joshua, fomos de carro até Watsons Bay, para então daí fazermos um passeio a pé até ao ponto mais a norte desta costa, South Head, onde a baía de Sidney comunica com o oceano.
Nesta área, situa-se uma de duas praias para a prática de nudismo na área de Sidney.
Frente a South Head, no outro lado da entrada da baía, situa-se North Head, continuando para norte a área urbana litoral da cidade.
Noutro dia, com o Joshua, fizemos o Hermitage Foreshore Scenic Walk, passeio pedestre que liga Rose Bay a Shark Beach, uma bela praia protegida por uma rede, para evitar a aproximação de tubarões. Este passeio, percorre uma área residencial de luxo, com grandes mansões, e vistas magnificas para o centro da cidade e a Harbour Bridge. Rose Bay serve de pista para hidroaviões que efectuam voos turísticos pelo que, à medida que caminhámos, observámos os aviões a amararem e a levantarem das águas da baía.

A minha primeira deslocação ao centro de Sidney é feita de barco, a partir dum ponto da costa, Rose Bay, onde param os barcos de transporte público que servem toda a área da baía.
No percurso até Circular Quay, centro nevrálgico dos barcos que servem as áreas litorais da cidade, passamos frente ao conjunto arquitectónico mais famoso de Sidney, designado como Sidney Opera House. Este símbolo da cidade edificado há pouco mais de trinta anos, está localizado num local fronteiro à baía, ao lado do Jardim Botânico, magnifico espaço de lazer.
As áreas envolventes da Opera House foram requalificadas nos últimos anos, denotando uma qualidade equiparada à do mais significativo símbolo da cidade, proporcionando aos milhares de visitantes diários daquela área urbana uma experiência bastante agradável.
Quanto ao Jardim Botânico, amplo e repleto de espécies botânicas interessantes, tem um bom restaurante “Botanic”, situado numa área central, onde também habitam milhares de morcegos que, durante o dia, podem ser facilmente observados pendendo das árvores que circundam o restaurante.
Voltando à Opera House, caminhando no sentido oposto ao do Jardim Botânico, em poucos minutos se chega ao terminal de barcos, Circular Quay, assim como a uma estação ferroviária, e a um terminal de autocarros, a partir dos quais podemos aceder a qualquer outra área da cidade.
Aqui ao lado, encontra-se o Museu de Arte Contemporânea, com uma boa cafetaria, e a área designada The Rocks, na qual a cidade foi fundada no final do século XVIII, sendo então o primeiro aglomerado populacional europeu, permanente, na Austrália.
Hoje, a área The Rocks é uma das mais populares atracções turísticas de Sidney, com os seus edifícios originais restaurados, ocupados na maioria por estabelecimentos comerciais. Logo a seguir, encontramos outro dos símbolos de Sidney, a ponte Harbour Bridge, famosa pelos espectáculos de fogo de artifício que nela são apresentados no final de cada ano.
De Circular Quay, caminhando, é um curto passeio até ao centro financeiro e comercial da cidade, onde também se encontra o município, Town Hall.
Nesta área, repleta de vida durante o dia, abundam os restaurantes das mais diversas culturas, particularmente asiáticas. Num final de tarde, passeando pelas ruas desta parte de Sidney, penetrei numa área definida por alguns edifícios de escritórios, bastante altos, para me encontrar na World Square, onde me sentei num banco. Observando os sinais de vida em meu redor, tive a sensação de estar numa grande metrópole asiática, provavelmente no Japão, Coreia ou China, tantas eram as pessoas originárias destes países que ali se encontravam, e tantos os restaurantes asiáticos existentes nas redondezas.
Naquela noite, jantei num restaurante espanhol, onde trabalham dois portugueses, da Ilha da Madeira.
A propósito de portugueses, aqui em Sidney existe uma comunidade portuguesa importante, que ocupa particularmente a área de Petersham, com os habituais estabelecimentos comerciais. Não visitei esta área da cidade mas, pude observar que, na Austrália existem vários sinais da gastronomia portuguesa tais como, os pastéis de nata, que se encontram frequentemente nas pastelarias, e os frangos assados, em casas de comida rápida, com nomes portugueses como “O Galo” e “OPorto”.
Mas, no que a comida diz respeito, o que mais me agradou nesta estada na Austrália foi a área alimentar do estabelecimento comercial David Jones. Este centro comercial, com tradição na vida da cidade, tem o melhor serviço de produtos alimentares que conheço no mundo, neste tipo de casas comerciais.
É uma área ampla, infelizmente subterrânea, onde podemos comprar tudo o que pretendemos de comida, com uma qualidade irrepreensível. Para além dos produtos para consumo caseiro, neste mesmo local podemos escolher entre inúmeros bares, tais como, Sushi, Ostras e Mariscos, Queijos, Massas, Noodles, e o meu preferido, o bar de Sumos e Frutas, onde servem saladas de fruta com o melhor iogurte que me lembro de ter comido.
Ainda nesta área urbana, merece destaque o edifício Queen Victoria, por certo um dos centros comerciais mais elegantes do mundo.

Aproveitei a minha estada em Sidney para visitar a região das Blue Mountains, situada a menos de duas horas de carro da cidade. Por se tratar duma vasta área natural, projectei alugar um automóvel para ter maior liberdade de movimentos. Num dos centros de informações turísticas de Sidney, solicitei a reserva duma viatura por três dias, tendo pago o serviço.
No dia previsto para viajar, lá fui com a minha mala até ao escritório da empresa de aluguer de automóveis, para receber o carro. Apresentei os documentos habituais, passaporte e licença internacional de condução, para ser surpreendido quando me pediram a minha carta de condução de Portugal. Não a tenho comigo, deixei-a em Portugal, pensando que seria inútil.
Segundo os empregados da empresa, a lei australiana obriga os clientes estrangeiros a apresentarem, para além da licença internacional, a do país de origem.
Desiludido, resolvi viajar de comboio. Da estação central de Sidney até Wentworth Falls são quase duas horas de viagem, com muitas paragens.
Chegado a Wentworth Falls, encontro-me com a Katherine, sobrinha da Cecilie, amiga residente em Hamilton, NZ. A Katherine reside há vários anos nesta pequena localidade, com o Garth, seu companheiro.
Nessa noite, jantamos em casa deles, na companhia dum casal amigo e vizinho, Roslynn e Brian, e lá durmo.
Como não tenho carro, a Roslynn fez o favor de nos emprestar o dela, para eu e a Katherine podermos dar um passeio pela região. Assim, no dia seguinte, percorremos algumas dezenas de quilómetros à volta de Wentworth Falls, para poder ver um pouco da área das Blue Mountains. Esta está hoje classificada como Património Natural da Humanidade, pela Unesco, e compreende o território de vários Parques Naturais, com uma área total de cerca de 1.000.000 de hectares.
O nome da região, Blue Mountains, é atribuído à tonalidade azul que normalmente se observa na luz, reflectida pelas copas dos eucaliptos que cobrem a maioria do terreno.
A topografia do terreno é definida por montanhas não muito altas, com ravinas íngremes que se despenham em vales extensos, cobertos por densas florestas.
De referir que há poucos anos, foi aqui descoberta uma espécie arbórea que se julgava extinta há milhões de anos, o pinheiro Wollemi.
As paisagens são magníficas, podendo os visitantes caminhar em muitos locais, por percursos construídos para o efeito.
Na companhia da Katherine, visitámos as áreas de Wentworth Falls, Blackheath, na qual se encontravam encerrados muitos dos caminhos pedestres, devido a um grande incêndio ocorrido no final de 2006, que devastou milhares de hectares de vegetação, e a área de Katoomba, o principal centro habitacional da região.
É aqui que eu fico, despedindo-me da Katherine. Depois de instalado num motel, caminho até ao Echo Point, estupendo miradouro, não apenas pela localização, mas também pela adaptação efectuada há poucos anos para melhorar as condições dos visitantes.
Deste local, podemos observar um panorama grandioso, que inclui umas formações rochosas chamadas Three Sisters, provavelmente a maior atracção natural da região. As Three Sisters podem também ser observadas mais de perto, caminhando por um trilho, o que eu faço.
A pouca distância de Echo Point, situa-se uma outra atracção chamada Scenic World. Este é um empreendimento privado, que permite aos visitantes descerem ao vale, utilizando dois meios de transporte: um comboio que começou por ser utilizado no final do século XIX, para transporte de mineiros que trabalhavam numa mina de carvão que ali funcionou, tendo mais tarde evoluído para o transporte de caminhantes que desciam ao vale, por um trilho precário, solicitando então aos mineiros que os transportassem de regresso ao topo, para evitar o esforço físico.
Hoje, para além desse comboio, que reclama para si ter o desnível mais acentuado no mundo, superior a 50%, existe um teleférico sofisticado, que desce cerca de 300 metros em poucos minutos, sendo este o meio de transporte que eu escolho. Chegado ao vale, percorro um caminho bem desenhado e construído, em plataformas elevadas, de madeira, com cerca de 2 km de extensão, que me permite observar de perto a floresta e vida animal. Este passeio passa também pelo local onde antigamente funcionou a mina, agora encerrada, com informação histórica interessante.
Para além dos dois meios de transporte mencionados, existe um terceiro que efectua um percurso horizontal, entre dois pontos elevados, suspenso por cabos, que permite observar na vertical a floresta situada no vale, sendo o piso da cabina em vidro.
Nos dois dias passados em Katoomba, merece ainda destaque o Restaurante Mes Amis, situado num edifício inicialmente construído para uma igreja, propriedade dum chefe de cozinha francês.

Agora é tempo de me concentrar na próxima etapa da minha viagem, que me vai levar a Singapura por três dias, para então seguir para Joanesburgo, na África do Sul.
A visita à África do Sul será também especial, porque nasci em África, em Angola, próximo da África do Sul, onde estive por diversas vezes, quando vivi em Angola, que deixei há 33 anos.
A minha estada na África do Sul, até ao meu regresso a Portugal, será passada na companhia de amigos sul-africanos, a Margie e o Bruce, que planearam uma viagem pelo país, percorrendo várias regiões, que aguardo com bastante expectativa.
Por ser a última etapa desta viagem, que prevejo seja bastante activa, penso não publicar qualquer crónica nas próximas semanas, mesmo que tenha acesso à Internet.

14 abril 2007















O navio Waimarie, a navegar no Rio Whanganui.














Monte Ruapehu, Parque Tongariro.
Silica Rapids,
Monte Ruapehu,
Parque Tongariro.














Gentiana Bellidifolia-Variedade Australis, minúscula flor,
no Parque Tongariro.
Orakei Korako/
/The Hidden Valley.
Craters of the Moon, Taupo.
Huka Falls, Taupo.














Lago Tarawera, próximo de Rotorua,
com o Vulcão Tarawera em fundo.
A ILHA DO NORTE – DE WELLINGTON A AUCKLAND

No último dia de Março, regresso à Ilha do Norte, fazendo o percurso de barco entre Picton e Wellington.
Chegado a Wellington a meio da tarde, com tempo chuvoso, sigo viagem, pelo lado ocidental da ilha, a caminho de Wanganui, onde chego já de noite.
Wanganui é uma cidade interessante, localizada junto à foz do Rio Whanganui, que desagua no Mar da Tasmânia.
Uma das atracções de Wanganui é um barco antigo, movido a carvão, recuperado há alguns anos, após ter sido utilizado, como outros do mesmo estilo, durante muitos anos, como navio de carga e transporte de passageiros, no Rio Whanganui.
Hoje, o “Waimarie” navega de novo no rio, passeando visitantes a um ritmo de outrora. O leito do rio é tranquilo, o que possibilita uma viagem calma, apenas ensombrada por uma forte chuvada que fustigou o navio na parte final do percurso.
Outras das atracções de Wanganui são os seus belos jardins, espaços de lazer propícios a passeios agradáveis e à contemplação da natureza, bem como às muitas aves que por aqui habitam.

De Wanganui dirijo-me para o interior, para norte, em direcção ao Parque Tongariro, o mais antigo de todos os Parques Naturais da NZ.
Para lá chegar, percorro mais uma bela estrada, sinuosa, primeiro ao longo do leito do Rio Whanganui, e mais tarde por entre florestas de pinheiros, subindo em direcção ao planalto central da ilha, onde se situa o Parque Tongariro.
Este parque tem um duplo estatuto de Património da Humanidade, como área natural e também cultural. Do ponto de vista da natureza, sobressaem três cumes montanhosos, vulcânicos, Tongariro, Ngauruhoe e Ruapehu.
Este último, um vulcão activo, teve recentemente, há poucas semanas, uma manifestação de vida que foi amplamente noticiada. O Monte Ruapehu, tinha a sua cratera repleta de água e detritos, sendo aguardada uma descarga parcial, mediante a ruptura duma parte da parede da cratera. Para prevenir tal acontecimento, designado como “lahar”, que em meados do século passado provocou uma tragédia, quando a torrente de lama e detritos colheu um comboio de passageiros, vitimados pela enxurrada, as autoridades procederam a uma série de trabalhos, no sentido de controlar os elementos da natureza, quando acontecesse a “lahar”.
E foi precisamente isso que aconteceu há pouco, quando mais de um milhão de metros cúbicos de lama e detritos, derramados pela cratera do vulcão Ruapehu, correram encosta abaixo, levando consigo tudo o que estava no seu caminho, mas sem qualquer prejuízo significativo, nem perdas humanas.

É pois na base do vulcão Ruapehu que eu vou passar as próximas duas noites, numa pequena povoação chamada Whakapapa, onde para além de alguns hotéis, existe um excelente centro de informações do DOC (Department of Conservation).
Neste parque, existem inúmeros passeios pedestres disponíveis, literalmente para todos os gostos e capacidades físicas dos caminhantes. Provavelmente o mais popular de todos, por muitos designado como “o mais belo passeio dum só dia da NZ”, seja o “Tongariro Crossing”, longo percurso pelo planalto, com vistas soberbas para os três vulcões e lagos de águas cristalinas.
Mas, o “Tongariro Crossing” é demasiado exigente para mim, pelo que me contento em fazer, no mesmo dia, dois outros belos passeios, cada um com cerca de tês horas de duração.
Pela manhã, comecei pelo “Sílica Rapids”, que começa numa espécie de estepe, na encosta do Ruapehu. Em determinada altura, chego ao local onde confluem dois pequenos rios que correm velozes montanha abaixo. Um deles, tem a água cristalina, o que não surpreende, mas o outro, Waikare, cujo leito dista do anterior apenas algumas dezenas de metros, apresenta uma cor amarela clara, como se alguém tivesse pintado o leito do rio, embora a água seja igualmente cristalina.
A coloração do leito deste rio deve-se ao facto da água conter minerais (em inglês, alumino-silicate) que vão sendo depositados no fundo, à medida que a água desliza pela encosta da montanha. Mesmo depois da junção dos dois rios, durante algumas centenas de metros, permanece a situação.
Continuando o passeio, ao longo deste rio, o trilho entra numa área florestal onde mais uma vez, encontro as aves mais engraçadas que conheço na NZ. Refiro-me aos pequenos “Fantails”, pouco maiores que pardais, que devem o nome ao facto de terem uma cauda que, em determinadas ocasiões abrem, como se dum leque se tratasse. Como se isto já não fosse suficientemente interessante, ainda se dão ao prazer de se aproximarem dos caminhantes, normalmente em áreas com bastante vegetação, fazendo um voo errante, como se fossem borboletas, à nossa volta. Habitualmente, os “Fantails” apresentam-se em pares, provavelmente casais.
Depois de cruzar alguns outros cursos de água, sempre por pontes de madeira, o percurso termina junto à estrada que sobe para a estância de esqui que se encontra alguns quilómetros acima de Whakapapa.
Após o almoço, avanço para o segundo passeio do dia, “Taranaki Falls”, que começa à porta do hotel onde me encontro. Também este começa numa área de vegetação rasteira, para depois passar por uma floresta, voltando aos espaços amplos, rochosos, até alcançar o topo duma elevação, do qual se despenha a água dum pequeno rio, até alcançar a base, onde um pequeno lago de águas transparentes convida no mínimo à contemplação, prosseguindo então o leito do rio, já sereno.
Esta parte do percurso, ao longo do rio, por entre uma bela floresta, faço-a na companhia duma família irlandesa, o casal Paula e John, e os filhos Sadhbh (este nome irlandês pronuncia-se “Saive”) e Finn, residentes em Tóquio, Japão.
Eles estão pela primeira vez na NZ, aproveitando um curto período de férias, duma semana. Naturalmente, estão encantados.

No dia seguinte, parto do Parque Tongariro, seguindo para norte, abordando o Lago Taupo, o maior lago da NZ, por sul, percorrendo então o seu lado oriental, até chegar à cidade de Taupo.
Nesta parte do percurso, observo várias referências à abundância de trutas, nas águas do lago e nos cursos de água mais próximos. Aliás, esta região é considerada das melhores do mundo para a pesca de trutas, não apenas pela abundância destas, mas também pelo tamanho.
Infelizmente, a única forma de podermos apreciar este peixe, como comida, na NZ, é pescando-o, já que não se encontra à venda, sendo interdita a sua comercialização.
A cidade de Taupo, situada no lado norte do lago, goza das mesmas regalias doutras cidades da NZ: excelente localização, uma frente de lago com magnificas condições para passeios, piqueniques, ou simplesmente para praia, belos jardins (particularmente a Reserva Botânica Waipahihi) e, como valor acrescentado, locais próximos onde se podem observar manifestações secundárias de vulcanismo.
Estes sinais de vulcanismo, estão ligados a diversos vulcões activos que se encontram na Ilha do Norte, mas também a um vulcão extinto que existiu onde hoje está o Lago Taupo, que se formou quando aqui ocorreu a maior erupção vulcânica registada no planeta nos últimos milhares de anos. Esta erupção terá sido tão violenta que, toda a Ilha do Norte ficou coberta pelas cinzas emanadas pelo vulcão.
Das muitas áreas de interesse abertas a visitas, onde se podem observar manifestações secundárias de vulcanismo, próximas de Taupo, pude visitar “Craters of the Moon”, onde, numa área de dezenas de hectares, caminhamos quase sobre brasas, tantas são as erupções de gazes e líquidos que surgem de todos os lados.
Estas manifestações de energia provenientes do interior da terra resultam em constantes mutações à superfície, já que a NZ se encontra num ponto de confluência de duas placas tectónicas que se movimentam, colidindo.
Um pouco mais distante de Taupo, situa-se a área de “Orakei Korako”, também conhecida como “Hidden Valley”. A entrada nesta área faz-se através dum lago, que se percorre de barco, para então caminharmos por um trilho que nos leva a diversos locais onde ocorrem grande quantidade, e maior variedade, de manifestações secundárias de vulcanismo, que no local anteriormente descrito.
Ainda nos arredores de Taupo, merece destaque o local designado “Huka Falls”, onde o leito do Rio Waikato, um dos mais importantes da Ilha do Norte, estreita subitamente, fazendo com que as águas percorram um longo canal rochoso, com cerca de 15 metros de largura, ganhando velocidade e força, para então se despenharem numa pequena mas vigorosa queda de água.

De Taupo, viajo um pouco para norte, para Rotorua, também ela situada junto a um grande lago, com o mesmo nome, cidade importante, sobretudo pela cultura Maori, que tem nesta região a sua presença mais significativa, e também pelas abundantes manifestações secundárias de vulcanismo.
A minha curta estada em Rotorua permite-me apenas visitar os arredores localizados a sudeste, onde se encontram vários outros lagos. Um destes, o maior, Lago Tarawera, de grande beleza cénica, tem ao seu lado o Monte Tarawera, vulcão inactivo, que em 1886 teve uma violenta erupção, a qual destruiu uma área então designada de Terraços Brancos e Rosa, que pela beleza e dimensão era uma atracção turística importante nesta região.
Infelizmente, a erupção vulcânica de 1886 do Vulcão Tarawera fez com que os Terraços fossem submersos pelas águas do Lago Tarawera mas, mesmo assim, a área atrai a atenção de muitas pessoas, como atestam as centenas de casas que bordejam o lado ocidental do lago.

De Rotorua sigo para Hamilton, para me despedir da minha amiga Cecilie, que me acolhe com muita alegria e carinho, para então fazer o último percurso de estrada até Auckland.
Aqui, antes de sair da NZ, fico duas noites, para tratar de alguns aspectos logísticos, e para me despedir da NZ.
No último dia passado em Auckland, almoço no Mercado de Peixe, deliciando-me com uma dúzia de ostras de Bluff, e admiro mais uma vez os magníficos iates que se encontram no Porto de Recreio mais próximo do centro da cidade.

Setenta e quatro dias passados na NZ, quase 7.000 km percorridos nas suas estradas, e duas mil seiscentas e trinta e quatro fotografias aqui tiradas, resultam numa experiência inolvidável, que me fará cá voltar, logo que possível.

Agora, sigo para a Austrália, com três objectivos: visitar amigos lá residentes, conhecer melhor a cidade de Sidney, e descansar.

06 abril 2007















Lago Wanaka: na companhia das aves.








Wanaka: exposição fotográfica junto ao lago.














Nos arredores de Wanaka, a caminho do Parque Mount Aspiring.














Nos arredores de Wanaka, a caminho do Parque Mount Aspiring.














Estrada de Wanaka para Queenstown.














Lago Te Anau, com as montanhas do Parque Fiordland em fundo.
Milford Track: grupo de caminhantes, preparados para iniciar o percurso de quatro dias.














Milford Track: ponte suspensa.
Milford Track:
Wetland Walk.
A caminho de Milford Sound: Mirror Lakes.
A caminho de Milford Sound: The Chasm.














A caminho de Milford Sound, após passar o túnel.














Milford Sound: a majestade da natureza.














Lago Te Anau: a Charlotte e o Joel, jovens neozelandeses,
de férias no seu país.














Península de Otago.














Península de Otago: tarde de nevoeiro.














Oamaru: na área da colónia de pinguins azuis.
Christchurch:
a escultura "Chalice",
na Praça da Catedral.















Christchurch: passeio de barco no Rio Avon.
Christchurch:
Jardim Botânico.














Kaikoura: vista panorâmica, ao fim do dia,
a partir do miradouro do Kaikoura Peninsula Walkway.














Kaikoura: uma baleia (Sperm Whale), a mergulhar.
A ILHA DO SUL – DE FOX GLACIER A PICTON

A minha viagem para sul, pelo lado ocidental da Ilha do Sul, continua.
De Fox Glacier, sigo hoje para Wanaka, pequena cidade situada a norte de Queenstown, por uma estrada que se revelou absolutamente inesquecível.
Na região dos glaciares as condições meteorológicas estão más, pelo que me resigno a viajar debaixo de chuva.
A primeira parte do percurso, até à povoação de Haast, é feita a curta distância da costa, parcialmente com o mar à vista. Cruzo muitos rios, com caudais turbulentos, que trazem água e muita pedra das montanhas próximas. A maior parte das pontes sobre os rios são de via única, tendo os condutores que respeitar a sinalização que estabelece prioridade para um dos sentidos. Na NZ, em todas as regiões por onde tenho viajado, mais de metade das pontes são de via única. Imagino que esta característica se deve ao facto de não haver tráfego que justifique a construção de pontes de duas vias na maioria das estradas do país.
A partir de Haast, a estrada dirige-se definitivamente para o interior, ao longo do rio Haast, que tem um leito muito largo, embora não leve agora muita água.
Em breve, no lado direito da estrada surgem montanhas volumosas com vegetação densa. Esta área corresponde ao extremo norte do Parque “Mount Aspiring”, o terceiro maior da NZ. Durante 140 km, a estrada leva-me ao longo do parque, ainda com chuva, pelo que das encostas escarpadas das montanhas, jorram inúmeras cascatas, cuja água se despenha até à estrada.
Ao longo do caminho, encontro vários percursos pedestres sinalizados, para passeios no parque. Infelizmente, por razões diversas, não posso parar para passear a pé, com a excepção dum curto passeio que me leva às cataratas “Thunder Creek”, e pouco depois, no “Haast Pass”, onde existe uma ponte apertada, por baixo da qual o rio corre turbulento, entre rochas volumosas.
Por entre montanhas e florestas densas, prossigo a viagem, agora já sem chuva até que, chego ao extremo norte do Lago Wanaka, sabendo que o meu destino do dia é a cidade com o mesmo nome do lago, Wanaka, que se situa na ponta oposta do lago. Embora relativamente estreito, mais ou menos a largura do Rio Tejo frente a Lisboa, o Lago Wanaka tem várias dezenas de quilómetros de comprimento.
Antes de chegar a Wanaka, cidade, a estrada afasta-se temporariamente do lago que apresentei, para tocar um outro vizinho, o Lago Hawea, não tão grande como o primeiro mas mesmo assim, de dimensões consideráveis.
Chegado a Wanaka, encontro uma pequena cidade excelentemente localizada à beira do lago, com montanhas em fundo, e uma marginal cuidada, com extensas áreas ajardinadas, que permitem às pessoas usufruir da beleza do local de modo privilegiado.
Nesta altura, junto ao lago, está patente ao público uma exposição fotográfica que esteve em Lisboa há poucos anos, do Fotógrafo francês Yann Arthus- Bertrand, dedicada ao planeta Terra, visto do ar. A exposição foi muito bem montada, em dezenas de painéis ao longo de centenas de metros, junto ao lago, podendo ser visitada a qualquer hora do dia ou da noite.
Aqui, no lago, vivem muitas aves marinhas, particularmente patos e gaivotas. Se bem que por toda a NZ as aves demonstrem alguma confiança nos seres humanos, não fugindo destes à menor aproximação, foi aqui que presenciei as melhores relações entre estas duas espécies, as aves e os humanos.
Várias vezes observei que, pessoas que se sentavam perto do lago para comer, eram abordadas de imediato por patos, gaivotas e pardais, que lhes faziam companhia, indo comer à mão das pessoas, quando para isso convidadas.
Em Wanaka, fico hospedado em casa do casal Caroline e Suzie, ambas britânicas, que emigraram há quase dez anos para a NZ, não pensando regressar à Europa.

Wanaka é mais um exemplo de, como na NZ a qualidade de vida é medida não em função da quantidade de centros comerciais, que não existem em Wanaka, mas sim pela qualidade ambiental e urbana.
Para além dos lagos, e do grande Parque “Mount Aspiring”, Wanaka tem nas proximidades duas estâncias de desportos de Inverno, de nível internacional, que asseguram um fluxo permanente de visitantes.
Não visitei nenhuma destas estancias, até porque as montanhas ainda têm pouca neve mas, as minhas anfitriãs disseram-me que, há poucos anos atrás, foi apresentado à comunidade um projecto que visava a construção dum teleférico que iria transportar pessoas do sopé duma das montanhas, até ao cume, onde existe uma estancia de esqui.
Este projecto foi sujeito a um referendo local, e foi reprovado, para que a área de implantação, de grande beleza paisagística, como pude constatar, não fosse afectada.

De Wanaka, sigo para sul, com destino a Te Anau (pronuncia-se “tiánau”). Para lá chegar, tenho que passar por Queenstown, a cidade mais cosmopolita do lado ocidental da Ilha do Sul.
Antes de lá chegar, passo por Arrowtown, uma pequena localidade de interesse histórico, devido à prospecção de ouro, no final do século XIX, o qual trouxe muitos forasteiros para este local, nomeadamente chineses.
Hoje, já sem a riqueza do ouro, a povoação vive do turismo, mantendo o seu património arquitectónico em bom estado, para além de estar situada numa área de grande beleza paisagística.
Queenstown tem uma localização privilegiada, também junto a outro grande lago, Wakatipu, e está rodeada de montanhas que dificultam o crescimento urbano. A cidade tem uma imagem orientada para os chamados desportos radicais, reclamando ser o principal centro nacional para todo o tipo de actividades que desafiam as regras tradicionais. A título de exemplo, refiro que foi na NZ que o “bungee jumping” foi inventado
Assim, não me surpreendo ao encontrar em Queenstown uma grande quantidade de lojas de empresas que vendem serviços e produtos dedicados a actividades mais ou menos estranhas, que podem ser praticadas na região.
Como este não é um tema que me seduza, passo apenas umas horas em Queenstown, onde almoço, para seguir a minha viagem.
Daqui até Te Anau, percorro mais uma bela estrada, primeiro ao longo da margem oriental do Lago Wakatipu, com as montanhas à minha esquerda, para depois a paisagem se tornar mais ampla, com extensos campos agrícolas, onde predominam grandes rebanhos de ovelhas, vacas e veados.
Ao fim da tarde, chego a Te Anau, pequena povoação, igualmente localizada frente a um vasto lago, Te Anau. Aqui, a grande atracção é o que se vislumbra no lado oposto do lago, a natureza. Talvez pelo facto de não haver qualquer sinal de presença humana na margem oposta do lago, ocupadas por extensas florestas que cobrem as encostas das montanhas, vive-se um clima de grande tranquilidade, como se o mundo estivesse em equilíbrio.

A partir de Te Anau, tenho acesso ao maior parque natural da NZ, Fiordland, com 1.200.000 hectares de superfície. O Parque Fiordland, património natural da humanidade, tem algumas das maiores atracções da NZ, particularmente as áreas costeiras designadas Milford Sound e Doubtful Sound, e o Milford Track.
Como tenho limitações de tempo, escolho visitar Milford Sound, e caminhar durante um dia no Milford Track.
Para desfrutar ao máximo destes templos da natureza, observo cuidadosamente as previsões meteorológicas para os próximos dias, já que esta região tem níveis extraordinariamente elevados de pluviosidade, chegando nalgumas áreas do parque aos 8.000 milímetros de chuva por ano, e alterações frequentes do tempo.
Assim, decido começar pelo Milford Track já que, o programa inclui uma caminhada de cerca de 11 km, durante aproximadamente cinco horas.
Para se perceber melhor quão instáveis são as condições meteorológicas nesta região, cito dois casos concretos, ambos recentes. Quando estive em Auckland, referi que a Lisa, Richard e Rachel se preparavam para caminhar o Milford Track na íntegra (53,5 km feitos em quatro dias). Isso aconteceu no passado mês, e segundo eles, durante os quatro dias tiveram um tempo magnífico, com sol, sem chuva, o que é extraordinário.
Condições opostas encontrou um casal australiano que teve a sua primeira experiência no Milford Track, e que experiência, há poucos dias.
Segundo eles, desde o primeiro dia que tiveram chuva e, ao terceiro dia, o terreno estava praticamente intransitável, tendo que caminhar frequentemente com água acima da cintura. A paisagem era de estarrecer, pois as montanhas transformaram-se em gigantescas cataratas.
Com condições tão adversas, acabaram prematuramente o passeio, sendo evacuados de helicóptero.
No meu caso, com previsões meteorológicas favoráveis, parti de Te Anau integrado num grupo de dez visitantes (de países tão diversos como o Japão, Canadá, EUA, Irlanda e Israel), conduzido pelo Richard, jovem e competente guia neozelandês.
De Te Anau, viajamos de autocarro ao longo da margem oriental do Lago Te Anau, durante cerca de trinta minutos, até chegarmos a um cais onde se encontra o catamarã que nos transportará até ao extremo norte do lago, numa viagem de uma hora. Esta é a forma como a maioria dos caminhantes do Milford Track chega ao local onde se inicia o percurso pedestre. Como não existe qualquer estrada nesta região do Parque Fiordland, não é possível chegar de carro ao ponto de partida, nem ao final, do Milford Track.
Este passeio pedestre goza de bastante prestígio no mundo dos caminhantes, e é por muitos considerado como “o mais bonito do mundo”. Antes de iniciar esta viagem, li vários relatos entusiasmantes de caminhantes deslumbrados com a experiência.
Para se perceber a dimensão da experiência de caminhar no Milford Track, há que dizer que, quando saímos da povoação de Te Anau para chegarmos ao inicio do percurso, entramos noutro mundo, onde a natureza não foi, felizmente, significativamente afectada pela presença humana. O gigantesco Parque Fiordland, que é como que um mar de montanhas, tem a ocidente o Mar da Tasmânia, e a oriente raros e pequenos aglomerados populacionais.
O Lago Te Anau, que percorremos durante uma hora, é o segundo maior da NZ (o primeiro encontra-se na Ilha do Norte, e é o Lago Taupo), com 357 km quadrados de superfície, 517 km de perímetro, 66 km de comprimento e, graças à sua grande profundidade, de várias centenas de metros, é o lago com o maior volume de água doce de todo o Hemisfério Sul.
À medida que o barco avança em direcção ao extremo norte do lago, as montanhas que o circundam, com alturas variáveis entre os 1.000 e os 2.000 metros de altura, com um pouco de neve nos cumes mais altos, vão-se aproximando do barco, já que o lago se torna cada vez mais estreito. Nas margens, só se vêm árvores, e nenhuma construção.
No final da viagem, um pequeno cais recebe o barco, dele saindo umas dezenas de caminhantes, uns, como eu, para passar apenas algumas horas neste paraíso, e os restantes, para iniciarem o percurso completo do Milford Track, de quatro dias.
Perto do cais, uma tabuleta identificativa do Milford Track é ponto obrigatório para uma fotografia, tal é a popularidade deste passeio pedestre, classificado como um dos nove grandes passeios da NZ.
Guiados pelo Richard, iniciámos o nosso percurso, primeiro ao longo do lago, para pouco depois sairmos do trilho habitual do Milford Track, iniciando a ascensão duma encosta montanhosa ao longo do leito seco dum ribeiro. Este desvio, só é praticável nesta época do ano, quando chove menos.
No topo da encosta encontramos um pequeno rio cujas águas correm velozmente, junto ao qual paramos para descansar e comer.
Após o descanso, reiniciamos a caminhada, noutra direcção, entrando numa floresta densa, característica desta região húmida, onde imperam os líquenes e musgos que cobrem as outras espécies. Ultrapassada a floresta, chegamos a um vale com um rio de caudal apreciável, embora sereno. Cruzamos o rio para a margem oposta através duma ponte suspensa, e é aqui que reparo na incrível transparência das águas deste rio, quase irreal.
Após cruzarmos a ponte, caminhamos durante cerca de meia hora ao longo do rio, não resistindo a parar várias vezes para admirar a belíssima paisagem. Em determinado ponto, encontramos um desvio sinalizado como “Wetland Walk”, o qual seguimos, entrando numa passadeira de madeira que percorre uma área plana totalmente coberta por musgos e líquenes espessos e de cores diversas, como nunca havia visto. Nesta área, a água acumulada no solo é muita, pelo que a cobertura vegetal parece uma esponja.
Regressados ao trilho principal, seguimos até atingir um local com construções, onde se situa o albergue para os que caminham a totalidade do Milford Track pernoitarem no primeiro dia. Este e os restantes albergues do Milford Track, geridos pelo DOC, podem receber quarenta caminhantes por noite, havendo um outro grupo de albergues, geridos por uma empresa particular, Ultimate Hikes, que proporciona basicamente o mesmo passeio pedestre, com guias, podendo neste caso, os utilizadores do Milford Track caminhar com uma carga reduzida, já que usufruem dos serviços hoteleiros proporcionados pela empresa que os conduz no parque. Esta rede privada de albergues tem a capacidade de cinquenta lugares, pelo que, no máximo, por dia, apenas noventa pessoas podem pernoitar no percurso do Milford Track.
Após um curto descanso, invertemos a nossa marcha para regressar ao ponto de partida, agora sempre pelo trilho principal.
Ao final da tarde, chegamos ao cais onde já se encontra o barco que nos transporta de novo pelo lago. Para além dos que caminhámos durante o dia, também estão no barco alguns membros do DOC que trabalham no Parque Fiordland. Uma dessas pessoas é a Ruth, Governanta dum dos albergues que, quando lhe perguntei se gosta do trabalho que tem, me respondeu: “trabalho no melhor escritório do mundo”. De Outubro a Abril, trabalha oito dias consecutivos, após o que descansa seis, durante os quais vai visitar o marido, que reside na quinta de que são proprietários, a sul de Te Anau.
Para definir o passeio deste dia no percurso do Milford Track, digo que foi o melhor passeio da minha vida!

No dia seguinte, com previsão de chuva, decido ficar em Te Anau.
Ao longo deste dia, ainda cansado do esforço do dia anterior, faço um curto passeio a pé nas imediações do lago, onde termina outro dos nove grandes passeios da NZ, o Kepler Track. Inevitavelmente, aqueles com quem falo manifestam-se encantados com a experiência.
Cerca de 20 km a sul de Te Anau está a povoação de Manapouri, frente a outro grande lago, com o mesmo nome, que visito, de carro. É a partir deste lago que se chega a um dos fiordes mais visitados da região, o Doubtful Sound. Por opção, não visito este fiorde mas, não perco a oportunidade para visitar o Milford Sound.
A experiência de visitar Milford Sound, é uma combinação duma viagem inesquecível por uma estrada, pela qual se penetra no Parque Fiordland, para chegar ao inicio do Milford Sound, onde nos espera outra viagem inesquecível, de barco, até ao Mar da Tasmânia.
Como sabia de antemão que a viagem de 120 km, cerca de duas horas, para chegar a Milford Sound seria fascinante, optei por viajar de autocarro, para poder desfrutar o melhor possível das belíssimas paisagens.
Assim, manhã cedo, com um tempo radioso, sol e céu azul, praticamente sem nuvens, eu e mais umas dezenas de outros visitantes, percorremos a estrada cujo único destino é Milford Sound. Inicialmente, a estrada percorre a margem oriental do lago Te Anau, para depois se afastar deste, entrando então no território do Parque Fiordland, para penetrarmos densas florestas, intercaladas com lagos e pequenos rios, que nalguns casos nos brindam com pequenas cascatas.
Em determinado local, encontramos uma placa na berma da estrada que assinala o ponto situado a 45º de latitude sul, que é equidistante do equador e do pólo sul.
Ao longo deste percurso, o autocarro em que viajo faz algumas paragens, umas para apreciarmos melhor alguns pontos do parque, e num caso, para os passageiros poderem utilizar uma instalação sanitária, situada à beira da estrada, em local ermo, onde ninguém vive. No meu caso, não tive necessidade de utilizar a casa de banho, pelo que fiquei no exterior, a conversar com o motorista e guia, Alex, neozelandês, homem de sentido de humor apurado, como várias vezes pude constatar, como por exemplo, quando após termos presenciado as traquinices de algumas “kea” (papagaio alpino, originário da NZ), aves bastante sociáveis e astutas, que aproveitam todas as oportunidades para se apoderarem de coisas, particularmente comida, que estejam ao alcance delas.
O Alex disse-nos que, há poucos anos, presenciou um programa de televisão no qual especialistas em aves elogiaram as capacidades e inteligência desta espécie. Logo a seguir, opinou que, precisamente pela sua inteligência, as “kea” vivem na NZ e não na Austrália. Os australianos que estavam no grupo, não reagiram.
Voltando à instalação sanitária, quando os passageiros que a utilizaram regressavam ao autocarro, uma senhora comentou com o motorista que aquela era, segundo ela, a melhor casa de banho pública do mundo, quer pela localização, quer pela qualidade das instalações.
Retomando o caminho, já na parte final, entre várias montanhas, onde nos cumes das mais altas já existe neve, encontramos um longo túnel, após o que a paisagem se abre repentinamente num majestoso anfiteatro natural, de rocha granítica, que percorremos numa descida acentuada e sinuosa, até chegarmos ao ponto de embarque para Milford Sound.

Nesta área, para além dum grande e moderno terminal para passageiros que utilizam os barcos que percorrem Milford Sound, existe um pequeno porto pesqueiro, utilizado por pequenas embarcações de pesca, que operam na área, para pescar essencialmente lagosta.
Dada a grande afluência de visitantes a esta região, existe um aeródromo nesta área, com mais movimento de aeronaves que muitos aeroportos do país. As aeronaves que aqui operam são pequenos aviões e helicópteros, que transportam turistas, possibilitando uma visão aérea dos fiordes e montanhas circundantes. Atendendo ao facto desta ser uma área natural de grande qualidade, discordo da utilização comercial de meios aéreos, que provocam necessariamente alguma perturbação.
Do terminal marítimo, partimos para um outro passeio encantatório ao longo das margens do fiorde Milford Sound, até atingirmos o Mar da Tasmânia, naquele dia bastante calmo, numa distância de aproximadamente 14 km.
Este fiorde, rodeado de montanhas graníticas, algumas com mais de 1.000 metros de altura, tem uma largura variável entre os 400 e os 2.000 metros, e entre 100 a 300 metros de profundidade.
Dos cumes montanhosos, caem para o mar muitas cascatas, embora este aspecto seja mais espectacular quando chove, altura em que, segundo as palavras daqueles que ali estiveram com chuva, as encostas das montanhas transformam-se em enormes quedas de água.
Numa das cascatas, o navio em que viajei apontou à margem e aproximou-se tanto da rocha que, um dos tripulantes se colocou na proa do navio, com um jarro na mão, o qual encheu com água da catarata, para depois a servir em copos, a quem a quis beber.
Este número de perícia do capitão do navio tem o valor acrescentado da água que se despenha da montanha ser pura, a ponto de poder ser bebida. Mais tarde, na viagem de regresso a Te Anau, o motorista do autocarro parou junto a um ribeiro, sugerindo que aqueles que quisessem aproveitar para beber água directamente do ribeiro, poderiam fazê-lo sem qualquer receio, tendo ele dado o exemplo. Perguntei-lhe há quanto tempo é que ele bebia água daquele curso de água, ao que ele me respondeu que o faz desde que trabalha naquele percurso, há quinze anos.
Desde que estou na NZ, em todos os locais por onde passei, os residentes bebem água das torneiras, sendo a mesma servida nos restaurantes, de todas as categorias, sem restrições, o que atesta a elevada qualidade da água distribuída pela rede pública.

Após o regresso a terra, empreendemos a viagem de regresso a Te Anau, com algumas paragens, para apreciarmos mais alguns pontos interessantes do percurso.
Antes de partir de Te Anau, tive a oportunidade de visitar um cinema (http://www.fiordlandcinema.co.nz/) construído recentemente, onde diariamente é projectado um filme, Shadowland, criado e produzido por um empresário local, proprietário duma empresa de helicópteros, sobre o Parque Fiordland.
O filme é muito interessante, apresentando o parque essencialmente na perspectiva aérea mas, é de realçar a coragem do autor, que investiu não apenas no filme, mas também na construção dum excelente cinema, para potenciar o valor do seu trabalho.

O Parque Fiordland foi o último ponto visitado no lado ocidental da Ilha do Sul. De Te Anau, viajo para o lado oriental da ilha, para Dunedin. Este é um percurso por vastas terras agrícolas, onde sobressaem grandes rebanhos de gado.
Dunedin é uma importante cidade universitária, situada no litoral, junto a uma península reconhecida essencialmente pela riqueza da vida animal, a Península de Otago.
A minha visita coincidiu com o aniversário da cidade, num fim-de-semana, pelo que tive alguma dificuldade em encontrar alojamento, acabando por consegui-lo numa casa de turismo de habitação, na península, a cerca de meia hora de Dunedin.
Numa curta visita à cidade, encontrei uma população jovem, pela existência da universidade, com muitos asiáticos, e alguma arquitectura de interesse, nomeadamente a estação ferroviária, imponente, em estilo vitoriano.
Desta estação, parte um comboio que efectua um percurso que goza de bastante popularidade entre os apreciadores de viagens ferroviárias, chamado Taieri Gorge Railway (http://www.taieri.co.nz/).
A Península de Otago é visitada sobretudo pela existência de duas espécies animais, difíceis de encontrar noutras regiões da NZ. Uma dessas espécies, é o albatroz “Royal Northern”, que aqui nidifica, o que não acontece em nenhum outro local habitado por seres humanos, no mundo.
A outra espécie animal que atrai a atenção dos visitantes é o pinguim de olhos amarelos, o mais raro de todos os pinguins.
Tendo apenas um dia para visitar esta região, calhou-me um dia de nevoeiro cerrado, pelo que me limitei a viajar até ao extremo da península, visitando as instalações do centro que controla o território onde os albatrozes nidificam (http://www.albatross.org.nz/).

De Dunedin, viajo para norte, ao longo da costa, em direcção a Christchurch, a cidade mais populosa da Ilha do Sul.
No percurso, paro em Oamaru, pequena cidade localizada à beira-mar, com um núcleo interessante de edifícios históricos ocupados por actividades comerciais de interesse para os visitantes.
Oamaru, também se orgulha de ter no seu território duas colónias de pinguins, uma de olhos amarelos, e outra de pinguins azuis, os mais frequentes na NZ.
Curiosamente, estas duas espécies vivem em locais distintos, não se dando uma com a outra. Como estes animais passam a maior parte do tempo no mar, regressando normalmente a terra ao final da tarde, limitei-me a visitar o centro de apoio aos visitantes da colónia de pinguins azuis (http://www.penguins.co.nz/), construído e mantido pela comunidade local, absolutamente exemplar acerca de como neste país os interesses das comunidades são levados a sério.

Christchurch, revelou-se uma cidade bastante interessante, pelo desenho urbano, a arquitectura, e os espaços culturais e de lazer. Comparando Christchurch com as restantes cidades principais da NZ, que já visitei, esta é a que mais me agrada.
Ao longo dos poucos dias que aqui passo, visito algumas das principais atracções da cidade, de que destaco um interessante centro de actividades artísticas e artesanais, instalado num importante conjunto arquitectónico antigo, inicialmente construído para um estabelecimento escolar, e o excelente Jardim Botânico, com trinta hectares de superfície, que para além de espécies botânicas valiosas, conta com uma fonte de desenho original, diversas obras de arte, e uma parte do leito do Rio Avon, que cruza a cidade.
Durante a minha estada em Christchurch, tenho a oportunidade de visitar um casal de amigos, a Marie e o Des, que conheci em Wellington.
Ex-agricultores, agora reformados, vivem nos arredores de Christchurch, numa urbanização recente, orgulhosos da sua cidade.
Nesta altura da minha viagem, tenho a oportunidade de trocar de carro, já que o que vinha utilizando se apresentava pouco fiável.
Agora sei que, na NZ, muitas empresas de aluguer de automóveis utilizam viaturas usadas, importadas do Japão, nem sempre nas melhores condições mecânicas.

Próxima de Christchurch encontra-se a Península de Banks, pedaço de terra criado por erupções vulcânicas, e por isso bastante acidentada. Num passeio à península, em dia de chuva e nevoeiro, visitei Akaroa, a principal localidade desta região.
Akaroa é uma povoação pitoresca, localizada frente ao mar, com casario antigo, e sinais de influência … francesa. Esta influência deve-se ao facto da localidade ter sido fundada por uma comunidade gaulesa, em 1840, o que constitui caso único na NZ

De Christchurch, sigo em direcção a norte, até Kaikoura, a minha última paragem na Ilha do Sul, antes de empreender o meu regresso à Ilha do Norte.
As últimas dezenas de quilómetros deste percurso revelam-se espectaculares, com a estrada a acompanhar a costa, recortada por grandes baías, com montanhas cada vez mais altas à minha esquerda, muito próximas do mar, de tal modo que, uma linha férrea que segue paralela à estrada, passa por vários túneis.
Entretanto, à medida que conduzo, reparo na grande quantidade de aves marinhas que povoam esta área do litoral, e na existência de muitas algas à superfície do mar. Estes são bons indícios para aquilo que me traz a Kaikoura, que é a observação da vida animal marinha, nomeadamente baleias e golfinhos.
Efectivamente, Kaikoura goza de excelente reputação no que respeita à riqueza da fauna que habita nas suas águas, sendo considerado o melhor local, e o mais acessível, para observação de baleias e golfinhos.
De qualquer modo, embora a povoação seja modesta, tem uma localização fantástica, frente a uma grande baía, que se prolonga numa pequena península, tendo por trás uma impressionante muralha montanhosa, com picos acima dos 2.000 metros.
Para melhor avaliar as características geográficas da região, nada melhor que ir até ao extremo da península, onde existem excelentes condições para apreciar as belezas naturais. Aqui, para além de podermos observar uma parte das espécies animais que habitam na região, nomeadamente aves marinhas e focas, temos ao nosso dispor um magnífico passeio pedestre, mais um, Kaikoura Peninsula Walkway, que nos leva ao longo da costa, ao nível do mar ou, a umas dezenas de metros de altura, sobre as falésias, observando o oceano num dos lados e, no outro, a península com a povoação ao fundo, e mais ao longe, a muralha de montanhas, que no Inverno se apresenta normalmente com os picos cobertos de neve.
Neste passeio, recentemente sujeito a obras de requalificação, não posso deixar de referir o excelente miradouro construído em madeira e ferro, com a forma duma embarcação, com painéis informativos sobre as características geológicas, botânicas e da fauna local, localizado no inicio do percurso.

Das várias opções de serviços para observar a vida animal da região, opto por uma viagem de barco, para ver baleias que, no caso das “sperm whales”, habitam aqui durante todo o ano. Claro que, quando se trata de ver determinadas espécies animais, não podemos ter qualquer garantia de sucesso. No entanto, as condições para a observação de baleias nesta região, são tão boas que, a empresa que disponibiliza este serviço, Whale Watch (http://www.whalewatch.co.nz/), reivindica uma taxa de sucesso superior a 90%, o que me deixa animado.
A viagem é feita num catamarã com quase vinte metros de comprimento, excelentes condições de conforto, e um motor muito potente. O navio deixa o cais e, num ecrã situado na cabina onde nos encontramos, observamos a localização do nosso navio, e dois outros da mesma frota que se encontram também a navegar. Para além da localização, também vemos a profundidade do mar, que aumenta vertiginosamente, até ultrapassar os mil metros.
O facto do fundo do mar ser aqui extremamente profundo, associado ao facto destas águas serem muito ricas em nutrientes, ao que parece devido ao facto de se cruzarem aqui duas correntes marítimas, uma vinda do norte, quente, e a outra do sul, fria, faz com que a vida marinha seja abundante.
Passado algum tempo de termos deixado o cais, o navio parou, e fomos informados que, a partir daquele momento, poderiam aparecer baleias à superfície, o que seria monitorizado pelo capitão do navio, mediante a utilização de microfones submarinos, que gravam os sons emitidos pelas baleias, permitindo a sua localização.
Entretanto, próximo do navio, aparecem a flutuar alguns albatrozes e gaivotas. Os albatrozes impressionam pelo seu tamanho, muito superior ao das gaivotas.
Passado poucos minutos, somos informados que uma baleia está prestes a vir à superfície, próximo do navio. Assim, pouco depois do aviso, aparece o corpo duma baleia, da espécie “sperm whale”, que fica imóvel a pouco mais de trinta metros do navio.
Em poucos minutos, aproximam-se os dois outros navios da mesma empresa, informados da presença da baleia.
Ao fim de largos minutos, a “nossa” baleia (baptizada pela tripulação como Tiaki) decide mergulhar, formando o habitual movimento que permite a observação da barbatana caudal, até desaparecer, em direcção às profundezas do oceano.
Passados poucos minutos, somos informados que uma outra baleia, da mesma espécie, foi detectada à superfície por outro dos navios. Em pouco tempo estamos próximo dela, repetindo-se a situação atrás descrita.
Quando esta segunda baleia (Little Nick) desaparece, o capitão dá por terminada a busca de baleias, dirigindo-se para perto da costa.
O passo seguinte, foi a observação de golfinhos, da espécie Dusky, uma das duas que habitam nestas águas, que aparecem em grandes grupos, acompanhando o navio, quer nadando, quer saltando, fazendo piruetas que parecem previamente ensaiadas. Já havia visto, em muitas ocasiões golfinhos, mas nunca em tal quantidade, nem com um comportamento tão exuberante.
Deixámos os golfinhos entretidos com outros navios que estavam na área (um dos programas que aqui estão disponíveis, é o de mergulhar e nadar com golfinhos, o que algumas pessoas de outras embarcações estavam a fazer), para nos dirigirmos ao ponto de partida, passando por um ilhéu rochoso, junto à costa, onde habita uma colónia de focas, estando algumas a gozar o sol radioso da tarde.
Esta viagem fascinante pelo mundo animal desta região durou cerca de duas horas, ao longo das quais pudemos ver tudo o que estava previsto, pelo que me dou por muito satisfeito.

Despeço-me de Kaikoura, fazendo o trajecto até Picton, parcialmente na companhia da Kay, inglesa, que conheci na véspera, na viagem de barco.
A Kay, está também a viajar à volta do mundo, no mesmo sentido que eu, tendo visitado muitos dos países onde eu estive. Curiosamente, ambos começámos as nossas viagens em Junho de 2006.
Casualmente, encontrámo-nos agora, depois de termos percorrido meio mundo.
A estrada que percorremos, acompanha inicialmente a costa, e as montanhas vão decrescendo de altura.
Mais tarde, próximo de Blenheim, onde deixo a Kay, para ela seguir a sua rota, encontramos extensas vinhas, sendo esta uma das principais regiões vinícolas da NZ. De Blenheim, sigo para Picton, para embarcar no navio que me leva de regresso à Ilha do Norte, numa viagem tranquila, com mar calmo.
Agora, restam-me dez dias para me despedir da NZ, o que me vai custar bastante.