03 fevereiro 2007

ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA – TERRA DA ABUNDÂNCIA (2)
A minha viagem de Tampa para Dallas tem uma escala técnica em Denver, Colorado.
Antes de viajar, sabia que as condições meteorológicas no centro dos EUA não estavam propicias a viagens de avião. Assim, ao chegar a Denver, não fiquei surpreendido quando me informaram que os voos para Dallas estavam cancelados, precisamente devido às condições meteorológicas.
Quando o avião aterrou em Denver, tudo o que a vista alcançava estava coberto de neve. As pistas do aeroporto só estavam transitáveis porque várias viaturas limpa-neve estavam permanentemente a limpar as áreas onde os aviões circulavam. É impressionante como um aeroporto naquelas condições pode manter o tráfego aéreo!
A temperatura exterior, à minha chegada a Denver era de 15º negativos. Nunca tinha estado num local com uma temperatura tão baixa.
Após tratar dos procedimentos para permanecer em Denver, com a companhia aérea United Airlines, fiquei a saber que teria que ali permanecer durante dois dias.
Apesar do frio intenso, decidi aproveitar esta visita inesperada a Denver para conhecer minimamente a cidade.
No dia seguinte, apesar do frio não abrandar, o dia amanheceu com sol e céu azul, o que me encorajou.
Munido das roupas mais quentes que tenho, saí do hotel para apanhar um comboio urbano, recentemente inaugurado, que liga várias áreas da cidade.
No meu caso, o destino foi o centro, Ali chegado, caminhei com cuidado, devido à existência de gelo nos passeios e ruas, para me dirigir ao Denver Art Museum
( http://www.denverartmuseum.org/ ), que tem um novo edifício, há pouco inaugurado, projectado pelo Arquitecto Libeskind, o mesmo que executou o projecto geral de urbanização da área destruída pelos atentados de 2001, em Nova Iorque.
Este edifício recente, foi fácil de encontrar, não apenas porque estava na posse dum mapa da cidade, mas também porque as características dissonantes da arquitectura o destacam do resto da paisagem urbana.
Apenas pude apreciar o exterior do edifício já que, naquele dia, o museu se encontrava encerrado.
Este dia passado em Denver coincidiu com o feriado comemorativo da morte de Martin Luther King, que continua a ser uma referencia para a sociedade norte-americana, sobretudo para os chamados afro-americanos, como pude constatar presenciando uma manifestação que decorreu numa das principais praças públicas de Denver.

No dia seguinte, apesar de se manterem temperaturas bastante baixas, e da neve se ter transformado em gelo, pude viajar para Dallas.
No aeroporto de Denver encontrei pela primeira vez nos EUA, jovens com uniformes militares, que poderão estar em breve, a caminho do Iraque, ou de qualquer das bases militares que os EUA mantêm em diversos países.
Mais tarde, viajando de Dallas para São Francisco, sentei-me ao lado dum militar fardado, com o qual estabeleci contacto, que me referiu estar de partida para a sua primeira missão militar no estrangeiro, na Coreia. Sorte a dele!
Voltando ao aeroporto de Denver, nele encontrei as medidas de segurança mais apertadas que conheci até hoje. Tudo o que eu transportava comigo, foi observado atentamente por vários funcionários, com a ajuda de equipamentos sofisticados.

Chegado a Dallas, tinha à minha espera a Lynn, amiga e ex-colega. É em casa da Lynn que fico hospedado, numa área residencial bastante agradável, próxima do centro da cidade.
Nos poucos dias passados em Dallas, para além de ter tido a oportunidade de reencontrar outros dois ex-colegas, Kathy e Michael, e de estar com uma das filhas da Lynn, Kathy, ocupei o tempo em visitas aos principais museus da cidade, assim como a um dos museus de Fort Worth. A cidade de Fort Worth é vizinha de Dallas, e em conjunto com uma terceira cidade, Irving, formam uma imensa área urbana que dá pelo nome de Metroplex.

Voltando aos museus de Dallas, visitei o Dallas Museum of Art
(http://www.dallasmuseumofart.org/), que já conhecia de visitas anteriores, que possui uma vasta colecção de obras de várias regiões do mundo, e de diversos períodos.
Na mesma área da cidade, encontra-se um museu mais recente, Nasher Sculpture Center (http://www.nashersculpturecenter.org/), dedicado a trabalhos de escultura, expostos em salas interiores e num jardim exterior. Este museu privado, foi projectado pelo Arquitecto Renzo Piano.
Em Fort Worth, visitei o Modern Art Museum (http://www.themodern.org/), há poucos anos instalado num magnífico edifício projectado pelo Arquitecto Tadao Ando.
Este é um projecto exemplar de arquitectura contemporânea, que não segue as tendências mais recentes de formas extravagantes, que caracterizam quase todos os edifícios construídos por museus nos últimos anos.
O conjunto arquitectónico deste museu é de grande simplicidade, e a elegância de formas faz com que seja o edifício mais fotogénico que conheci nos últimos anos.

Ainda em Dallas, pude assistir a um concerto da Orquestra Sinfónica de Dallas
(http://www.dallassymphony.com/), na companhia da Lynn, no magnífico auditório onde a orquestra tem a sua sede.
A orquestra foi conduzida pelo maestro Jun Markl, e teve como solista convidado o pianista Jean-Yves Thibaudet.

De Dallas, parti para a última etapa nos EUA, para São Francisco, na Califórnia, onde nunca tinha estado.
A chegada a São Francisco revelou de imediato uma cidade multiétnica, com uma vida vibrante.
De entre as comunidades de origem estrangeira aqui residentes, destacam-se as asiáticas, que representam cerca de um terço do total da população.
Fiquei hospedado no centro da cidade, uma área recomendável a quem queira fazer compras, já que num raio de poucos quarteirões se encontram quase todas as principais lojas representativas do mercado norte-americano.
Para mim, nesta área da cidade, refiro uma loja que me foi particularmente útil: a loja da Apple, magnifico espaço concebido para a marca apresentar os seus produtos com o estilo particular que se lhe reconhece.
Quando cheguei aos EUA não resisti à tentação de comprar um ipod, para poder ouvir as músicas que aprecio, e minorar a solidão de alguns períodos da viagem.
Como novato no mundo do ipod, aproveitei a estada em São Francisco para poder esclarecer dúvidas e frequentar aulas, ministradas gratuitamente na loja da Apple.
Não apenas pelo que observei nesta loja, mas na cidade em geral, os produtos da Apple, e não apenas os ipod, estão na moda.
Outras duas lojas situadas no centro de São Francisco me foram particularmente agradáveis: The Cheese Cake Factory (http://www.thecheesecakefactory.com/), que como o nome indica, é especialista em “cheese cakes”, uma especialidade norte-americana. Esta é a minha sobremesa preferida nos EUA, pelo que aproveitei para me deliciar com algumas das muitas variedades oferecidas pela casa. Este local, que também funciona como restaurante, é particularmente agradável, já que se situa no topo do edifício da loja Macy’s, em plena Union Square, a praça mais famosa de São Francisco.
A outra loja que me proporcionou muito prazer foi a Kozo Arts (http://www.kozoarts.com/) especializada em produtos de papel, de inspiração japonesa.
Tudo o que esta loja apresenta são produtos de uma elegância extraordinária, desenhados e produzidos pela própria empresa, sedeada em São Francisco.

Os seis dias passados em São Francisco foram em grande parte dedicados a grandes passeios pela cidade, que contrariamente às outras principais cidades norte-americanas, tem condições satisfatórias para as pessoas caminharem, apesar dos desníveis de terreno.
Para além da possibilidade de caminhar, a cidade possui também uma boa rede de transportes públicos, entre os quais os famosos “cable cars”, que percorrem algumas das principais artérias da cidade.
De resto, a cidade está localizada numa área de elevado risco sísmico, tendo poucos edifícios altos, e está distribuída por 43 colinas, o que proporciona vistas amplas.
Para além da vida urbana atraente, São Francisco possui cerca de 3.000 restaurantes, representativos das mais diversas gastronomias, muitos dos quais de excelente nível.
Junto ao oceano Pacífico, a cidade possui uma ampla frente marítima, com inúmeras atracções, como é o caso da ponte Golden Gate, a ilha de Alcatraz, praias de águas frias, e um passeio marítimo bastante frequentado, do qual se observa uma colónia de leões marinhos que ali se estabeleceu.
Quanto a museus, pude visitar três: Asian Art Museum (http://www.asianart.org/), dedicado às artes asiáticas, San Francisco Museum of Modern Art (http://www.sfmoma.org/), e o recente Museu “de Young” (http://www.thinker.org/), delírio arquitectónico criado pelos Arquitectos Herzog & de Meuron, localizado no extenso Golden Gate Park.

Para mim, é tempo de viajar para a Nova Zelândia, o país que mais desejo visitar no decurso desta peregrinação pelo mundo.
Para lá chegar, opto pela forma mais rápida, que é um voo sem escala, de São Francisco para Auckland. São quase 13 horas de viagem, sobre o oceano Pacífico.
Vou regressar ao Hemisfério Sul!

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá Fernando,

Resolvi comer hoje uma sandes na secretária durante a hora de almoço para por a leitura do blog em ordem.

E valeu a pena ler as crónicas sobre a "Terra da Abundância"!
Ja te consigo imaginar de ipod, pala do boné virado para traz, óculos espelhados, mochila às costas, pela rua fora esboçar uns sons, "ô-i-é"...

Bjs