01 janeiro 2006

ANO NOVO VIDA NOVA

Na realidade, ao longo dos meus 49 anos de vida, poucos foram aqueles em que o ditado ANO NOVO VIDA NOVA se aplicou.
Em 2006, no entanto, tenciono levar à letra o mesmo.

Como já declarei, quero concretizar neste novo ano um sonho antigo. Viajar, sem limite de tempo, à volta do Mundo.
As minhas previsões apontam para que, a partir de Março próximo, possa partir para a minha primeira volta ao Mundo. Para já, passo a divulgar o itinerário previsto para a primeira metade dessa viagem.
Se me perguntarem porque razão apenas desvendo o percurso que tenciono percorrer na primeira parte da viagem, a resposta é a seguinte: desejo aproveitar esta oportunidade para me reencontrar com a vida, em pleno. Isto significa que, poderei vir a escolher outro local para viver nos próximos anos, que não em Portugal. Neste sentido, não faço segredo que, em teoria, o meu destino desejado é a Nova Zelândia. Como esta se encontra nos antípodas relativamente a Portugal, ponto de partida para a viagem, significa que, para lá chegar terei que percorrer meio Mundo.
Dos poucos compromissos auto-impostos para esta viagem, um deles aponta para que chegue à Nova Zelândia no decurso do último trimestre de 2006. Lá, deverei permanecer durante pelo menos três meses, afim de conhecer melhor o país, onde eu e a Ana estivemos em 1994, durante uma semana.
Dependendo do resultado da estada na Nova Zelândia, decidirei então do percurso para a outra metade do Mundo.

Assim, deixo-vos aqui a relação dos países que pretendo visitar em 2006, a caminho da Nova Zelândia, por ordem cronológica:
BRASIL
URUGUAI
ARGENTINA
CHILE
EQUADOR
PANAMÁ
COSTA RICA
NICARÁGUA
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
NOVA ZELÂNDIA

Em resumo, nesta parte da viagem deverei atravessar dois oceanos, Atlântico e Pacífico, e três continentes, América do Sul, América Central e América do Norte.
Desde já vos digo que este é um itinerário previsional, que poderá ser alterado quando surgirem razões, espero que positivas, que me levem a introduzir alterações.
No que respeita aos dez países acima citados, tenho locais que desejo visitar já identificados. Não os revelo aqui de momento. Quero no entanto solicitar a colaboração de quem me acompanha neste MEU MUNDO, para receber sugestões de locais que cada um de vós me queira sugerir, ou por conhecimento próprio, ou por outras razões que possam fundamentar.
Para isso, adianto-lhes que as minhas escolhas foram e serão baseadas principalmente nos seguintes interesses: visitar amigos que residem nos quatro cantos do Mundo, ou que por coincidência possam estar de passagem em locais nas proximidades do meu percurso; visitar locais de grande interesse natural, cultural e histórico. Nestes dois últimos campos, procurarei também visitar locais onde Portugal deixou património relevante, sabendo nós quão importante é esse legado, embora pouco protegido e divulgado.
Já agora, antes que me repreendam, quero afirmar que, esta viagem, apesar de especial, não me permitirá visitar todos os países que para já, gostaria de percorrer. Na primeira metade, esquecendo para já a segunda, vou falhar com grande pena minha, o Peru, México e Canadá. Ficarão para outras viagens.

Aguardo pois as vossas sugestões, para que possa enriquecer o meu plano de viagem.
Entretanto, a todos desejo um
ANO NOVO pleno de satisfação, com saúde!

06 dezembro 2005


A avó Etelvina, acompanhada pela filha, minha mãe, e pela Ana. Tempos felizes.

A avó Etelvina a fazer trabalho de costura.
MEMÓRIAS DA AVÓ ETELVINA

Na sequência da recente morte da avó Etelvina, aproveito para a recordar, com muita saudade, também através de duas fotografias feitas há cerca de seis anos atrás, em minha casa.

Entretanto, aproveito para informar que mantenho o meu plano de iniciar a minha primeira viagem à volta do Mundo, se possível no primeiro Trimestre de 2006.
Só não anuncio já o mês em que partirei porque, estou dependente do aluguer da minha casa. Ou seja, só quando tiver um compromisso sério com os futuros residentes na minha casa é que começarei a viagem.
De qualquer modo, já tenho um itinerário definido para esta viagem, que vos participarei aqui n’O MEU MUNDO ainda este mês.
Até lá, aproveito para desejar a todos os que usam este meio para saberem de mim, Festas Felizes.

10 outubro 2005


Pirinéus, França: a beleza da natureza, servida em paisagens majestosas.

09 outubro 2005

EUROPA OCIDENTAL – Semana de 3 a 9 de Outubro

Segunda-feira, saio de Beaugency em direcção a Toulouse. Começo por acompanhar o rio Loire até Tours. Das várias estradas disponíveis, a mais interessante do ponto de vista cénico é a do lado sul do rio, muito próxima deste.
Depois de Blois, a paisagem é ainda mais interessante, alternando florestas, pequenas povoações e vistas para o rio.
Paro em Amboise, uma localidade pitoresca, com um dos castelos mais famosos, com o nome da terra. Em Tours, decido continuar a jornada, para já em direcção a Limoges. Aqui chegado ao fim da tarde, sigo viagem para Toulouse, onde chego quase à meia-noite. Para surpresa minha, os hotéis da cidade parecem estar cheios. Consigo encontrar quarto, com vista para a sala de pequenos-almoços do próprio hotel, por 110 euros.

Terça-feira, visito a área urbana antiga de Toulouse, interessante, e deparo-me com uma manifestação de trabalhadores grevistas que desfilam pela manutenção dos seus (ricos) direitos profissionais. Esta greve é nacional, e impressiona-me a capacidade de mobilização dos sindicatos franceses, que levam muitos milhares de pessoas, de vários quadrantes, para um desfile nas ruas. Segundo a imprensa, em todo o país mais de um milhão de cidadãos participaram nas manifestações de rua.
Ao princípio da tarde volto à estrada, a caminho de Pau. Saindo de Toulouse começamos a ter à nossa esquerda a muralha montanhosa dos Pirinéus, que separa a França da Espanha.
Chegado a Pau, encontro um hotel simpático, Montpensier, e deparo-me com uma recepcionista brasileira.
Vou jantar a um restaurante tradicional de Pau, La Goulue, onde pouco depois de eu entrar, chegaram três homens acompanhados por dois cães, sendo que um dos cães, minúsculo, ficou sentado ao colo do dono, não se contendo em tentar comer do prato deste. Com franqueza, tive vontade de sair do restaurante, como forma de protesto pela promiscuidade da situação, mas acabei por ficar e apreciar o ambiente geral.
Depois do jantar, passeei pelo centro da cidade e constatei duas curiosidades: estando Pau numa área climatérica fria, pela proximidade das montanhas dos Pirinéus, encontramos nos jardins públicos uma elevada quantidade de palmeiras. Lá como cá, há uma febre tropical.
Por razão que desconheço, na área comercial da cidade, existe uma quantidade/percentagem elevada de casas de lingerie femininas.

Quarta-feira, pouco depois de acordar, recebo uma notícia indesejável mas, de algum modo previsível: a minha avó, mãe da minha mãe, com 94 anos de idade, faleceu.
Desde há mais de um ano que a vida dela se degradou substancialmente, e por tabela, a da minha mãe, com quem vivia. Agora, a sua vida e sofrimento, terminaram.
Quanto a mim, tenho-a como uma das minhas referências morais, com quem aprendi muito.
Curiosamente, na véspera, dia da sua morte, passei perto de Lourdes, local de peregrinação dos católicos, como a minha avó, onde estive com ela há quase 30 anos atrás, em passeio. Não pude deixar de recordar esse facto, e de desejar que a fé que a acompanhou até agora a protegesse de males maiores.
Triste, constato que no espaço de sete meses perdi duas das três mulheres mais importantes da minha vida, a Ana e a avó Etelvina.
Assim, altero os meus planos de modo a viajar hoje até casa, em Portugal. Como o meu irmão Jorge, residente em Madrid, está interessado em ir também a Portugal para se despedir da nossa avó, combino passar em Madrid e seguirmos para Portugal. Em perspectiva, tenho cerca de 1.200 Km para percorrer hoje. Saio de Pau cerca das 12 horas, começando por percorrer os cerca de 100 Km iniciais, até à fronteira com Espanha, numa estrada de montanha, que atravessa os Pirinéus.
Apesar da pressa, perante a majestade das paisagens que ladeiam a estrada, tenho que as apreciar minimamente, parando algumas vezes.
As belezas proporcionadas pela natureza seduzem-me quase sempre mais do que as que o ser humano produz.
A passagem de França para Espanha faz-se através do túnel de Somport que, com cerca de 9 Km de extensão, é o mais longo que me lembro de atravessar até hoje. Aqui, a segurança é levada a sério. Para além de sinalização rigorosa e limite de velocidade adequado às circunstâncias, as duas extremidades do túnel estão permanentemente vigiadas por especialistas em segurança, que inspeccionam todas as viaturas pesadas que ali passam.
Chegado ao lado espanhol, noto de imediato alterações na paisagem, que passa a ser mais agreste, com menor densidade de vegetação. Verifico também um aumento significativo da temperatura do ar.
Gradualmente, a paisagem vai-se tornando mais árida, a ponto de em breve se parecer com outras paisagens que me são familiares no norte de África, em Marrocos, aqui tão próximo.
Com tudo o que se passa a nível climatérico e de ordenamento dos territórios ibéricos, tudo leva a pensar que, em breve, poderemos vir a ter um prolongamento do grande deserto do Sara, na Península Ibérica.
Vem-me à memória o problema da seca que tem afectado particularmente esta região, e a preocupação que também os franceses demonstram relativamente a este flagelo. Efectivamente, em Paris, constatei que alguns espaços públicos estão privados de água em fontes e repuxos, como medida de contenção dos gastos de água.
Na ocasião, pensei que bom seria que Portugal tivesse uma seca como a que afecta França.
Também me vem à memória uma história recente de amigos meus, a Paula e o Maurício, que receberam em sua casa uma amiga de uma viagem feita em 2004, à Mauritânia, onde esta reside. Quando a mesma se confrontou com o jardim relvado da casa da Paula e do Maurício, disse-lhes que tudo o ali via estava muito distante do conceito de seca e aridez dela. Na verdade, esta portuguesa residente na Mauritânia, vive há vários anos no deserto profundo do Sara, certamente um dos locais mais secos do planeta.
Chego a Madrid ao final da tarde, e encontro o Jorge numa esquina da avenida Castellana, seguindo viagem. Antes da uma hora da madrugada chegamos a minha casa.

Assim, de modo imprevisto, chega ao fim o passeio que planeei pela Europa Ocidental, para visitar alguns amigos.
À parte as impressões já registadas, fica-me a certeza que, comparativamente com os países que agora visitei, Portugal figura como um parente pobre. O termo “pobre” é aqui aplicado não tanto aos aspectos económicos que caracterizam as sociedades mas sim, aos indicadores de educação cívica e moral, e ao nível cultural. Provavelmente, o atraso económico de Portugal no grupo da União Europeia deriva precisamente dos outros indicadores que também nos são desfavoráveis.
Dos poucos países agora visitados, os que mais me agradaram na globalidade foram França e Holanda. Poderia equacionar viver em França, não em Paris mas numa pequena cidade do sul.
Mas esta é uma decisão que terá que ser muito ponderada. Qualquer decisão que me comprometa relativamente à minha vida futura só será tomada depois de eu empreender a viagem à volta do mundo, com início previsto para o primeiro trimestre de 2006, e só depois de visitar a Nova Zelândia, meu actual modelo.

04 outubro 2005


Paris, França: a Torre Eiffel, simbolo máximo da cidade de Paris, feericamente iluminada.