17 julho 2008

Roma: pormenor da Coluna Trajana.

ROMA

Na véspera de regressar a Portugal, parto de Bevagna em direcção a Roma, onde vou estar apenas cerca de 24 horas.
O percurso feito por estrada demora cerca de 3 horas, pelo que chego a Roma ao final da manhã.
Tendo reservado previamente um quarto no Hotel Felice, situado nas imediações da estação ferroviária Termini, perto da Porta Tiburtina, uma das portas da muralha romana, da qual viajaria mais tarde para o aeroporto, tratei de passar pelo hotel para lá deixar a bagagem, para logo a seguir ir entregar o carro.
Tratadas estas formalidades, iniciei então as minhas 24 horas em Roma. Sendo a minha primeira visita a esta cidade, sem ter feito qualquer planeamento prévio, decidi empreender um passeio pelo centro de Roma, com inicio na Praça de Espanha, um dos pólos turísticos mais procurados na cidade.
Tendo viajado até à Praça de Espanha de metropolitano, ao sair para o nível da rua neste local, senti o impacto de me ver entre uma verdadeira multidão de turistas, e observei a existência de muitos polícias nas ruas. Como tinha conhecimento da visita a Roma do presidente dos E.U.A., o tristemente famoso (também poderia dizer, o infame …) George W. Bush, desconfiei que o aparato policial estaria relacionado com este visitante, o que vim a confirmar posteriormente, ao falar com vários romanos.
Da Praça de Espanha, segui pela Via Condotti, maioritariamente ocupada por lojas de marcas de luxo, em direcção à Praça Navona, ampla e elegante, onde se destaca o edifício monumental ocupado pela Embaixada do Brasil. Antes de atingir a Praça Navona, cruzei a estreita Via dei Portoghesi (Rua dos Portugueses).
Seguindo para sul, alcancei o Campo de Fiori, onde ao final da tarde assisti ao jogo de futebol entre Portugal e a República Checa, para o Euro 2008, e no dia seguinte, tendo lá regressado, constatei que nesta praça se realiza um mercado de rua, de bens alimentares.
Logo a seguir, encontra-se a Praça Farnese, que, em contraponto com a sua vizinha, se apresenta como um espaço tranquilo.
Por esta amostra de Roma, e pelo que iria ainda ver, agradou-me a estrutura urbana da cidade, com um número significativo de praças públicas que funcionam como catalisadores de vida.

Depois do futebol, procurei local para jantar, coisa fácil numa cidade que tem uma vasta oferta de restaurantes e estabelecimentos afins.
Das poucas informações que tinha sobre Roma, por leituras recentes, constava uma apreciação das pizarias da cidade. Uma das casas com melhor reputação na preparação de pizas, uma instituição da cozinha italiana, é a Pizzeria da Baffetto, que fica nas redondezas.
É pois aqui que vou jantar. Ao perguntar a um romano se iria na direcção certa, ele disse-me que sim, que encontraria a casa quando visse uma fila de pessoas à porta. Dito e feito, um pouco mais adiante, na Via del Governo Vecchio, à esquerda, lá estava uma fila de pessoas à porta de um restaurante com uma ampla esplanada, cheia de clientes.
Coloco-me na fila, e espero. À minha frente, um homem só, como eu, também aguarda a sua vez. Dada a demora, ambos compreendemos que, se nos juntássemos para jantar, seriamos atendidos mais rapidamente do que se persistíssemos em ficar cada um com a sua mesa.
Apresentamo-nos. O meu companheiro para o jantar de hoje é o Peter, belga, flamengo, residente no sul de Espanha, pelo que adoptamos o castelhano para nos entendermos.
Já sentados na esplanada, enquanto esperamos pelas pizas, o Peter conta-me a sua história de vida. Vive com a família, é casado e tem duas filhas, em Espanha, e é empresário da construção civil. Como o negócio não está no seu melhor momento, o Peter está a considerar alternativas a Espanha, e por isso deslocou-se por uns dias à Eslováquia, para conhecer o país.
De regresso a Espanha, passou por Roma, apenas por dois dias.
Entretanto, as pizas já tinham chegado, e concordamos na opinião de que são muito boas, justificando a fama da casa.
Como a rotação de clientes é grande, ao nosso lado sentou-se um grupo de quatro pessoas, que falavam uma língua eslava, que não identificámos imediatamente. Por curiosidade, perguntei de onde vinham os nossos novos vizinhos, e a resposta indicou a Rússia.
Depois de uma breve troca de palavras, despedimo-nos dos russos, para sair. Ali ao lado, há uma gelataria que nos atrai. Enquanto nos decidimos, com a ajuda da proprietária, italiana, ouvimos também a opinião de uma cliente, napolitana, que aproveita para se manifestar desgostosa por estar a viver em Roma, cidade pouco animada, se comparada com Nápoles.
O gelado da Frigidarium é bom mas, eu tinha uma outra recomendação nesta área (quero dizer, nos gelados), pelo que decidimos empreender uma caminhada até à Fonte de Trevi, onde se encontra a Gelataria San Crispino.
Para lá chegarmos, passamos pela Praça Navona, Panteão e Praça S. Ignazio.
Quando chegamos à pequena praça onde se encontra a monumental Fonte de Trevi, manifestamo-nos surpreendidos pela multidão de visitantes, como nós, que andam pelas ruas de Roma, aquela hora, quase à meia-noite.
Aqui, no meio dos turistas, movimentam-se alguns vendedores ambulantes, imigrantes do Bangladesh, que ganham a vida vendendo chapéus-de-chuva, tripés para máquinas fotográficas e uns discos luminosos que atraem a atenção de todos, e que devem ser os “gadgets” da moda, certamente importados da China. Aliás, estes vendedores ambulantes, que aparentam ser todos de países do sul da Ásia, estão invariavelmente presentes nos locais mais frequentados por turistas, nas principais cidades italianas que visitei, vendendo sempre os objectos acima descritos.
Depois de o Peter ter comprado uns discos luminosos para oferecer às filhas, lá fomos à procura da Gelataria San Crispino, ali perto, onde comemos mais um bom gelado.

No dia seguinte, o último da minha estada em Itália, ainda fui conhecer a área da cidade na qual se encontram alguns dos mais importantes registos arquitectónicos do Império Romano.
Comecei pelo Coliseu, que estava rodeado por mais uma multidão de turistas, seguindo depois ao longo da avenida que se dirige à Praça Veneza, da qual se podem observar muitas ruínas de construções do período Romano.
Já próximo daquela praça, à direita, chama-me a atenção uma imponente coluna em mármore (cerca de 40 metros de altura), totalmente esculpida com altos-relevos, que representam cenas da vida do império, no inicio do século II D.C. Trata-se da magnifica Coluna Trajana, que faz parte do Forum de Trajano, o maior dos Foruns Imperiais edificados em Roma.

Para me despedir de Roma, e de Itália, vou almoçar ao Antico Forno Roscioli, espécie de padaria e pastelaria, que também produz pizas, vendidas à fatia, e que tem uma vasta e fiel clientela, a fazer fé na afluência de público (atenção ao facto de existirem dois locais com o mesmo nome, pertencentes à mesma empresa, muito próximos um do outro, sendo que num, situado na Via dei Chiavari, supostamente o mais antigo, o serviço é prestado ao balcão, não havendo lugares sentados; no outro, na Via dei Giubbonari, a oferta é maior, e existe serviço de mesa).
De volta ao hotel, para recuperar a minha bagagem, sigo para o aeroporto, de comboio, a partir da Estação Termini.
À medida que o comboio se vai afastando do centro de Roma, observo as áreas urbanas incaracterísticas e pouco cuidadas, que me levam a pensar se a Itália de hoje estará à altura do vasto e precioso legado dos seus antepassados.

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