17 julho 2006

PARATI – MAIS UM REGRESSO AO PASSADO

De autocarro a partir do Rio de Janeiro (cerca de quatro horas de viagem), desloco-me a Parati (que também se pode identificar como Paraty), para completar de algum modo a trilogia portuguesa no Brasil (São Luís, Ouro Preto e Parati).
O percurso costeiro é recheado de paisagens magníficas. O litoral é bastante sinuoso, o que proporciona baías com praias, e muito próximo, montes sucessivos cobertos pela mata Atlântica, pujante de vida. No mar, à vista de terra, inúmeras ilhotas.
Como paisagem costeira, é do mais bonito que conheço!
Estranhamente, algumas dezenas de quilómetros a norte de Parati, à beira-mar, encontra-se uma central nuclear, a única em actividade no Brasil. É claramente um elemento perturbador no belo quadro natural que a região oferece.

A cidade de Parati, tem duas partes, das quais apenas falarei da histórica, a que os nossos antepassados construíram no século XVII, e que foi um porto importante, sobretudo no século XVIII, quando a coroa portuguesa utilizou a sua localização estratégica para dele enviar o ouro extraído em Minas Gerais para Portugal.
Hoje, a cidade orgulha-se de ter um dos mais importantes conjuntos arquitectónicos do período colonial. São vários quarteirões edificados à beira da baía, de casas baixas, com inequívocos traços da arquitectura tradicional portuguesa, embora recheadas de pormenores tropicais, em excelente estado de conservação.
Uma das características desta parte da cidade é que, a sua proximidade com a baía, foi aproveitada para que, na maré-alta, sobretudo no período de lua cheia, que foi o caso de quando lá estive, a água penetrar nas ruas adjacentes à baía, inundando-as por algumas horas. Esta situação foi criada intencionalmente, provavelmente para permitir a limpeza das ruas pelo mar.
Num dos passeios que fiz pelas ruas, coincidindo com a maré-alta, encontrei uma casa à janela da qual se encontrava uma senhora, com a qual conversei, por cortesia. Como a sua casa estava rodeada de água, eu estava no passeio do lado oposto da rua, a senhora disse-me que se encontrava “ilhada”, e que teria que esperar pela descida da maré, para então sair de casa.

Em Parati, para além da parte histórica da cidade, os outros atractivos são o mar, através de passeios de barco pelo litoral, em embarcações tradicionais, com visitas a pequenas ilhas, e as praias das cercanias.
Apesar da tentação dos passeios de barco, bem organizados e certamente interessantes, por falta de tempo, optei por visitar uma localidade próxima, Trindade, que diz ter algumas das melhores praias da região.
De Parati a Trindade são quarenta minutos de autocarro. Lá chegado, caminho até à Praia do Meio, que tem um conjunto de bares que oferecem tudo o que os banhistas exigentes querem, e continuo praia fora, passando por duas trilhas que exigem boas pernas, até atingir uma piscina natural afamada. Lá chegado, constato que só merece a pena o esforço, se fosse na maré-alta. Como não era o caso, apanho um barco que me leva de volta à Praia do Meio, onde me instalo num dos bares. Escolho o “Vagalume do Meio” (recomendável), onde a Ana Paula me serve com delicadeza e atenção, que me fazem sentir bem.
Depois de tomar bons banhos de mar, o apetite leva-me à mesa onde “belisco” aipim (mandioca) frito e uma isca de peixe (bocados de peixe frito).
A praia tem bastantes banhistas, sobretudo brasileiros, já que estamos num período de férias escolares. Ao observá-los, constato que o meu corpo está desactualizado: não tenho tatuagens nem piercings.
De volta a Parati, deixo a Pousada “Mercado de Pouso” (recomendável) para retornar ao Rio, já de noite. A viagem é acompanhada pela lua cheia, que espalha a sua luz difusa no mar.
É o prenuncio de uma noite bem dormida.


3 comentários:

Anónimo disse...

Fernando!

Belas crónicas e belas fotos, parece que estás a ganhar embalagem !

Parabéns e Boa Viagem!

José Manuel

Anónimo disse...

Olá Fernando!

Apesar de não registar comemtários frequentes, tenho acompanhado os teus excelentes relatos e com eles viajado. É impossível não o fazer. Obrigada por compartilhares connosco as tuas experiências fantásticas. Continua a viagem com todo o prazer com que o tens feito até agora.

Um beijo,

Ana

Anónimo disse...

Fernando,

Continuo a viagem contigo...

Parati era uma das minhas curiosidades no Brasil.
As tuas descrições e as belíssimas fotografias confirmam que vale mesmo a pena visitar.

Uma vez que existem estas belezas no mundo, acima de tudo é muito bom sentir que as estás disfrutar com a satisfação e a tranquilidade que te são peculiares.

Beijinhos
susana