06 julho 2006

MEMÓRIAS DE ÁFRICA EM MINAS GERAIS

De Belo Horizonte, viajo por estrada, de autocarro, até Araxá, distante cerca de 400 km da capital do estado, para oeste.
A razão deste passeio ao interior de Minas Gerais é a de em Araxá residirem familiares meus, tios e primos, que vindos de Angola no período da descolonização, se fixaram no Brasil, nesta região.
A estrada entre Belo Horizonte e Araxá percorre terras onduladas, por entre montes e vales. Dou por mim a recordar-me de África, a minha, Angola, onde vivi os meus primeiros 18 anos. São paisagens de uma escala imensa, sem vestígios da presença humana por muitos quilómetros, a terra é vermelha, e nela brotam pequenas formações que reconheço de imediato como colónias de formigas, aqui chamadas cupim, salalé em Angola.
Mais adiante, aparecem plantações de café, tal como nalgumas regiões de Angola.
Outra referência africana, são árvores que aqui se chamam amendoeiras, e que lá se chamavam figueiras da Índia. Aliás, no quintal de minha casa em Luanda, existia uma, alta e frondosa.

Chegado a Araxá, sou recebido pelos meus familiares com carinho particular. Tendo estado com eles cerca de uma semana, redescobri o espírito da vida em família, há muito perdido no meu mundo.
A cidade de Araxá, apresenta-se como uma cidade provinciana, pacata, onde as pessoas ainda deixam as portas de casa abertas, na certeza de que, quem entra é pessoa de bem.
A região é marcada por recursos minerais importantes, sobretudo de nióbio, minério pouco conhecido, do qual o Brasil tem hoje mais de 90% do mercado mundial.
A estada em Araxá foi passada em família, e juntos passeámos pela região: em Uberaba, cidade maior que Araxá, fomos visitar uma feira de gado bovino, caprino e ovino, exemplo da força da criação de gado nesta região do Brasil.
Próximo de Uberaba, em Peirópolis, visitámos um museu dedicado a dinossáurios, instalado numa antiga estação ferroviária. No exterior desta, vi os meus primeiros tucanos em liberdade, assim como papagaios e beija-flores, para além de outras aves para mim desconhecidas.
Em direcção ao estado de São Paulo, visitámos a albufeira de uma barragem, cujo rio faz de fronteira entre os dois estados. Pelo caminho estivemos numa gruta a céu aberto (Gruta dos Palhares), interessante.

Deixo a família para viajar até ao Rio de Janeiro, onde me esperam vários amigos(as). Finalmente, vou conhecer a cidade maravilhosa!

Ao chegar ao Rio, completo o primeiro mês de peregrinação pelo mundo. Estou satisfeito, e sinto-me bem.

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