20 setembro 2005

EUROPA OCIDENTAL – Semana de 12 a 18 de Setembro

Na Holanda, na segunda-feira, volto a encontrar-me com a Jantien, Betito e filhos, em casa deles. O Leonardo faz anos (5), e está rodeado de prendas e outros mimos. Jantamos em casa deles e depois vou com o Betito ao escritório dele, a dois passos de casa, para eu trabalhar e publicar as primeiras notícias desta viagem n’O MEU MUNDO.
Aproveito para aprender com o Betito a utilizar o SKYPE (www.skype.com), serviço de comunicação de voz, vulgo telefone, através da Internet. O Betito utiliza há já vários meses este serviço gratuito para comunicar com colegas e clientes, em qualquer parte do mundo.
Eu registo-me e, passados poucos minutos, recebo uma chamada inesperada do meu amigo Luís Veiga, brasileiro com costela portuguesa, residente em Florianópolis, Brasil, que entretanto já tinha sido notificado da minha adesão ao SKYPE.
A voz do Luís soa cristalina, como se estivesse em pessoa connosco.
Este é um caso exemplar de como a Internet está a revolucionar o mundo. Aqueles de vós que ainda não conhecem o SKYPE, apressem-se. O único investimento que terão de fazer para o utilizarem, para além do computador, e de cerca de 5 minutos para se registarem, é um auricular com microfone, para poderem ouvir e falar com quem quiserem.
Se quiserem falar comigo por este meio, a minha identificação é, fimouramachado.

Aproveitando a deslocação a Wassenaar para visitar a Jantien e o Betito, passo por Haia, capital da Holanda, onde passeio pela área comercial mais antiga.
Numa tarde de um dia de trabalho, é surpreendente a calma que se vive nesta cidade. Muitas ruas pedonais, bicicletas, carros eléctricos, e verdadeira educação cívica fazem com se esteja bem aqui.
Por acaso, descubro uma “pérola”: a Livraria Stanley & Livingstone, que “só” vende produtos para viajantes. No que respeita ao Mundo, de A a Z, têm quase tudo.
O proprietário, também ele viajante, merece a melhor atenção, pela sua simpatia e conhecimentos que partilha com os clientes.

Na terça-feira, fico em Roterdão. Passeio de bicicleta pela cidade e vou ter com o Xico ao final da tarde.
Saímos de carro para visitar Roterdão, sobretudo as partes adjacentes ao Rio Maas. Gosto particularmente da pequena ilha de Noordereiland, área residencial com uma forte identidade arquitectónica. Frente à ilha, situa-se uma pequena península que se encontra em renovação urbanística, na qual existem alguns edifícios de construção recente, de qualidade. Estes coexistem com edifícios antigos, com destaque para o do Hotel New York, onde antes exercia actividade a empresa de navegação Holland América Line.
Vamos jantar ao Restaurante/Café Stobbe, local frequentado pelo Xico, onde comemos bem, num ambiente agradável.

Quarta-feira, fico em casa para controlar a instalação dos equipamentos necessários para aceder à Internet.
Tal como em Portugal, a qualidade do serviço da empresa contratada pelo Xico deixa muito a desejar. Neste caso, os dois “técnicos” deixaram o trabalho por terminar, prometendo voltar ainda hoje, o que não aconteceu. Na verdade, até ao final da semana, nenhum contacto foi feito com o Xico, para explicarem o sucedido.

Quinta-feira, apetece-me sair de bicicleta e vou passear pela cidade, começando pelo Museu Boijmans Van Beuningen, o mais importante de Roterdão no que respeita a pintura da escola flamenga, tendo no entanto muitas outras obras de arte de outros períodos e escolas, nomeadamente a de pintura italiana.
Este museu, edificado na primeira metade do século XX, segundo o estilo modernista, está inserido num parque público juntamente com outros equipamentos culturais.
Para almoçar, escolho uma casa especializada em peixe e marisco, que não é um restaurante, embora lá se possa comer. Na Schmidt Zeevis, vendem os produtos frescos e também confeccionados nas cozinhas da casa, qual restaurante. A apresentação é excelente, e deixo-me tentar pelo arenque, que normalmente é comido à mão, e por umas ostras nacionais.
Entretanto, a chuva caía e eu apanhei “uma molha”, já que não quis abandonar a bicicleta. A minha experiência neste meio de transporte fica muito aquém da dos holandeses, que utilizam as bicicletas sejam quais forem as condições climatéricas. Muitos andam de bicicleta com um chapéu-de-chuva aberto.
Ao fim da tarde, eu e o Xico voltámos a Delft. Debaixo de chuva, encontrámos a cidade mais tranquila que no passado fim-de-semana. Escolhemos o Restaurante Mij para jantar, em primeiro lugar pela simpatia da empregada que nos recebeu à porta, e pelo ambiente contemporâneo cuidado. A Céline foi inexcedível na forma como nos recebeu, e a refeição foi a melhor que tive aqui na Holanda.

Sexta-feira, de manhã, fui passear de bicicleta para um outro parque público, o Het, junto ao rio Maas.
Percebi que aqui na Holanda, começou o Outono, já que houve uma descida brusca da temperatura do ar.
Aproveitei o passeio para visitar aquele que é considerado o melhor restaurante de Roterdão, Park Heuvel, galardoado pela Michelin com o máximo de estrelas (3). Aqui, uma refeição, sem vinho, vale entre 70 a 100 €.
De tarde, já que o Xico termina a sua semana de trabalho à hora de almoço de sexta-feira, saímos para visitar a cidade de Gouda, capital do queijo na Holanda.
Cidade antiga, aprazível, com uma ampla praça central onde pontificam vários edifícios de valor histórico, sempre muito bem preservados, parece ter uma elevada percentagem de residentes estrangeiros, ou holandeses de outras origens, sobretudo de países do dito terceiro mundo.
Ao fim da tarde, dirigimo-nos para Utrecht, cidade importante cujo centro histórico nos impressiona de imediato. Entrecortado por canais, possui um património arquitectónico notável, em volta de uma torre antiga e alta, de estilo invulgar, cujos sinos repicavam copiosamente.
Surpreende-nos a vida nesta parte da cidade, fervilhante, sobretudo de jovens, provavelmente estudantes universitários, que estão por todo o lado. Vimos jovens mascarados, um grupo a cantar à porta de uma casa, e muitas outras manifestações de alegria de viver.
Jantámos razoavelmente, num restaurante sugerido por um residente, de nome Eggie.

Sábado, saio com o Xico para visitarmos um subúrbio de Roterdão, Schiedam, onde existem vários moinhos de vento, construídos no século XVIII, em excelente estado de conservação.
Depois, reentramos em Roterdão e paramos numa área pitoresca, Delfshaven , onde coabitam comunidades de diversos países cujos imigrantes aqui se estabeleceram. O resultado é uma miscelânea étnica e cultural que caracteriza o mundo actual.
Entretanto, saímos da cidade em direcção a Haia, e vamos visitar a praia mais popular desta região, Scheveningen, que me faz lembrar um pouco a Costa da Caparica, a sul de Lisboa, pelo desenvolvimento urbanístico incorrecto. A localidade tem uma frente de mar com cerca de mil metros, transformada numa área comercial dedicada ao turismo balnear de baixo nível.
Dali saímos para visitar a Jantien e o Betito, que continuam dedicados à empreitada de arrumarem as suas coisas, para se mudarem para a nova casa, no início de Outubro.

Domingo, eu e o Xico vamos de comboio, com duas bicicletas, para Amesterdão. Chegamos lá em cerca de uma hora, e ao sairmos da estação ferroviária, vemo-nos no meio de milhares de pessoas que se preparam para uma prova de atletismo. Trata-se de uma prova anual, de 16 km, entre Amesterdão e uma povoação vizinha, na qual participam este ano cerca de 30.000 atletas.
Nós esgueiramo-nos por entre a multidão, com as bicicletas, e seguimos um trajecto para ciclistas, através da cidade velha, que está distribuída numa malha radial, à volta da estação ferroviária, entrecortada por inúmeros canais. Talvez por ser domingo, nestes circula um grande número de embarcações de lazer, de tamanhos e categorias muito diversas, com pessoas que convivem alegremente.
Comparando o usufruto que os holandeses dão aos espaços aquáticos, com o dos portugueses, podemos dizer que em Portugal, somos principiantes e eles profissionais.
De entre as muitas paragens que fizemos neste percurso feito em duas rodas, destaca-se a visita ao Jardim Botânico de Amesterdão, De Hortus, edificado no século XVII.
Ao final do dia, depois de muito pedalar, e de eu ter ficado sem travões na bicicleta, acabámos por jantar num dos muitos restaurantes indonésios, para conhecermos melhor a gastronomia deste país, antiga colónia da Holanda.

Ontem, segunda-feira, não pude aceder à Internet, e por isso não publiquei esta informação mais cedo. As fotografias desta semana serão publicadas na próxima. Como sempre na vida, é melhor sermos flexíveis.
Na terceira semana desta viagem irei sair da Holanda, para sul, para a Bélgica. Lá esperam-me outros amigos, e novas experiências.

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá Fernando,
Tenho acompanhado a tua viagem e experiências com muito prazer. Sinto que, apesar de triste, por vezes, estás bem e a tirar partido de tudo o que fazes. Isso deixa-nos felizes e mais descansados/as e, certamente, mais informados/as através das tuas descrições bem reais.
Até para a semana e bom passeio.
Um beijo meu e um abraço do Eduardo.

Ana