07 junho 2006

BRASIL - Inicio da viagem - Junho de 2006

A 3 de Junho, comecei finalmente, a minha primeira viagem à volta do Mundo.
Projecto previsto há mais de um ano, amplamente discutido, e razoavelmente planeado, teve agora o seu início, com um voo da TAP entre Lisboa e Fortaleza, Brasil, com a duração de 7 horas.
Ao fazer o check-in no aeroporto de Lisboa, confirmo que levo demasiada carga para que me possa sentir confortável numa viagem que se prevê longa. Uma mala com 33 kg e uma mochila com 11 kg, para além de um saco de mão com peso não controlado. Total, quase 50 kg.
Primeiro objectivo traçado na minha mente: reduzir a carga que transportarei para as próximas etapas.
Premonitoriamente, embarquei no Airbus A310, chamado João XXI, pilotado pelo Comandante Jesus Pereira. Com estes nomes simbólicos a acompanhar-me, previ desde logo um voo tranquilo.
A previsão não só se confirmou como, ainda beneficiei de uma atenção extraordinária por parte de tripulação do avião que, avisada pelo meu amigo Alfredo, me tratou com particular cuidado. Ainda por cima, o chefe da tripulação a bordo é meu vizinho em S. João do Estoril, o que proporcionou uma conversa mais pessoal.

Depois de uma longa escala em Fortaleza, sem sair do aeroporto, apanhei o voo das 2 da madrugada para São Luís, com uma escala em Teresina, capital do estado do Piauí, uma das cidades mais quentes do Brasil, no que à meteorologia concerne.
Chegado a S. Luís por volta das 4.30 da madrugada, hora do Brasil (menos 4 que em Portugal), só queria era chegar ao hotel, para poder descansar.
Escolhi a Pousada Colonial (diária com pequeno-almoço incluído, cerca de 20 €), situada na área central da cidade que, mesmo percorrida de carro à noite, com os olhos a fecharem-se, me pareceu familiar, pela analogia arquitectónica com cidades de Portugal.

Na manhã do dia seguinte, na sala onde o pequeno-almoço é servido, encontro casualmente um brasileiro com quem estabeleço contacto.
O Carlos, natural de Brasília, residente em Toronto, Canadá, é historiador e está cá por um projecto em que participa, sobre a presença de escravos nestas paragens, no tempo colonial.
Apreciámos a companhia um do outro e decidimos sair juntos, para um passeio pedestre pela parte antiga da cidade, considerada património da humanidade pela UNESCO.
Rapidamente me apercebo da inclemência do calor húmido, que me faz lembrar o clima de Luanda, onde nasci e vivi, há muitos anos.
A cidade está estranhamente deserta, o que nos permite caminhar calmamente e observar o que nos rodeia com atenção.
As ruas de pavimento empedrado, sucedem-se com fileiras de casas construídas há muitos anos, com características claramente portuguesas. Muitas delas, têm as fachadas revestidas a azulejo, algumas das quais com padrões que me fazem lembrar edifícios que conheço de Lisboa.
Ao caminharmos, vou-me também apercebendo que uma das razões pelas quais a cidade está despovoada, é a da selecção de futebol do Brasil estar a disputar um jogo treino, para o Mundial, que começará dentro de dias.
É latente a devoção com que o país segue este assunto. São ruas e casas comerciais enfeitadas com adereços verdes e amarelos, são pessoas de idades diversas, e dos dois sexos, que vestem roupas com símbolos nacionais, são crianças que improvisam campos de futebol nas ruas da cidade, são mensagens publicitárias alusivas ao acontecimento, enfim, é toda uma ansiedade que paira no ar.

De tarde, acompanhados por uma assistente do Carlos, residente em S. Luís, vamos visitar duas casas comunitárias, situadas num bairro popular da cidade, onde se está a celebrar a festa do Divino Espírito Santo.
Nas casas das Minas e de Nagô encontramos outro aspecto da vida brasileira, o da conjugação de rituais religiosos e pagãos.
Em ambiente de festa, conjugando a fé religiosa com a música, os participantes convivem alegremente.
Lembro-me das festas homónimas que ocorrem nos Açores, e das semelhanças e diferenças de ambas as versões.

No dia seguinte, estava eu a consultar os serviços locais de informações turísticas, quando vi entrar no local três senhoras de idade respeitável, todas mais velhas que eu.
Apercebi-me que eram estrangeiras e falavam inglês, com sotaque americano. Como nenhuma das funcionárias do posto de turismo falava inglês, ofereci-me para ser o tradutor da conversa.
Depois de prestado o serviço, quis conhecer minimamente as senhoras americanas. Fiquei a saber que estão a percorrer vários países da América do Sul, tendo começado o périplo pela Colômbia, seguindo-se o Peru, Equador e o Brasil, onde irão ficar mais cerca de cinco semanas.
Na véspera tinham feito em autocarro público o trajecto entre Belém do Pará e São Luís, com a duração de 16 horas.
Antes de saírem do posto, fomos agraciados com um licor de maracujá, com o qual fizemos um brinde à vida e ao prazer de viajar.
Mais tarde reencontrei-as numa rua e decidimos jantar juntos, num restaurante conhecido no centro da cidade velha, perto do qual decorreu um espectáculo musical com vários grupos da região. O género musical dominante é o “bumba meu boi”, que é uma fusão do forró, do nordeste brasileiro, e do samba, com figurantes com trajes de fantasia, que interpretam coreografias mais ou menos carnavalescas.
Para surpresa minha, o primeiro grupo que actuou, apresentou-se com um fundo musical português, de Portugal.
O espectáculo desta noite deu inicio a uma temporada festiva que decorre entre os dias de Santo António e de São Marçal, designada de Festas Juninas, a qual é muito popular no estado do Maranhão.
Despedi-me das minhas novas amigas, que no dia seguinte seguiriam viagem para o Parque dos Lençóis Maranhenses, onde eu espero ir dentro de dias.
Encontros como este comprovam que o mundo se está mesmo a transformar numa aldeia global, e que a idade por si só não é impeditiva das pessoas viajarem, mesmo para áreas relativamente desconhecidas.

Ao fim de alguns dias em São Luís, decido visitar o Parque Natural dos Lençóis Maranhenses. Parto amanhã.

10 maio 2006

INICIO DO PERÍODO NÓMADA

Fotografia: Maurício Abreu

INICIO DO PERÍODO NÓMADA

Desde o passado dia 4 que deixei de residir em minha casa.
Actualmente, estou instalado em casa da Clara e do Jack, amigos queridos, que me acolheram calorosamente no seu espaço privilegiado, junto às praias do Guincho ou seja, quase no ponto mais ocidental do continente europeu.

Assim começou o meu período nómada, que durará o tempo que vier a ser consumido até terminar a minha primeira viagem à volta do Mundo.
Previsões?
No mínimo um ano, no máximo o resto da minha vida.

Para já, anuncio que a minha partida de Lisboa rumo ao Brasil será no próximo dia 3 de Junho.
Até lá, será tempo para os últimos preparativos para a grande viagem que se avizinha, e para confraternizar com aqueles de vós que tenham disponibilidade para estar comigo.

Quando iniciar a viagem, publicarei n’ O MEU MUNDO o relato do que de mais interessante acontecer, pelo prazer de partilhar as experiências que vou viver com cada um de vós.
Claro que conto com os comentários que queiram fazer, os quais também me proporcionam satisfação.

A minha próxima grande aventura está prestes a começar!


11 abril 2006


CASA ALUGADA, INICIO DA CONTAGEM DECRESCENTE PARA A VIAGEM MAIS DESEJADA

Finalmente, depois de cinco meses de trabalho e de espera para alugar a minha casa, posso anunciar que este objectivo foi alcançado.
A partir já deste mês de Abril deixarei de residir em minha casa, entregando-a a uma família espanhola, que espero seja feliz na escolha que fez.

Assim, é agora tempo de me concentrar nos preparativos finais para a minha primeira viagem à volta do Mundo.
Ainda não tenho marcada a data para a primeira etapa, que me levará de Lisboa ao Brasil mas, prevejo que a mesma aconteça na segunda metade de Maio próximo.

No período de tempo que falta, procurarei encontrar-me com os amigos que residem em Portugal mas, provavelmente não conseguirei estar com todos.
Aqueles que me quiserem ver, antes da minha partida, agradeço que me contactem para marcarmos um encontro.
Os amigos com os quais eu não consiga encontrar-me nas próximas semanas, e os outros, poderão acompanhar-me na viagem, através deste MEU MUNDO, ou então, poderão viajar até qualquer dos pontos por onde eu prevejo passar, para aí nos reencontrarmos.

Até breve, e até sempre!


01 janeiro 2006

ANO NOVO VIDA NOVA

Na realidade, ao longo dos meus 49 anos de vida, poucos foram aqueles em que o ditado ANO NOVO VIDA NOVA se aplicou.
Em 2006, no entanto, tenciono levar à letra o mesmo.

Como já declarei, quero concretizar neste novo ano um sonho antigo. Viajar, sem limite de tempo, à volta do Mundo.
As minhas previsões apontam para que, a partir de Março próximo, possa partir para a minha primeira volta ao Mundo. Para já, passo a divulgar o itinerário previsto para a primeira metade dessa viagem.
Se me perguntarem porque razão apenas desvendo o percurso que tenciono percorrer na primeira parte da viagem, a resposta é a seguinte: desejo aproveitar esta oportunidade para me reencontrar com a vida, em pleno. Isto significa que, poderei vir a escolher outro local para viver nos próximos anos, que não em Portugal. Neste sentido, não faço segredo que, em teoria, o meu destino desejado é a Nova Zelândia. Como esta se encontra nos antípodas relativamente a Portugal, ponto de partida para a viagem, significa que, para lá chegar terei que percorrer meio Mundo.
Dos poucos compromissos auto-impostos para esta viagem, um deles aponta para que chegue à Nova Zelândia no decurso do último trimestre de 2006. Lá, deverei permanecer durante pelo menos três meses, afim de conhecer melhor o país, onde eu e a Ana estivemos em 1994, durante uma semana.
Dependendo do resultado da estada na Nova Zelândia, decidirei então do percurso para a outra metade do Mundo.

Assim, deixo-vos aqui a relação dos países que pretendo visitar em 2006, a caminho da Nova Zelândia, por ordem cronológica:
BRASIL
URUGUAI
ARGENTINA
CHILE
EQUADOR
PANAMÁ
COSTA RICA
NICARÁGUA
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
NOVA ZELÂNDIA

Em resumo, nesta parte da viagem deverei atravessar dois oceanos, Atlântico e Pacífico, e três continentes, América do Sul, América Central e América do Norte.
Desde já vos digo que este é um itinerário previsional, que poderá ser alterado quando surgirem razões, espero que positivas, que me levem a introduzir alterações.
No que respeita aos dez países acima citados, tenho locais que desejo visitar já identificados. Não os revelo aqui de momento. Quero no entanto solicitar a colaboração de quem me acompanha neste MEU MUNDO, para receber sugestões de locais que cada um de vós me queira sugerir, ou por conhecimento próprio, ou por outras razões que possam fundamentar.
Para isso, adianto-lhes que as minhas escolhas foram e serão baseadas principalmente nos seguintes interesses: visitar amigos que residem nos quatro cantos do Mundo, ou que por coincidência possam estar de passagem em locais nas proximidades do meu percurso; visitar locais de grande interesse natural, cultural e histórico. Nestes dois últimos campos, procurarei também visitar locais onde Portugal deixou património relevante, sabendo nós quão importante é esse legado, embora pouco protegido e divulgado.
Já agora, antes que me repreendam, quero afirmar que, esta viagem, apesar de especial, não me permitirá visitar todos os países que para já, gostaria de percorrer. Na primeira metade, esquecendo para já a segunda, vou falhar com grande pena minha, o Peru, México e Canadá. Ficarão para outras viagens.

Aguardo pois as vossas sugestões, para que possa enriquecer o meu plano de viagem.
Entretanto, a todos desejo um
ANO NOVO pleno de satisfação, com saúde!

06 dezembro 2005


A avó Etelvina, acompanhada pela filha, minha mãe, e pela Ana. Tempos felizes.

A avó Etelvina a fazer trabalho de costura.
MEMÓRIAS DA AVÓ ETELVINA

Na sequência da recente morte da avó Etelvina, aproveito para a recordar, com muita saudade, também através de duas fotografias feitas há cerca de seis anos atrás, em minha casa.

Entretanto, aproveito para informar que mantenho o meu plano de iniciar a minha primeira viagem à volta do Mundo, se possível no primeiro Trimestre de 2006.
Só não anuncio já o mês em que partirei porque, estou dependente do aluguer da minha casa. Ou seja, só quando tiver um compromisso sério com os futuros residentes na minha casa é que começarei a viagem.
De qualquer modo, já tenho um itinerário definido para esta viagem, que vos participarei aqui n’O MEU MUNDO ainda este mês.
Até lá, aproveito para desejar a todos os que usam este meio para saberem de mim, Festas Felizes.