REGRESSO AO BRASIL,
OS PRIMEIROS SETE MESES DE VIAGEM, E O QUE VIRÁ A SEGUIR
Ao fim de seis meses a viajar pela América Latina, estou de regresso ao Brasil, para reencontrar os meus familiares e amigos que cá residem, e a minha mãe, que aqui se encontra temporariamente.
Na primeira semana passada no Brasil, em Araxá, no estado de Minas Gerais, a chuva foi abundante e constante. Segundo as notícias, tem-se registado um excesso de pluviosidade, sobretudo no estado de Minas Gerais e no vizinho Espírito Santo.
À parte os inconvenientes naturais deste tempo húmido, aproveito para conviver com a família, descansar e planear melhor as próximas etapas da minha viagem pelo mundo.
O Natal foi passado em casa de familiares que residem nos arredores da capital de Minas Gerais, Belo Horizonte.
Entre adultos e crianças, com estas excitadas pela perspectiva dos presentes, pudemos recordar momentos passados em África, em Angola, de onde partimos há mais de trinta anos atrás.
Naturalmente, também relatei experiências vividas nos últimos meses, nos oito países visitados na América Latina.
Gastronomicamente, apreciámos bacalhau, leitão e caldeirada de cabrito (esta última uma tradição angolana).
Logo após o Natal, parti para São Paulo, de autocarro (cerca de oito horas de viagem), para lá ficar por breves dias, cedendo finalmente à tentação de visitar a maior cidade do Brasil, e uma das maiores metrópoles do planeta.
A chegada a São Paulo revela aquilo que esperava: uma enorme área urbana, cuja periferia é ocupada por bairros degradados, pobres, que coexistem com muitos "motéis", uma instituição brasileira que identifica estabelecimentos hoteleiros que servem exclusivamente para acolher pessoas que pretendem um lugar onde praticar sexo, normalmente com ambientes fantasiosos, e nomes a condizer.
Ainda ao entrar em São Paulo, o autocarro passa por um acidente automóvel com vítimas mortais, prenúncio de lugar de risco.
Por sugestão do Alexandre, amigo paulista residente em Portugal, fico alojado num apartamento no Bairro Vila Madalena. Este bairro, onde o Alexandre viveu antes de partir para Portugal, é uma área residencial aprazível, com uma boa oferta de comércio e restauração. Nesta área, refiro o Bar/Restaurante Bossa Nueva, localizado nas imediações do edifício onde me hospedo. Com um ambiente descontraído, oferece boa comida e bebidas, e música ao vivo, com excelentes músicos, privilegiando o estilo bossa nova, fazendo jus ao nome da casa.
Neste local reencontro outros amigos paulistas, a Ida e o João, meus vizinhos em Portugal, com os quais passo um serão agradável. A Ida, que passa mais tempo em São Paulo que em Portugal, diz-me que tem saudades das terras lusas.
Voltando ao Alexandre, que também está de momento em São Paulo, para passar férias e as Festas da época, pelo que temos encontro marcado, o que se torna fácil, já que somos vizinhos por alguns dias. Com ele e com os meus primos Paula e Paulo de Araxá, que também aqui se encontram por alguns dias, tenho a oportunidade de conhecer um pouco desta grande metrópole.
A minha primeira escolha é o Museu da Língua Portuguesa
( http://www.museudalinguaportuguesa.org.br/ ) inaugurado já em 2006, localizado numa parte do edifício da estação ferroviária da Luz, na área central de São Paulo.
Para lá chegar, caminhamos pelas ruas que circundam o Mercado Municipal, que fervilham de pessoas em correrias características das grandes metrópoles.
Esta área é conhecida pela grande oferta comercial, tanto de lojas como de vendedores ambulantes.
Para além da vida comercial, destaca-se a degradação urbana, não apenas nos edifícios, mas também no que respeita à limpeza dos espaços públicos, que deixa muito a desejar. Os dois locais atrás referidos são excepções ao estado de abandono desta área da cidade.
O Museu da Língua Portuguesa, com uma grande afluência de público no dia em que o visitámos, talvez por estarmos num período de férias escolares e familiares, revelou-se bastante interessante pelo conteúdo, mas uma decepção pela fraca organização dos serviços de apoio.
Quanto ao Mercado Municipal, grande e cuidado, nele se encontra uma enorme variedade de produtos alimentares, onde não faltava o bacalhau seco, anunciado como sendo do Porto. No entanto, o destaque vai para as frutas do Brasil e doutras regiões do mundo (nesta época, sobressaiam as cerejas do Chile).
Para além dos locais de venda de produtos alimentares frescos, existe no mercado uma quantidade de restaurantes que oferecem comidas de "boteco", termo que no Brasil identifica os bares, ou tascas, que são uma atracção local.
Num outro passeio, visito o Instituto Butantan, entidade especializada na produção de antídotos para venenos de répteis, para além de algumas vacinas.
Para além da vertente técnica, o Instituto Butantan, localizado numa área ampla com muita vegetação, oferece ao público uma excelente mostra de répteis vivos, assim como informações acerca das actividades científicas do instituto.
Neste período passado no Brasil, pude apreciar uma faceta pouco conhecida da música brasileira, fora do Brasil. Refiro-me à música sertaneja, extremamente popular, sobretudo em regiões rurais do Brasil.
Em três ocasiões presenciei festas nas quais predominou este género musical, e a forma entusiasmada como as pessoas vibram com ele.
Quanto ao estilo de dançar, digamos que não é dos mais elegantes, se comparado com outros.
Mas, o que mais despertou a minha curiosidade foi o facto de maioritariamente os intérpretes mais populares de música sertaneja serem pares, normalmente masculinos. Quanto a nomes, há para todos os gostos mas, quase sempre reflectem o perfil do público fiel a este género musical. Aqui ficam alguns exemplos: Tonico & Tinoco, Chitãozinho & Xororó, Milionário & José Rico,
Caju & Castanha e Rosa & Rosinha (esta última é também uma dupla masculina, que se apresenta sempre vestida de cor-de-rosa).
Em jeito de balanço do que vivi nos últimos sete meses, e perspectivando o futuro: nesta altura, sinto-me simultaneamente cheio de memórias de grandes experiências vividas neste período, e saturado de andar com a bagagem que transporto atrás de mim. Mas, como não existe uma situação ideal, dou-me por muito satisfeito pela opção de vida que elegi, pretendendo continuar a percorrer o mundo, embora de forma mais selectiva que até agora.
Assim, prevejo para os próximos meses o seguinte: antes do final de 2006, deixarei o Brasil, partindo para os EUA. Neste país, apenas tenciono visitar amigos que residem no estado da Florida, após o que deverei viajar para a Califórnia, provavelmente para São Francisco, para de lá partir, finalmente, para o país que mais desejo visitar, a Nova Zelândia.
Depois de tanto tempo de preparação e viagem, confesso estar ansioso por chegar ao país da "longa nuvem branca", designação dada pelos Maori ao país onde chegaram antes dos europeus.
Se chegar à Nova Zelândia antes de Fevereiro, talvez por lá fique até Abril, o que me deixa pouco mais de um mês para concluir a volta ao mundo, antes de expirar o prazo de um ano, regressando a Portugal.
De facto, como disponho dum título de transporte, já pago, que me permite regressar a Portugal até ao início de Junho de 2007, é isso que penso fazer, mesmo que entretanto decida mudar o rumo da minha vida.
Se assim for, depois da estada na Nova Zelândia, vou apenas fazer uma breve visita à Austrália, e à África do Sul, ambas para rever amigos residentes nestes países.
A experiência de viver em viagem permanente é diferente de tudo o que tinha vivido até agora.
Ao longo deste período, conheci outros viajantes de longo curso que têm também percorrido o mundo, para melhor o conhecerem ou, para melhor se conhecerem a si próprios.
Um destes casos, o casal australiano Tara e Joshua, que conheci há cerca de sete meses, no início da minha viagem, em Atins, no litoral do Maranhão, Brasil, finalizou há poucas semanas a sua memorável peregrinação pelo mundo. Esta, durou aproximadamente um ano e meio.
Como dizia o Joshua numa mensagem recente, ainda demorará algum tempo até se readaptarem a uma vida sedentária.
P.S. – Desde a estada no Panamá que não publiquei mais selecções de fotografias dos países visitados posteriormente.
Tal deve-se ao facto de ter esgotado a capacidade do serviço utilizado até então, PICASA.
Nesta altura, estou a avaliar alternativas para poder partilhar convosco as minhas memórias visuais da viagem. Em breve, espero poder resolver esta situação.
06 janeiro 2007
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
5 comentários:
Ola Fernando.
Bom Ano Novo são os votos dos teus amigos Elisa e Antonio.
ola fernando
estou encantada com a tua viagem
desejo um bom ano de 2007
felicidades!!! beijinhos da
Graciosa
Fernando!
Como o tempo passa!
BOM 2007!
Zé Manuel
Olá Fernando
Desejo-te um optimo 2007 e que o Mundo te continue chamando.
Quanto ao Picasa, porqu não crias outro user e outra password e assim jà poderás aumentar a capacidade.
Em breve te mandarei, mais dois sites, onde poderás tentar arquivar as tuas fotos.
Fica bem por esses lados, diverte-te e vai dando noticias, pois este ano, não sabemos nada de ti.
Um abraço
Xico
Hola Fernando,
no se si te escribo mejor en Espanol o en Ingles, pero mi hermana y yo queremos desearte lo mejor para el 2007. Tu blog esta verdaderamente estupendo. Las fotografias estan muy bonitos. Muy buen viaje.
Ciao, Eryn y Ylian de Holanda
Enviar um comentário