20 fevereiro 2007

A ILHA DO NORTE – COROMANDEL

De carro alugado, com dez anos de vida e muitos quilómetros, mas também, por dez euros por dia … saio de Auckland, para iniciar a minha volta à NZ.
Primeiro destino, a região de Coromandel, localizada numa península, a leste de Auckland.
As estradas que me conduzem à península de Coromandel, não revelam nenhuma beleza particular, pelo que me concentro na condução do carro, e tento habituar-me à ideia de conduzir no lado errado da estrada, já que a NZ herdou do império britânico esta característica.
Chegado à região de Coromandel, à pequena cidade de Thames, aproveito para parar, abastecer o carro de combustível, muito mais barato que em Portugal, e visitar o posto de turismo da cidade, para escolher o meu destino diário.
A este respeito quero dizer que, os serviços de informação destinados aos turistas, na NZ, estão muito bem organizados, não só porque em todos os postos de informações existem muitos elementos gráficos, de boa qualidade, disponíveis gratuitamente, para além de outros que têm valor comercial, mas também, e sobretudo porque, os postos que visitei até agora na NZ, têm funcionários(as) competentes, simpáticos(as) e prestáveis (obrigado Andrea), características que infelizmente, são cada vez mais raras noutros países.
Acresce ainda o facto de, nos postos da NZ, poderem os visitantes dispor dum conjunto de serviços úteis, grátis (reservas de hotéis, alugueres de automóveis, marcações de excursões, entre outros), para além duma oferta variada de produtos neozelandeses, normalmente procurados pelos turistas.

Continuo a minha viagem ao longo da costa ocidental da península de Coromandel, numa bela estrada junto ao mar (GE), para norte, passando pela também pequena cidade de Coromandel, até chegar a Colville, pequena aldeia onde fico durante três noites, no Colville Bay Motel (http://www.colvillebaymotel.co.nz/).
Para além desta unidade hoteleira, Colville tem uma loja (GE), que vende tudo o que os habitantes podem necessitar, desde produtos alimentares até combustível para viaturas, um bar/restaurante ao lado da loja, sendo que ambos pertencem a uma cooperativa de residentes. Este bar/restaurante é provavelmente o único existente nesta região, num raio de 20 km.
Estranhamente ou não, Colville tem também um centro Budista, Mahamudra Retreat Centre (http://www.mahamudra.org.nz/), onde vivem pessoas de várias nacionalidades, praticantes desta religião.

No primeiro dos dois dias completos que aqui passei, limitei-me a percorrer algumas estradas, em terra, para conhecer melhor a região.
É uma área com uma densidade populacional muito baixa, procurada sobretudo por pescadores, dada a abundância de peixe e marisco.
No lado ocidental da península, as praias são sobretudo rochosas, e com muita pedra solta. Já no lado oriental, existe uma extensa praia de areia clara, com dunas, com vários quilómetros de comprimento, em Waikawau Bay.
No dia em que a visitei, um sábado, em pleno Verão, não estavam mais que umas quinze pessoas em toda a praia. Com poucas pessoas, a meu gosto, aproveitei para esticar as pernas, fazendo um longo passeio.
Quanto à água do mar, pude constatar que a temperatura está no limite inferior da área de conforto para o meu corpo ou seja, um pouco acima dos 20º centígrados. De resto, observei que na areia apenas se vêm conchas e bocados de algas, mas não resíduos de plástico, ou outros detritos humanos.
Neste meu segundo dia em Colville, sábado, naturalmente pensei em jantar no bar local, tal como tinha acontecido na noite anterior. Quando lá cheguei, constatei que estava fechado, pelo que me lembrei duma quinta próxima, que recebe hóspedes na modalidade turismo rural, como possível alternativa para poder jantar, evitando uma longa deslocação de carro até Coromandel Town.
Chegado à Colville Farm, perguntei à proprietária se serviam jantar, ao que ela me respondeu negativamente. Antevendo uma noite de jejum, recebi um convite espontâneo da proprietária da quinta para me juntar à família, que estava naquele momento a jantar, com alguns dos hóspedes.
Embaraçado, agradeci e aceitei o convite.
O jantar era ao ar livre, a comida era simples mas, a simpatia dos anfitriões era cativante.
Por entre a curiosidade dos presentes relativamente à minha viagem pelo mundo, lá consegui saber que a quinta tem uma área superior a 1.200 hectares, e milhares de cabeças de gado bovino e ovino, sendo esta a principal actividade.
Quanto a gado, a NZ tem uma população numerosa de gado das duas espécies atrás referidas, sendo as ovelhas as mais numerosas, com cerca de 60.000.000 de exemplares espalhados pelos pastos do país.

No dia seguinte, tenho programada a minha primeira experiência neozelandesa de um longo passeio pedestre.
No topo nordeste da península, onde não existe qualquer estrada, o terreno pode ser percorrido a pé, no que é conhecido como o Coromandel Coastal Walkway.
Para fazer este percurso, recorro aos serviços duma empresa turística que, a partir da cidade de Coromandel, leva os caminhantes até ao inicio do caminho pedestre, em Fletcher Bay, pelo lado ocidental da península, por uma estrada sinuosa em terra, sempre ao longo da costa. Esta é preenchida por pequenas baías rochosas, bordejadas por árvores frondosas, nativas da NZ, as pohutukawas, que se adaptam a qualquer terreno, crescendo de modo anárquico, adquirindo por isso formas estranhas.
Em Fletcher Bay, a Midge, guia e motorista, mulher local cheia de energia e graça, indicou-nos a entrada para o caminho pedestre. Comigo estão duas jovens mulheres europeias, a Barbara, alemã, e a Karin, sueca.
Juntos percorremos a pé os 7.5 km de costa que nos levam até Stony Bay. O percurso é feito de subidas e descidas, com tempo nublado e ventoso, e chuva miudinha, que nos favorece fisicamente mas, restringe a possibilidade de tirarmos boas fotografias.
Ao fim de quatro horas de caminho, chegamos a Stony Bay, onde nos espera a Midge, com um piquenique. Após o merecido descanso, seguimos viagem, de carro, pela costa oriental, até ao destino, no meu caso Colville.

No dia seguinte, parto de Colville em direcção à cidade de Coromandel, para me encontrar com a Barbara, companheira do passeio do dia anterior, a quem dou boleia até Whitianga, destino do dia para ambos.
Um pouco a norte da cidade de Coromandel, apanhamos a estrada 309, parcialmente em terra, ao longo da qual existem várias atracções naturais. As que nos interessam são as cataratas Waiau, pequena queda de água à qual se acede através dum curto mas belo trilho, e o Kauri Grove, floresta onde vivem algumas árvores kauri. Estas árvores autóctones da NZ, são as maiores (em termos de volume de madeira) que existem no país, e das maiores do mundo.
São árvores muito altas, com troncos bastante largos, que podem viver durante milhares de anos. A mais antiga desta floresta tem cerca de 600 anos de idade, e o seu tronco tem quase dois metros de diâmetro.
Infelizmente, durante o século XIX e início do século XX, as kauri foram dizimadas um pouco por todo o país, para utilização da sua madeira. Hoje, são árvores protegidas.
Para se perceber o cuidado e respeito que a NZ tem pela natureza, neste parque, como em muitos outros, os visitantes caminham sobre estrados de madeira sobrelevados em relação ao solo, para evitar danos às plantas existentes.
Chegados a Whitianga, fui forçado a levar o carro a uma oficina, para confirmar as suspeitas de problemas nos travões. Assim, fico sem carro durante um dia, aproveitando para passear a pé, e conhecer os arredores de Whitianga.
Esta pequena cidade, muito simpática, está localizada junto ao oceano Pacífico, na boca duma profunda enseada, frente a uma enorme baía, Mercury Bay. De Whitianga, cruzo a boca da enseada num pequeno barco que transporta passageiros até ao lado oposto, em menos de cinco minutos, para então caminhar ao longo da costa até um promontório chamado Shakespeare Cliff (GE).
Até lá chegar, passo por uma bela praia, quase deserta, onde me delicio a ver inúmeras conchas espalhadas no areal (GE).
Ao caminhar, sou acompanhado pelo canto forte das cigarras, que me fazem lembrar os meus tempos de infância em Angola. A presença sonora das cigarras tem sido uma constante ao longo de todos os passeios feitos até agora nas áreas naturais da NZ. Imagino que estes insectos estão agora mais activos devido ao Verão.

No dia seguinte, já com o carro reparado, dirijo-me de manhã para sudeste de Whitianga, para visitar uma das principais atracções desta região, a praia Hot Water Beach (GE). O nome desta extensa praia provem de nascentes de águas termais que brotam numa pequena área da praia, sendo possível usufruir das mesmas, apenas num período de duas ou três horas próximo da maré baixa.
Como já calculava, esta atracção leva muitos visitantes a esta praia, pelo que não foi surpresa encontrar dezenas de pessoas à procura da água quente.
De facto, esta foi a única praia onde estive até agora na NZ, que posso dizer com muita gente, para o meu gosto. Muitas das pessoas que lá se encontravam, utilizavam pás para cavar na areia, o que dá um trabalhão, já que o mar se encarregava de devolver a areia.
Depois de apreciar o espectáculo, dirigi-me um pouco para norte, para me deliciar na praia de Hahei, junto à Reserva Marinha Te Whanganui A Hei.
Esta é uma praia à minha medida, extensa, com areia macia e limpa, sombra das árvores pohutukawa, mar com ondas, pequenas ilhas à vista, e pouca gente.
Após um banho refrescante, inicio a caminhada para chegar a Cathedral Cove (GE), outra das principais atracções naturais da região.
Cathedral Cove é uma gruta, ou túnel, de grandes dimensões, escavado na rocha pelo mar (GE). Sendo um túnel, liga duas pequenas praias, às quais se chega por um trilho ao longo da costa, que demora cerca de 45 minutos a percorrer.

É tempo de deixar Whitianga, para viajar para Sul, para Whangamata. A estrada é bastante interessante, sobretudo a partir de Tairua, ladeada por extensos pinhais, sendo os pinheiros altos e esbeltos, de espécie distinta das que temos em Portugal. Aqui, as florestas estão limpas, e os incêndios são raros.
Já próximo de Whangamata, faço um desvio para visitar uma área de praia, Opoutere Beach, considerada Reserva Natural, para protecção duma pequena ave marinha, New Zealand Dotterel, cuja espécie corre riscos de extinção.
Para chegar à praia, com vários quilómetros de extensão, caminho através duma bela floresta de pinheiros, acompanhado pelo canto das cigarras, e de algumas aves.
Ainda antes de chegar ao meu destino do dia, passo por Onemana, pequena área residencial de recente desenvolvimento, junto a uma bela praia.
Chegado a Whangamata, apenas para passar uma noite, escolho a casa Kotuku, de turismo de habitação, onde se encontram os proprietários, Linda (neozelandesa) e Peter (inglês), que me acolhem com simpatia.
Com curiosidade para conhecer a praia local, acompanho os meus anfitriões que para lá se dirigem. Caminhamos a partir da casa Kotuku, localizada num bairro residencial tranquilo, para passados 200 metros, ao virar duma esquina, me deparar com uma magnifica praia fluvial, dum pequeno rio que desagua no oceano num dos extremos da praia de Whangamata.
Caminho ao longo duma das margens do rio – a outra é totalmente ocupada por uma floresta – num relvado cuidado, arborizado, deixando o casal que acompanhava com amigos que encontraram na praia fluvial.
Ao caminhar ao longo do rio, em direcção ao mar, apercebo-me da limpeza do percurso, e estabeleço um paralelo com o que seria este belíssimo espaço, se estivesse por exemplo, em Portugal. Por decoro, escuso-me a descrever os pormenores.
Antes de chegar ao oceano, e à correspondente praia, deparo-me com um cão que acompanha a dona, Donna, Este cão, de raça Rotweiller, tem a particularidade de mergulhar a cabeça dentro de água, por livre iniciativa, deleitando-se a brincar no rio, enquanto a Donna nada.
A praia oceânica, extensa, é uma mina de conchas, o que me entretém por algum tempo, bem como a observação das aves que povoam a praia.
Após regressar a casa, recebo um convite para jantar com a Linda e o Peter, num clube do qual são sócios, situado à beira-mar, no extremo oposto da praia, relativamente à casa deles. Somos acompanhados por um outro casal, também hóspedes da Linda e do Peter, Jean e David, ambos ingleses.
No dia seguinte, despeço-me de Whangamata, com mais um passeio na praia, quase deserta.

Hoje, vou viajar para sudoeste, para o interior, até Hamilton, onde vive a Cecilie, amiga australiana há muito residente na NZ, que conheci em Portugal, há 13 anos. A Cecilie, juntamente com o marido, Gregor, já falecido, é responsável pela minha primeira visita à NZ, em 1994, o que muito estimo.

P.S. – Desde que cheguei à NZ estou a seleccionar algumas fotografias representativas da minha estada neste país, publicando-as na Internet, no GOOGLE EARTH (GE).
Creio que quase todos conhecem o GE, programa que nos permite visualizar qualquer ponto do planeta, através de fotografias feitas a partir de satélites.
Assim, para quem tem acesso ao GE, e queira ver as fotografias que nele publico, podem fazê-lo identificando o símbolo GE nos artigos que publico. Por exemplo, no presente artigo, sinalizei sete locais com o símbolo GE.
Observando no GE as áreas correspondentes, encontrarão um símbolo circular, azul e branco, com uma cruz no interior. Este símbolo funciona como link para uma fotografia de um autor que decidiu publicá-la no GE, através dum programa chamado PANORAMIO.
Todas as fotografias estão devidamente identificadas com os nomes dos respectivos autores, pelo que as minhas apresentam o meu nome, Fernando Moura Machado.
Qualquer comentário que queiram fazer, será como sempre, apreciado.

6 comentários:

Anónimo disse...

Olá Fernando

Adorei acompanhar-te no teu passeio e como jà te disse tenho visto as tua fotos no GE.

Faço votos para que continues a disfrotar desses teu passeios e que vás descobrindo coisas e locais encantadores

Fica bem e um abraço
Xico

Anónimo disse...

Mesmo quando não vemos as fotografias dos locais que tens mencionado nas tuas crónicas, basta-nos ler os seus nomes para imaginarmos lugares exóticos – Opoutere, Onemana, Hahei, Whangamata, Whitianga..., e espécies invulgares – kauri, pohutukawas...

As palavras e os seus sons tem esta extraordinária capacidade de evocar imagens, espaços, memórias, culturas... E nós, deste lado do mundo, também viajamos com elas.

Continuação de boa viagem,
DD

Anónimo disse...

Olá Fernando
Será que isso aí é mesmo o paraíso, pois deves de andar noutro mundo, porque durante o dia e a noite, não te tenho encontrado nem no MSN, nem no Skype, ou que se passa ?

Espero que estejas bem e que gozes bem essas tuas viagens

Um abraço
Xico

Anónimo disse...

Hola Fernando,

ando bastante "atrapalhado" pero siempre encuentro un "bocado" para seguir tu blog. Mis mejores deseos para ti.

Xico para ver las fotos de Fernando en GE puedes hacerlo siguiendo este link: http://www.panoramio.com/user/75065
Directamente sobre GE sólo aparecen al cabo de unas dos semanas de publicarse, no siempre lo hacen y en otras ocasiones se pierden.

Un abrazo a los dos.

Pera

Anónimo disse...

Fernano imagino lo feliz que estas al disfrutar de N.Z. leo tus cronicas y me imagino la belleza de ese pais, gracias por hacerme conocer otras culturas, un abrazo,Carmen

EmeCe disse...

Pues ahora he leido hasta aqui, y antes de seguir con tu relato.....decirte que lo he entendido todo y que me encanta....tu narración....
Recuerda que tenemos que "falar" sobre N.Z.....lo tengo apuntado en la lista. MC